[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 5 de agosto de 2013


 
Francisco,
eleições locais e farsantes
 
 
“(…) A única maneira de uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira de fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro. Uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar e todos podem receber em troca. Hoje, ou se aposta na cultura do diálogo e na cultura do encontro, ou todos perdemos. Todos perdemos. (…)

O futuro exige hoje a capacidade de reabilitar a política. Reabilitar a política que é uma das formas mais altas da caridade. O futuro nos exige também uma visão humanista da economia e uma política que leve, cada vez mais e melhor, à participação das pessoas, evite o elitismo e erradique a pobreza. (…)”

[Papa Francisco, excertos das suas palavras durante a recente deslocação ao Brasil]



Nas redes sociais, perante a novidade, a exuberância e a lucidez, que, a um tempo, se configuram na humildade do discurso do Papa Francisco, não há quem consiga furtar-se à citação de mais ou menos longas passagens das suas palavras, proferidas nos mais diferentes enquadramentos, quer, por exemplo, nas recepções gerais das quartas-feiras quer no contexto das suas deslocações.

Assim por todo o lado e, naturalmente, também em Sintra. Vários têm sido os casos de pessoas que, francamente, não previa subscrevessem tal atitude, apontando, sublinhando, enaltecendo essa evidente componente do magistério do Pontífice, especialmente, a necessidade do entendimento através do encontro e do diálogo.

O pior é que, não reparando na inconsistência e incoerência da sua atitude, as mesmas pessoas, denodadamente empenhadas na pré-campanha eleitoral autárquica, não hesitam em acicatar as suas hostes com invectivas assanhadas contra os adversários, nada preocupados, portanto, com a possibilidade do ‘encontro’ ou com a virtude do ‘diálogo’…

Nem me dou ao trabalho de citar este ou aquele caso, tão copiosa é a quantidade de exemplos. Tão a propósito que a coincidência não podia ser mais flagrante, hoje de manhã, deparei com uma decisão de Paulo Parracho, candidato à Presidência da Junta de Freguesia de Sintra, no sentido de desafectar da condição de «amigo» do facebook

“(…)aqueles que não mostrarem respeito por mim ou que subscreverem e apoiarem calúnias, mentiras e difamações como as que hoje por aqui apareceram. Tenho aqui amigos de todos os credos, raças, religiões e clubes, com quem sempre me relacionei (e quero continuar a relacionar) da melhor forma. Contudo, não posso pactuar com atentados à minha idoneidade. (…)”

Pois é. Os mesmos que saúdam Francisco pela maravilha da sua palavra, logo atentam contra a idoneidade de alguém que pretende colocar-se ao serviço dos seus concidadãos num posto que os seus correligionários também ambicionam conquistar…

Então, para quê a hipocrisia? Não me digam que pretenderão cativar alguns católicos menos atentos a atitudes que, nem sequer são de fariseus mas, isso sim, de farsantes que afivelam a máscara mais adequada à função…

Caridade nada tem a ver com desatenção ou ingenuidade.



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