[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014



Pedro Tamen,
Natal, nata do tempo


Deste soneto vos digo que ficará na História da Poesia Portuguesa como um dos mais belos poemas de Natal de todos os tempos. Se puderem, leiam "Memória Indescritível", o livro onde, além deste, outros desafios lindíssimos esperam a devassa.

Pedro Tamen, que formidável oficina, a sua. Que estupenda escola!
 
 
 
 
 
 
 
Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio


nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos


por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,


e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.



Pedro Tamen

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