[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 28 de setembro de 2014



Odeceixe [VII]


Falemos, então, do tempo que tem feito. Bem, o mínimo que posso dizer é que, para trás, nos ficam dias irrepetíveis. Depois de Julho e Agosto algo desassossegados, estas semanas de Setembro confirmam até que ponto temos razão. Em Odeceixe, o fim do Verão e começo do Outono trazem amenidade incomparável, edénica.

Se bem se lembram, foi na passada segunda-feira que aconteceram aquelas cheias monumentais em Lisboa. Outras, mais ou menos aparatosas, mantiveram todo... o país num reboliço. Por aqui, nada. Porém, no dia seguinte, a ribeira de Ceixe veio desaguar toneladas de barro que escorreram das encostas, quilómetros a montante.

Água barrenta, castanho-alaranjada, ia chegando, recusando-se o oceano a diluí-la de imediato. Foram precisos dois dias para que, à nossa direita, na zona da foz, as vazantes recuperassem a limpidez de sempre, enquanto a frente-praia se manteve sempre absolutamente imaculada.

Hoje, finalmente, os meteorologistas acertaram. Choveu. Mas só pela uma da tarde, depois de esplendorosa manhã. Abateu-se uma carga de água, acompanhada de tal trovoada, que não há palavras. Até às três, as bátegas não deram descanso. O espectáculo, à nossa volta, entrecortado por relâmpagos, logo seguidos de trovões, bem nos diziam como a origem próxima dos elementos em fúria resultava em tanta inclemência.

Agora, quatro da tarde, parece que nada aconteceu. Incrível! O Sol voltou. Ao longe, bem altas, uma ou outra nuvem nada ameaçam. Por ser sábado, há mais gente… Daqui, desta minha janela, abarcando tudo, percebo que não serão mais de vinte pessoas. Ninguém está do lado da ribeira. É hora de descer. O banho deve estar estupendo.

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