[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 8 de agosto de 2014



Bartolomeu Cid dos Santos,
mais uma vez e sempre


Confiando na vossa perspicácia sobre as causas de tal necessidade, a verdade é que, de vez em quando, preciso mesmo de ir a Cascais. Ontem, um desses abençoados dias. Entre outros motivos de regozijo, umas horas na ‘Casa das Historias - Paula Rego’ onde, além da exposição permanente que, como é sabido, vai sendo renovada, está em curso uma temporária com peças de Victor
Willing, Eduardo Batarda e Bartolomeu Cid dos Santos.

Apenas brevíssima referência à pequena série de gravuras ali expostas, concebidas por Barto nos anos sessenta. Incorporam referências literárias e históricas que, mais ou menos explícita e implicitamente, articulam com um passado desmitificado, através de visão desencantada da História de Portugal, também crítica à época que então se vivia. Barcas vemos. Reminiscências vicentinas? Doidos numa barca sem destino? Provavelmente, naves de loucos de uma comunidade à deriva…

Bartolomeu, querido amigo! Que saudade! Em Sintra, sonhámos nós uma ou outra louca fantasia. Como, por exemplo, contribuir para a dignificação da Heliodoro Salgado, infeliz e desqualificada artéria pedonal, que ele baptizou como «o sarcófago»! Na nossa «pancada» de 2004, quando, numa jornada de reflexão no Palácio Valenças, nos metemos a «pensar a Estefânea», sonhámos o eléctrico atravessando a Heliodoro Salgado, a caminho da estação da CP e da Vila Velha…

Depois da morte do meu amigo, sozinho, desguarnecido, sem a sua boa loucura de menino grande e belo como a estrela da manhã, a vida continuou e um sonho, outro, a insinuar-se. Que bom seria, ter em Sintra a sua obra! Como tornar o sonho realidade? Como ser digno de tal ambição?

Sei que Rui Pereira, Vice-Presidente e também Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Sintra, continua a negociar a possibilidade de instalação da Colecção Bartolomeu Cid dos Santos no Casino de Sintra, aliás, como estava previsto. Conhecendo o excepcional valor do espólio em questão e, portanto, a mais-valia que poderia constituir para Sintra, estou na maior expectativa quanto ao resultado das difíceis negociações uma vez que que o clausulado do Protocolo, oportunamente assinado, teve de ser reapreciado.

Aguardemos. Tenho uma esperança enorme no bom sucesso do projecto. Apenas um sonho cuja concretização Sintra merece.
 
 

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