[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014



Puxar pela memória


[12.12.2014]


Completemos a notícia do "Observador" que aqui partilhei. Todos quantos acompanhamos as temporadas líricas do Teatro Nacional de São Carlos há cinquenta e mais anos, bem sabemos como a qualidade da programação decaíu ao ponto de ferir as memórias e a dignidade de uma Casa que esteve entre os teatros mundiais de primeira categoria. De qualquer modo, pelo meio de tanta infelicidade, o «consulado» de Paolo Pinamonti à frente do TNSC constituiu, enquanto durou, uma permanente lufada de ar fresco.

No entanto, sem qualquer surpresa – pelo menos, para mim, que a conheço de outras lides –Isabel Pires de Lima, a péssima Ministra da Cultura do governo de José Sócrates entre 2005 e 2008, revelou a maior ignorância e boçalidade com a decisão de demitir PP, apesar daquele seu inequívoco e reconhecido crédito.

No mesmo contexto de lamentáveis serviços à Pátria, em geral, à Cultura e à música em particular, IPL também deixou o seu nome ligado ao «extermínio» da 'Festa da Música' no CCB que, posteriormente, foi substituída por uns designados 'Dias da Música', da pressurosa responsabilidade de António Mega Ferreira, muito longe do brilho da iniciativa precedente, cuja génese se deve a Miguel Lobo Antunes.

Hoje em dia, malgrado os prejuízos resultantes da sua incapacidade, ninguém se lembra da Pires de Lima. Hoje em dia, perante mais esta desconchavada notícia da demissão de PP, cumpre ter memória. Memória de factos menos e mais recentes. E, na análise crítica que se nos impõe, não deixar de concluir que a Opart, inusitado «chapéu administrativo» da Companhia Nacional de Bailado e do São Carlos, é solução muito deficiente e potenciada pela imposição a PP da companhia de figuras que, só aparentemente, são anódinas...

Como me dirijo a bons entendedores... Enfim, só precisam de puxar pela memória.
 
 
 
 
O comunicado da Secretaria de Estado da Cultura não explica os motivos que levaram à demissão. Incompatibilidades com o cargo de diretor que ocupa num teatro, em Madrid, podem ter motivado a decisão.
 
 

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