T. S. Elliot & Beethoven
[Facebook, 9 de Julho de 2013]
Foi pelos meus dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade. Aluno de Teoria da Literatura a cargo de Joaquim Fernandes Tomás Monteiro Grilo (poeta Tomaz Kim), por ele fui iniciado em T. S. Elliot, nomeadamente, em “The Four Quartets”, indubitavelmente, uma das peças mais geniais alguma vez escrita, longa reflexão acerca do Tempo, estruturada à volta das quatro estações e dos quatro elementos.
Há poucos minutos, relendo poemas de Luís Filipe Castro Mendes – diplomata formidável poeta, que tive o gosto de conhecer pessoalmente num círculo de amigos e colegas, entre os quais Margarida Lages, sua mulher e o saudoso Eduardo Prado Coelho – in “Outras Canções”, voltei a deparar com um título ‘Every Poem is na Epitaph’, precisamente extraído de ‘Little Gidding’, última parte da referida obra de Elliot.
Deixem que vos cite:
“(…)And every phrase
And sentence that is right (where every word is at home
Taking its place to support the others
The word neither diffident nor ostentatious
An easy commerce of the old and the new
The common word exact without vulgarity
The formal word precise but not pedantic
The complete consort dancing together)
Every phrase and every sentence is an end and a beginning
Every poem an epitaph. And any action
Is a step to the block, to the fire, down the sea's throat
Or to an illegible stone: and that is where we start
We die with the dying:
See, they depart, and we go with them
We are born with the dead:
See, they return, and bring us with them
The moment of the rose and the moment of the yew-tree
Are of equal duration. A people without history
Is not redeemed from time, for history is a pattern
Of timeless moments (…)”
Em 1931, depois de escutar uma gravação do “Quarteto para Cordas em Lá menor, op. 132” de Beethoven, Elliot escreveu uma carta a um amigo, o poeta Stephen Spender, em que considerava esta peça do compositor “quite inexhaustible to study.” É o único dos últimos quartetos de Beethoven que tem a estrutura de cinco andamentos do poema. Elliot continuava: “There is a sort of heavenly, or at least more than human, gaiety about some of his later things which one imagines might come to oneself as the fruits of reconciliation and relief after immense suffering; I should like to get something of that into verse before I die.”
Quem duvida de que tenha conseguido? Naturalmente, só poderia rematar com o op. 132 de Beethoven que, para vosso gaudio, vos apresento numa interpreatação fabulosa do Végh Quartet, com Sándor Végh, primeiro violino, Sándor Zöldy, segundo violino, Georges Janzer, viola e Paul Szabo, violoncelo. Coloco esta leitura perfeitamente ao nível da do Quarteto Borodin.
Eis a estrutura da obra, com indicação dos tempos na mudança de andamento:
Assai sostenuto — Allegro
II. Allegro ma non tanto (08:53)
III. "Heiliger Dankgesang eines Genesenen (17:45)
an die Gottheit, in der lydischen Tonart"
(A Convalescent's Holy Song of
Thanksgiving to the Divinity, in the Lydian Mode).
Molto adagio — Neue Kraft fühlend. Andante —
Molto adagio — Andante--Molto adagio.
Mit innigster Empfindung
IV. Alla Marcia, assai vivace (attacca) (32:14)
V. Allegro appassionato - Presto (34:32)
Boa audição!
http://youtu.be/NjXi4mwCGhc
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