[sempre de acordo com a antiga ortografia]
sábado, 14 de fevereiro de 2015
2015, Salzburg II
[facebook, 22.01.2015]
Então não é, meus amigos, que acabo de perder um texto, que já ia nuns oito ou nove parágrafos, o qual, imprudentemente, como tantas vezes faço, estava a escrever directamente no mural do facebook? De repente, algo aconteceu que me trouxe uma página sobre as Camélias da Parques de Sintra e, pronto, tudo se sumiu. Desesperadamente, procurei «por todo o lado» mas nada.
Como estou muito bem disposto, não darei lugar a que se instale qualquer sombra na minha tarde. Tenho pena porque estava a sair bem e juro-vos, perfeitamente em sintonia convosco. Vamos lá ver o que, agora mais sinteticamente, poderei partilhar.
Fui à tal Mesa Redonda, que vos referi no meu escrito precedente, ’Salzburg I’, para assistir à apresentação da Cantata “Davide penitente”, KV. 469 de Mozart que, mais logo, pelas 19,30, sobe à cena. Não esqueçamos que já aconteceu a primeira iniciativa desta Mozartwoche 2015, ou seja, a Mesa Redonda, mas, para o primeiro evento musical, ainda faltam umas horas.
Nas últimas semanas, tenho aqui mencionado regularmente o nome Bartabas, Mestre Coreógrafo da Académie Équestre de Versailles. ‘Bartabas’, nome artístico, de tal modo substituiu «o original» que, praticamente, ninguém conhece o cidadão Clément Marty de sua graça, cujas opiniões vale a pena considerar já que se trata de um homem sui generis, dotado de relevante sensibilidade artística, que vive entre dois mundos fascinantes, o da Arte dos homens e o destes animais tão especialmente interessantes, propondo uma síntese que é uma Arte outra.
Lembrar-se-ão de que, há uns dias, vos falava acerca de ‘gesamtkunstwerk’, obra de arte total, a designação a que aspira esta proposta de “Davide penitente”. Para os wagnerianos, este é um termo muito afecto ao mestre de Bayreuth, na «sua» concepção de ópera. Música, teatro, canto, bailado, coreografia, arquitectura de cena, cenografia, etc, que, hoje em dia, também envolve meios áudio gravados, audiovisuais os mais diversos, sofisticadíssimos recursos de design gráfico, media computacionais etc, etc.
“Davide penitente” tem a particularidade de integrar esta vertente da Arte Equestre sublimada, em que os 12 cavalos que veremos em cena – tal como Bartabas sublinhou, num momento particularmente feliz do seu diálogo connosco (não éramos mais do que trinta pessoas) – funcionando como um espelho, nos devolvem a imagem fidedigna do modo como foram ensinados, sem ponta de agressividade, na ausência total de qualquer vestígio de residual violência. Se quiséssemos, até poderíamos generalizar, a todo o processo educativo!...
Vejam como já escrevi outros seis grossos parágrafos e ainda estou longe do que já tinha partilhado… Falar-vos-ei agora de Minkowski. Estava toda a gente à espera que chegasse a horas, e eu em particular – como sabem, através do já referido texto ‘Salzburg I’, ele próprio me pedira que estivesse uma meia hora antes, porque, uma vez acabada a Mesa Redonda, teria de sair imediatamente…
Pois, nem às 13,30, para falar comigo, nem às 14.00, hora de início dos trabalhos. Em desespero de causa, os meus amigos do Mozarteum encarregados da função, começaram a conversa com Bartabas. Tudo decorreria nos dois idiomas, em Francês e Alemão. Tenho direito a um pequeno parêntesis? Então, só para vos dizer que, cada vez mais, dou graças a Deus por dominar vários idiomas que, na realidade, me abriram diferentes portas para o mundo. E, naturalmente, gratidão a meus pais que, a exemplo do que era habitual, fomentaram esta prática desde muito cedo, na recuada infância.
Fecho já o parêntesis e, agora, também encerro o escrito porque, já passando das cinco e meia, tenho de me preparar, jantar e caminhar até à Felsenreitschule. Mas não desanimem. Logo terão o relato da minha conversa com Minkowski que, ficam já a saber, não poderia ter corrido melhor. Antecipadamente, peço desculpa por alguma falha já que não me sobra tempo para afinar a escrita.
(cont.)
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