[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 5 de outubro de 2014



3 de Outubro, 19,00
Benjamin Britten, "War Requiem", op. 66

Coro Gulbenkian
Orquestra Gulbenkian
Coro Infantil da Academia de Santa Cecília
Tatiana Pavlovskaya, soprano
John Mark Ainsley, tenor
Hanno Müller-Brachmann, baixo

Maestro: Paul McCreesh


Datado de 1962, este "War ,Requiem", op. 66, tal como" Ein Deutsches Requiem" de Johannes Brahms, é uma obra não-litúrgica que, portanto, não segue o Ordinário da Missa de Defuntos. No suporte textual, poemas de Wilfred Owen servindo uma obra para as vozes solistas de soprano, tenor e barítono, coro, órgão e duas orquestras, uma das quais de câmara.

Benjamin Britten escreve este Requiem da Guerra, uma das obras coral-sinfónicas mais importantes do século vinte, para comemorar a reconstrução e a consagração da nova Catedral de Coventry, em substituição da que tinha sido arrasada por bombardeamentos. Para a estreia, além de Peter Pears e de Dietrich Fischer Dieskau, também estava prevista a presença do soprano Galina Vichnevskaia, mulher de Rostropovich, mas as autoridades russas não autorizaram a sua saída do país. De qualquer modo, a primeira gravação discográfica, para a etiquta Decca, já contou com a sua voz.
 
Para quem não consiga ou não possa assistir hoje na Gulbenkian, aqui tem uma gravação colhida, ao vivo, no concerto de encerramento do Festival Schleswig-Holstein, em 1992. A interpretação do Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio do Norte da Alemanha, sob direcção de Sir John Elliot Gardiner é, provavelmente, a melhor que conheço. Como verificarão, trata-se de uma sucessão de momentos inolvidáveis.

A guerra. Infelizmente, permanente. Ainda ontem, hoje mesmo. Tal como o nosso querido Padre António Vieira no-lo lembra no famosíssimo excerto do “Sermão Histórico e Panegírico nos Anos da Rainha D. Maria Francisca de Sabóia”:

“(...) É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro”.

Boa audição!

http://youtu.be/GHNgfF19CTY
 

Sem comentários: