[sempre de acordo com a antiga ortografia]
domingo, 19 de abril de 2015
22 de Fevereiro de 2015 [facebook]
[ Sintra,
Festival de Sintra, 2015
atraso... compreensível
Eis a transcrição do meu artigo publicado no dia 29 do corrente no 'Jornal de Sintra'. Escrevo acerca da 50ª edição do Festival de Sintra, 2015. E, fundamentalmente, dou conta de uma preocupação que me interessa seja partilhada com os leitores:
"(...) Dentre algumas das preocupações que sempre subsistirão em iniciativas que tais, a mais importante fonte de apreensão relaciona-se com o atraso da informação que já deveria circular há alguns meses. Tão pouco tempo faltando para o seu início, é com dificuldade que se aceita o desconhecimento sequer de uma linha do programa, calendário, artistas envolvidos, lugar de cada evento musical, das conferências, das actividades de animação paralela, etc. (...)"
Habituado que estou, com um ano de antecedência, a conhecer todos os pormenores, ao minuto, do programa proposto, de facto, é com a maior dificuldade que me deparo com esta situação. Como sempre tento fazer, também desta vez, repito a proposta de solução que repito, há anos e anos.
Um Festival de Música erudita é coisa muito específica, carece de uma equipa exclusivamente afecta, conhecedora do terreno, capaz de promover as atitudes de divulgação e publicitação do programa, a tempo e horas, tanto junto dos agentes turísticos e de hotelaria, nacionais e estrangeiros, como dos meios de comunicação social mais adequados. É trabalho para fazer ao longo do ano, por duas pessoas.
Festival de Sintra, o mais antigo de Portugal, o de maiores pergaminhos, merece tão pequeno investimento. Escrevo acerca disso. Não desisto. Talvez um dia alguém me dê razão...]
_______________________________
Sintra,
Cultura em 2015,
expectativa moderada [II]
Tal como oportunamente anunciado, continuo hoje a série de artigos iniciada em 23 de Janeiro, para me circunscrever ao Festival de Sintra 2015. Como terão oportunidade de verificar, para minha própria comodidade, e com o propósito de justificar os comentários e ideias a partilhar, apresentarei excertos de artigos que oportunamente subscrevi, todos publicados no Jornal de Sintra.
O enquadramento da edição do Festival deste ano não pode deixar de radicar na cerimónia que teve lugar no Casino de Sintra, numa das salas do MU.SA, em 6 de Junho de 2014, ou seja aquando da apresentação da sua 49ª edição. Naquela ocasião, o Senhor Presidente da Câmara, Dr. Basílio Horta, obrigado à referência do redondo e jubilar quinquagésimo evento, anunciou-o em termos de tal modo entusiásticos que a todos nos surpreenderia.
Porque importa recordar, passo a citar os dois parágrafos do artigo em que me referi à circunstância:
“(…) Finalmente, uma promessa que tem foros de compromisso público do maior realce. Com a satisfação que se lhe adivinha por poder concretizar tão auspicioso anúncio, o senhor Presidente da Câmara, informou e, perante a insistência de Adriano Jordão, confirmou que, em 2015, por ocasião da sua quinquagésima edição, o Festival de Sintra vai ter meios especiais para poder apresentar uma programação digna de Salzburg!... Nem mais nem menos!
Enfim, com os «descontos» que se me impõem perante a tão generosa hipérbole do Dr. Basílio Horta, há tantos anos, que tão bem conheço a esplêndida oferta de Salzburg, adivinho, nas suas palavras, isso sim, um empenho digno da efeméride e da memória de quem foi a grande impulsionadora do mais sofisticado produto cultural de Sintra. (…)” (1)
Abro um pequeno parêntesis para melhor situar aquela referência a Salzburg, já que ainda teve o efeito de me lembrar os números absolutamente astronómicos que envolvem o festival austríaco, cifras que o remetem para uma realidade outra, que não só parece, como se enquadra mesmo noutra galáxia cultural…
E, na realidade, porque assim acontece é que convém perceber o alcance da insinuação implícita nas palavras do Dr. Basílio Horta. Reparem que “(…) o último estudo datado de 2011, elaborado pela Universidade de Salzburg, entre outras conclusões, demonstra que o efeito deste Festival de Verão no domínio das receitas fiscais equivale ao triplo do montante do investimento das entidades públicas!
