Helena de Sá e Costa,
cem anos
Passa hoje o centenário do nascimento de Helena de Sá e Costa que, sem qualquer margem para erro ou dúvida, cumpre considerar a como a grande pianista portuguesa do século vinte. De facto, depois de mais de meio século a assistir a concertos e recitais dos grandes pianistas de reputação mundial, tendo tido o privilégio de a ouvir tantas vezes, não hesito nestes encómios tão adequados e justos.
No entanto, não foi apenas a nível nacional que se posicionou como figura de referência absoluta. Na pianística internacional, Helena de Sá e Costa foi reconhecida como destacada intérprete de J. S. Bach, com especialíssima audiência nos Estados Unidos, onde a sua faceta de pedagoga se concretizou com especial brilho tanto na Universidade de Harvard como no famoso MIT.
Devido à minha muito forte ligação a Salzburg e ao Mozarteum, posso dar testemunho da estupenda memória que, ainda hoje, passadas décadas, se conserva da presença de Helena de Sá e Costa como professora dos Cursos de Verão da Universidade do Mozarteum. Se querem saber, quando me identificam como português, não raro, logo vem uma referência a Sá e Costa.
Ao pretender comemorar tão grata efeméride, resolvi consultar o arquivo do meu blogue www.sintradoavessoblogspot.com onde lembrava perfeitamente já ter escrito algumas notas sobre a pianista. Entre outras, apareceu-me uma que não resisto transcrever ainda que, só muito ‘en passant’, refira Dona Helena. Como verificarão, a figura de realce é bem outra e pelas piores razões. Vale a pena ler, ou reler, não pelo mérito do escrito mas pelo despautério objecto do relato. Datada de 14 de Fevereiro de 2008, eis a peça:
……………………………………………………………………………
“Lembrete
Ainda se lembram de que, até há poucos dias, aparentemente de pedra e cal, assegurava a pasta da Cultura do actual Governo, uma senhora de sobrenome Pires de Lima, vinda do Porto, para nos tratar dos problemas de um sector cujo peso no Orçamento Geral do Estado não chega a atingir 1% do PIB?
Pois, provavelmente terão uma pálida ideia de quem seja ou, então, já se esqueceram. Na realidade, salvo raríssimas excepções, sejam quais forem as consequências das suas atitudes, durante a passagem pelos lugares da decisão política, os governantes têm um poder tão fugaz e efémero que, mal se afastam, estão condenados ao imediato esquecimento.
No entanto, pelo menos no meu caso, esta senhora Pires de Lima - que nunca deveria ter saído do anónimo lugar onde agora terá regressado, para seu e nosso sossego – vai perdurar no meu arquivo da memória por mais uns tempos. A partir deste momento, e, por esta via, venho acicatar-lhes as desagradáveis lembranças de uma ministerial actuação que, na generalidade dos casos, foi de lesa cultura. Tenham paciência, mas estes desgostos devem ser partilhados já que todos fomos alvo do desconcerto…
Assim, de repente, mesmo sem consultar apontamentos, ocorrem-me os seguintes casos de controversos afastamentos de responsáveis que estavam dando excelente conta do recado que era a sua incumbência: António Lagarto, Director do Teatro Nacional D. Maria II; Paolo Pinamonte, Director do Teatro Nacional de São Carlos; Dalila Rodrigues, Directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
Depois de tais afastamentos e subsequentes substituições, em nenhum dos casos, melhorou a situação. Pelo contrário. O que se passa actualmente no São Carlos é o absoluto descalabro com uma temporada que já está a dar que falar pelas piores razões. No entanto, se bem se lembram, também foi esta senhora Pires de Lima que, no golpe mais incompetente da sua desastrada actuação, acabou com a Festa da Música, acolitada por um Mega Ferreira, sempre à mão para salvar seja que situação for…
Entre muitas outras, lembraria apenas mais três polémicas, às quais deixa ligado o nome. Trata-se das ausências da ministerial figura das homenagens a Miguel Torga e a José Saramago e do funeral de Maria Helena de Sá e Costa, talvez a mais insigne pianista portuguesa de todos os tempos. Isto é o que me ocorre, repito, sem consultar papéis. Em tão pouco tempo de governação(!?!) é obra!
Torga, Saramago, Helena de Sá e Costa serão nomes perenes para a História das Letras, da Música, da Arte deste país. Da tal senhora Pires de Lima, que o Primeiro Ministro quis ter ao lado na pasta da Cultura - dando prova de um altamente questionável critério de escolha - talvez a história, com agá pequeno, possa vir a registar uma linha, mas sempre pelas piores razões.
PS:
Mesmo assim, convém não esquecer…”
...............................................................................
Do Concerto para Piano e Cordas de Armado José Fernandes, eis o terceiro andamento, 'Calmo con intima espressione', numa interpretação de Helena de Sá e Costa.
