[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 19 de abril de 2015

20 de Fevereiro de 2015 [facebook]


Efeméride mozartiana
Morte de José II


Faz hoje 225 anos que morreu José II (1741-1790), Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Rei da Boémia e da Hungria e Arquiduque da Áustria, primogénito da Imperatriz Maria Teresa e de Francisco I.

É com toda a propriedade que este evento se inclui nas efemérides mozartianas na medida em que, depois da morte da mãe, já em 1780, inicia o seu reinado, um ano antes de Mozart se estabelecer em Viena – após a ruptura com o Príncipe Arcebispo de Salzburg, Jerónimo Colloredo – mantendo-se como monarca até à morte, precisamente durante a década da actividade do compositor na capital.

Entre imensos episódios relativos às relações entre o compositor e o monarca, gostaria de destacar dois dos mais célebres desafios que José II lançou a Mozart, um em que o coloca em competição com Muzio Clementi, também compositor, intérprete e construtor de pianoforte, e o outro com Antonio Salieri.

Por diversas vezes me tenho referido às circunstâncias que enquadram tais acontecimentos, razão pela qual apenas sublinharei, quanto ao segundo aludido, um aspecto que reputo como absolutamente determinante, que tem a ver com a afirmação do Alemão como idioma oficial do Império, algo que só acontece em 1784.

É em 7 de Fevereiro de 1786, na ‘Orangerie’ do Palácio de Schönbrunn, e na sequência da ‘impositiva sugestão’ do Imperador, que Mozart e Salieri apresentam, respectivamente, o ‘singspiel’ “Der Schauspieldirektor” [O Empresário] e a ‘opera buffa’ “Prima la musica, poi le parole” [Primeiramente, a Música e depois as palavras], obras subordinadas ao mesmo tema, da vaidade dos cantores.

Ora bem, “Der Schauspieldirektor” funcionou como instrumento oficial da vontade imperial quanto à Língua Pátria, perante a toda poderosa alternativa da produção italiana. De algum modo, na presença dos ilustríssimos 80 convidados da Corte que assistiram à «contenda», o singspiel mozartiano preencheu um objectivo de afirmação nacional, ainda que pudesse ter contribuído para alimentar a lenda da rivalidade entre os dois compositores. Lenda, nada mais que lenda, já que os dois se estimavam muitíssimo.

São peças muito curtas, que deixo à vossa apreciação em gravações de referência, com a Concertgebouw Orchestra Amsterdam, vozes solistas de Roberta Alexander, Thomas Hampson, Robert Holl, Julia Hamari sob a direcção de Nikolaus Harnoncourt. De certeza que, mais uma vez, José II vai rejubilar.

Boa Audição!

http://youtu.be/LmuOxTl35W4 [Mozart]
http://youtu.be/psmCCWvy16A [Salieri]

 

Sem comentários: