[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 6 de abril de 2015




2015, Salzburg, XXVIII

Concerto I da Camerata Salzburg em 26.01
Grosse Saal do Mozarteum, 19.30



Já ontem vos dei conta do Concerto II desta orquestra [Sazburg, XXVI] mas não gostaria deixar de partilhar convosco algumas impressões sobre este, anterior. Dirigido pelo jovem maestro checo Juraj Valcuha, o programa incluía a “Sinfonia No. 3 em Ré Maior”, D 200 de Schubert e, de Mozart, a “Sinfonia em Dó Maior”, KV. 425, ‘Linz’ e o “Concerto em Sol Maior para Piano e Orquestra”, KV. 453.

Orquestra, como já tive oportunidade de referir, em excelente forma. Se o refiro é porque, há alguns anos, depois da saída do maestro titular Sir Roger Norrington, tempos houve em que a prestação do grupo se ressentiu menos positivamente, no entanto, sem que alguma vez tivesse deixado os créditos por mãos alheias. De facto, estamos tão habituados ao mais alto gabarito que se nota quando algo corre menos bem.

Percebe-se que Valcuha fez um trabalho de bastidores à altura da exigência das peças o que não significa que, na minha opinião, não tenha de assumir, com o pianista Piotr Anderszewski, uma certa descaracterização do mencionado Concerto para Piano de Mozart.

Na realidade, não pode deixar de ter havido alguma «cumplicidade», no sentido de que os tempos tão alterados tenham sido. Em especial, no segundo andamento ‘Andante’, a lentidão chegou a ser declaradamente incomodativa. Se temos de acolher com a devida «elasticidade» as leituras de alguns intérpretes, julgo haver um limite a partir do qual é a própria estética que é posta em causa.

A propósito, conto sempre um episódio ocorrido na Gulbenkian, em princípio dos anos 80, num evento em que o então muito jovem pianista Ivo Pogorelich veio interpretar o Concerto No. 1 de Piano de Tchaikovski. Perante os tempos lentíssimos do polémico artista, o Maestro encostou-se ao piano em posição nitidamente inquiridora, não inquisitorial…

Na passada Segunda-feira, Valcuha estaria demasiado comprometido para protagonizar algo de semelhante. Enfim, não foi particularmente agradável sentir como as notas e os acordes «escorregavam» em terreno menos mozartiano do que o desejável…

 


 

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