2015, Salzburg, XXVIII
Concerto I da Camerata Salzburg em 26.01
Grosse Saal do Mozarteum, 19.30
Grosse Saal do Mozarteum, 19.30
Já ontem vos dei conta do Concerto II desta orquestra [Sazburg, XXVI] mas não gostaria deixar de partilhar convosco algumas impressões sobre este, anterior. Dirigido pelo jovem maestro checo Juraj Valcuha, o programa incluía a “Sinfonia No. 3 em Ré Maior”, D 200 de Schubert e, de Mozart, a “Sinfonia em Dó Maior”, KV. 425, ‘Linz’ e o “Concerto em Sol Maior para Piano e Orquestra”, KV. 453.
Orquestra, como já tive oportunidade de referir, em
excelente forma. Se o refiro é porque, há alguns anos, depois da saída do
maestro titular Sir Roger Norrington, tempos houve em que a prestação do grupo
se ressentiu menos positivamente, no entanto, sem que alguma vez tivesse
deixado os créditos por mãos alheias. De facto, estamos tão habituados ao mais
alto gabarito que se nota quando algo corre menos bem.
Percebe-se que Valcuha fez um trabalho de bastidores à
altura da exigência das peças o que não significa que, na minha opinião, não
tenha de assumir, com o pianista Piotr Anderszewski, uma certa
descaracterização do mencionado Concerto para Piano de Mozart.
Na realidade, não pode deixar de ter havido alguma
«cumplicidade», no sentido de que os tempos tão alterados tenham sido. Em
especial, no segundo andamento ‘Andante’, a lentidão chegou a ser
declaradamente incomodativa. Se temos de acolher com a devida «elasticidade» as
leituras de alguns intérpretes, julgo haver um limite a partir do qual é a
própria estética que é posta em causa.
A propósito, conto sempre um episódio ocorrido na
Gulbenkian, em princípio dos anos 80, num evento em que o então muito jovem
pianista Ivo Pogorelich veio interpretar o Concerto No. 1 de Piano de
Tchaikovski. Perante os tempos lentíssimos do polémico artista, o Maestro
encostou-se ao piano em posição nitidamente inquiridora, não inquisitorial…
Na passada Segunda-feira, Valcuha estaria demasiado
comprometido para protagonizar algo de semelhante. Enfim, não foi
particularmente agradável sentir como as notas e os acordes «escorregavam» em
terreno menos mozartiano do que o desejável…
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