[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 20 de julho de 2014





Sintra,
Festival de Sintra,
quarenta e nove, cinquenta!!!
 
 
[Transcrição do artigo publicado na edição do 'Jornal de Sintra' de 18 de Julho de 2014]
 

Subordinado ao título Noite em São Petersburgo que, por sua vez, se enquadrou numa programação que teve como linha de força A Universalidade do Romantismo, terminou no passado dia 11, em Queluz, a quadragésima nona edição do festival de Sintra.

De
tal ordem foi o gabarito deste serão que não poderei deixar de lhe dispensar dois pequenos parágrafos de referências muito genéricas. E, fundamentalmente, para confirmar o actual alto momento das carreiras de Elisabete Matos e de Sergei Leiferkus cujas vozes, preciso é ter em consideração, são de absoluta referência mundial.

Acompanhados por Artur Pizarro, que é só o maior pianista português da actualidade, fizeram um programa totalmente afecto a exigentes peças de Tchaikovky e Sergei Rachmaninov. Foi tal a expressividade dispensada à interpretação das obras, que o público - infelizmente sem acesso a uma tradução para Português dos poemas russos sobre os quais trabalharam os referidos compositores - até conseguiu partilhar o geral entendimento tão somente sugerido pelos títulos.

Grande entusiasmo, geral satisfação, os correspondentes e calorosos aplausos foram notas salientes que, naturalmente, se inscrevem no imenso rol de notáveis momentos da já longa história do Festival de Sintra. E, a propósito da sua história, posso dar-vos conta de que está em curso a avaliação da edição finda e de que já se prepara a próxima.

À meia centena é mais caro…

O número redondo da quinquagésima edição -– edição que não coincide com meio século devido a uma interrupção de oito anos – para concretização da qual não faltam as mais motivadoras efemérides musicais que, inevitavelmente, suscitarão programas adequados ao perfil dos vários períodos do Romantismo.

O 'Cinquenta' já determinou ao Presidente da Câmara o público compromisso de que haverá meios especiais e verbas adequadas à celebração da efeméride, em termos tão esperançosos, que não se coibiu de usar a hipérbole de uma programação digna de Salzburg, matéria que já tive oportunidade de desenvolver em anterior artigo.

De acordo com o que foi oportunamente divulgado, já sabemos que, no próximo ano, o Festival distinguirá a figura tutelar da Senhora Marquesa de Cadaval com especiais atitudes programáticas. Será de prever, por exemplo, que se faça um particular esforço em trazer até Sintra grandes figuras da actual pianística mundial, algumas das quais galácticas que, na juventude e início das respectivas carreiras, beneficiaram daquele mecenato.

Julgo que, igualmente, será altura de convocar pianistas portugueses intimamente relacionados não só com a génese mas também subsequente história do Festival, programando recitais e concertos, juntando-os em mesas redondas, conferências e atitudes análogas. Por outro lado, obedecendo a linhas de intervenção que eram caras à Senhora Marquesa, propiciar nos programas a integração de bandas de música, pensar na motivação do público jovem e na sua conquista para iniciativas informais, etc.

Como aconteceu há dez anos, veria com muito interesse a possibilidade de promover uma grande Conferência de Abertura, a proferir por uma conhecida figura da Cultura Portuguesa, tratando um assunto relacionado com o mundo da Música gerador da maior adesão de público indiferenciado. Natural será que, de maior fôlego ou como opúsculos, surjam obras sobre a História do Festival de Sintra. Por outro lado, assim esperamos, deverão ter lugar uma boa exposição documental, um ciclo de conferências, a disponibilização de materiais afins das vertentes áudio e audiovisual para consulta e venda, um ciclo de cinema, etc.

Belíssimos sinais

Sei que o Vice-Presidente da Câmara está a coordenar uma equipa de colaboradores que, em íntima articulação com o actual Director Artístico Prof. Adriano Jordão, prepara a programação da edição cinquenta. E tudo isto de tal modo que, em Setembro, possa ser submetido à consideração das grandes empresas portuguesas com capacidade de patrocínios substancialmente significativos.

Desse modo, tal como Rui Pereira pretende, será previsível garantir a operacionalidade de importantíssimos factores como publicidade nos melhores media, a divulgação da iniciativa e o envio dos programas para o circuito internacional dos promotores de viagens de turismo com o propósito de poderem incluí-los nos seus pacotes de oferta dos circuitos.

Finalmente, cumpre-me chamar a atenção para um detalhe importantíssimo. Se tudo correr tão bem como parece poder vir a acontecer, a fasquia voltará a ser erguida ao nível dos melhores pergaminhos do Festival de Sintra. Ora bem, tal significa que, posteriormente, já não poderá haver concessões a qualquer baixa de nível.

[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]

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