[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 24 de agosto de 2013


Richard Wagner,
doutas opiniões


Devo a partilha deste texto ao sempre tão atento Prof José Luis Carneiro de Moura, a quem muito agradeço, desde logo assinalando que aqueles críticos só podiam privilegiar, quase
invariavelmente, momentos da história da interpretação wagneriana doutras eras porque, salvo raríssimas excepções, de facto, actualmente, como não me tenho cansado de assinalar, os palcos das grande casas de ópera são pisados por epifenómenos wagnerianos.

Aqueles senhores manifestaram-se sobre gravações, é um facto. Fizeram-no, no entanto, confirmando eventos musicais que o público dos teatros de ópera teve oportunidade de presenciar também ao vivo. E, neste caso, não posso deixar de referir o meu caso pessoal. Como, há cinquenta anos, tenho visto belíssima ópera de Wagner em Lisboa, muito mais em Bayreuth, em Salzburg, e menos noutras salas doutras latitudes, naturalmente, assisti a alguns eventos, coincidentes com a opinião dos críticos, que também foram gravados, ao vivo ou em estúdio.

Como soe dizer-se, tais momentos «já cá cantam», são irrepetíveis, fazem parte de um património pessoal do qual, ao contrário do que hoje acontece, com tanta gente, nem sequer possuo uma fotografia. Como memória concreta, apenas guardo, religiosamente, os programas desses eventos. Não preciso de mais e, muito menos, de provar seja o que for, a quem quer que seja.

Quanto às gravações - uma boa quantidade coincidente com a opinião das pessoas que fizeram a avaliação que o 'New York Times' divulgou - também as guardo religiosamente, muitas compradas pelo meu avô, outras pelo meu pai, em 78 e 33 rpm, deles herdadas como preciosidades, autênticas relíquias.

Tudo isto tem a ver com melomania wagneriana, que outra coisa é, muito ultrapassando estes palpáveis testemunhos dos programas, dos discos ou das fotografias, para incorrer em certas vias que mais têm a ver com uma súbtil forma de «religião», na medida em que re-liga o prosélito, o adepto, aos outros que comungam a mesma condição, em função de um demiurgo absolutamente incomparável em toda a História da Música. É acerca disso que tenho tentado pronunciar-me, sempre que a oportunidade se oferece, nestas e noutras páginas, virtuais ou em papel bem concreto.

 

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