Ouvir, ouvir, repetir…
http://youtu.be/dkaECDq9ZLk
cem anos
Passa hoje o centenário do nascimento de Helena de Sá e Costa que, sem qualquer margem para erro ou dúvida, cumpre considerar a como a grande pianista portuguesa do século vinte. De facto, depois de mais de meio século a assistir a concertos e recitais dos grandes pianistas de reputação mundial, tendo tido o privilégio de a ouvir tantas vezes, não hesito nestes encómios tão adequados e justos.
No entanto, não foi apenas a nível nacional que se posicionou como figura de referência absoluta. Na pianística internacional, Helena de Sá e Costa foi reconhecida como destacada intérprete de J. S. Bach, com especialíssima audiência nos Estados Unidos, onde a sua faceta de pedagoga se concretizou com especial brilho tanto na Universidade de Harvard como no famoso MIT.
Devido à minha muito forte ligação a Salzburg e ao Mozarteum, posso dar testemunho da estupenda memória que, ainda hoje, passadas décadas, se conserva da presença de Helena de Sá e Costa como professora dos Cursos de Verão da Universidade do Mozarteum. Se querem saber, quando me identificam como português, não raro, logo vem uma referência a Sá e Costa.
Ao pretender comemorar tão grata efeméride, resolvi consultar o arquivo do meu blogue www.sintradoavessoblogspot.com onde lembrava perfeitamente já ter escrito algumas notas sobre a pianista. Entre outras, apareceu-me uma que não resisto transcrever ainda que, só muito ‘en passant’, refira Dona Helena. Como verificarão, a figura de realce é bem outra e pelas piores razões. Vale a pena ler, ou reler, não pelo mérito do escrito mas pelo despautério objecto do relato. Datada de 14 de Fevereiro de 2008, eis a peça:
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“Lembrete
Ainda se lembram de que, até há poucos dias, aparentemente de pedra e cal, assegurava a pasta da Cultura do actual Governo, uma senhora de sobrenome Pires de Lima, vinda do Porto, para nos tratar dos problemas de um sector cujo peso no Orçamento Geral do Estado não chega a atingir 1% do PIB?
Pois, provavelmente terão uma pálida ideia de quem seja ou, então, já se esqueceram. Na realidade, salvo raríssimas excepções, sejam quais forem as consequências das suas atitudes, durante a passagem pelos lugares da decisão política, os governantes têm um poder tão fugaz e efémero que, mal se afastam, estão condenados ao imediato esquecimento.
No entanto, pelo menos no meu caso, esta senhora Pires de Lima - que nunca deveria ter saído do anónimo lugar onde agora terá regressado, para seu e nosso sossego – vai perdurar no meu arquivo da memória por mais uns tempos. A partir deste momento, e, por esta via, venho acicatar-lhes as desagradáveis lembranças de uma ministerial actuação que, na generalidade dos casos, foi de lesa cultura. Tenham paciência, mas estes desgostos devem ser partilhados já que todos fomos alvo do desconcerto…
Assim, de repente, mesmo sem consultar apontamentos, ocorrem-me os seguintes casos de controversos afastamentos de responsáveis que estavam dando excelente conta do recado que era a sua incumbência: António Lagarto, Director do Teatro Nacional D. Maria II; Paolo Pinamonte, Director do Teatro Nacional de São Carlos; Dalila Rodrigues, Directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
Depois de tais afastamentos e subsequentes substituições, em nenhum dos casos, melhorou a situação. Pelo contrário. O que se passa actualmente no São Carlos é o absoluto descalabro com uma temporada que já está a dar que falar pelas piores razões. No entanto, se bem se lembram, também foi esta senhora Pires de Lima que, no golpe mais incompetente da sua desastrada actuação, acabou com a Festa da Música, acolitada por um Mega Ferreira, sempre à mão para salvar seja que situação for…
Entre muitas outras, lembraria apenas mais três polémicas, às quais deixa ligado o nome. Trata-se das ausências da ministerial figura das homenagens a Miguel Torga e a José Saramago e do funeral de Maria Helena de Sá e Costa, talvez a mais insigne pianista portuguesa de todos os tempos. Isto é o que me ocorre, repito, sem consultar papéis. Em tão pouco tempo de governação(!?!) é obra!
Torga, Saramago, Helena de Sá e Costa serão nomes perenes para a História das Letras, da Música, da Arte deste país. Da tal senhora Pires de Lima, que o Primeiro Ministro quis ter ao lado na pasta da Cultura - dando prova de um altamente questionável critério de escolha - talvez a história, com agá pequeno, possa vir a registar uma linha, mas sempre pelas piores razões.
PS:
Mesmo assim, convém não esquecer…”
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Do Concerto para Piano e Cordas de Armado José Fernandes, eis o terceiro andamento, 'Calmo con intima espressione', numa interpretação de Helena de Sá e Costa.
Ouvir, ouvir, repetir…
http://youtu.be/dkaECDq9ZLk
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