Finalmente, que o impacto geral do Festival no volume de negócios e na produtividade se cifra em cerca de 276 milhões de euros! E, não esqueçam, em apenas 40 dias de Festival (…)”. (2)
Para que se tenha uma ideia da extraordinária escala das verbas em presença, recordo o facto espantoso de o orçamento geral da Câmara Municipal de Sintra ser inferior ao deste Festival de Verão!! Aliás, sendo o mais famoso, é apenas um dos doze festivais que Salzburg promove ao longo do ano…
Fechado o parêntesis, retomo já o tema que hoje me traz, para assinalar que, cerca de um mês depois, escrevia eu:
“(…) De acordo com o que foi oportunamente divulgado, já sabemos que, no próximo ano, o Festival distinguirá a figura tutelar da Senhora Marquesa de Cadaval com especiais atitudes programáticas. Será de prever, por exemplo, que se faça um particular esforço em trazer até Sintra grandes figuras da actual pianística mundial, algumas das quais galácticas que, na juventude e início das respectivas carreiras, beneficiaram daquele mecenato.
Julgo que, igualmente, será altura de convocar pianistas portugueses intimamente relacionados não só com a génese mas também subsequente história do Festival, programando recitais e concertos, juntando-os em mesas redondas, conferências e atitudes análogas. Por outro lado, obedecendo a linhas de intervenção que eram caras à Senhora Marquesa, propiciar nos programas a integração de bandas de música, pensar na motivação do público jovem e na sua conquista para iniciativas informais, etc.
Como aconteceu há dez anos, veria com muito interesse a possibilidade de promover uma grande Conferência de Abertura, a proferir por uma conhecida figura da Cultura Portuguesa, tratando um assunto relacionado com o mundo da Música gerador da maior adesão de público indiferenciado. Natural será que, de maior fôlego ou como opúsculos, surjam obras sobre a História do Festival de Sintra. Por outro lado, assim esperamos, deverão ter lugar uma boa exposição documental, um ciclo de conferências, a disponibilização de materiais afins das vertentes áudio e audiovisual para consulta e venda, um ciclo de cinema, etc. (…)” (3)
Ora bem, tanto quanto me é possível afirmar e confirmar, porque participei em duas das reuniões exploratórias de preparação do Festival 2015, o ambiente em que decorreram não pôde ser mais auspicioso. Tudo leva a crer que, com a competência que se lhe reconhece, o Prof. Adriano Jordão, Director Artístico do festival de Sintra, apresentará uma proposta programática cuja matriz contemple as ideias constantes do texto citado imediatamente supra.
ATRASO EVITÁVEL
Dentre algumas das preocupações que sempre subsistirão em iniciativas que tais, a mais importante fonte de apreensão relaciona-se com o atraso da informação que já deveria circular há alguns meses. Tão pouco tempo faltando para o seu início, é com dificuldade que se aceita o desconhecimento sequer de uma linha do programa, calendário, artistas envolvidos, lugar de cada evento musical, das conferências, das actividades de animação paralela, etc.
Com o objectivo de tudo preparar atempadamente e com o grau de profissionalismo que é suposto estar dotada uma iniciativa congénere, considero que o Festival de Sintra mereceria ter afecta uma pequena equipa, não mais de dois elementos, em exclusividade de funções ao longo do ano, porque o trabalho a desenvolver assim o determina.
Há muito tempo que me bato pela sua concretização e, devo confessar, tive esperança de que, totalmente afecta aos serviços culturais da Câmara Municipal de Sintra, agora a organização pudesse ter dado esse salto. Infelizmente, ainda não foi possível. Permito-me insistir na sugestão porque, convencido que estou da sua pertinência, me parece que continuaremos a verificar os atrasos do costume se, de uma vez por todas, ela não se concretizar.
A verdade é que os nefastos efeitos decorrentes de tão lamentável incumprimento de prazos, tornam impraticável – com a qualidade que se impõe – a concretização de todas as atitudes e actividades de promoção, divulgação e publicitação de um Festival de música erudita.
Acresce que tais atitudes e actividades são tão específicas que pouco ou nada têm a ver com outras iniciativas, aparentemente congéneres, que, promovidas pelos mesmos serviços culturais da Câmara, não creditam experiência para este universo tão particular. Hoje em dia, é cada vez mais exigente a promoção de um festival com as características deste. Por isso, a aposta na equipa acima aludida sempre se revelará acertada medida de gestão.
Não esqueçamos que o Festival de Sintra é o mais antigo dos que se realizam em Portugal e o que se reclama dos mais ilustres pergaminhos, tanto ao nível dos artistas que nele participaram – sempre os melhores do mundo, ao longo de décadas – como dos programas interpretados e dos locais de privilégio absoluto onde os eventos se concretizam.
Também é pelo peso de tão honrosa herança que, em 2015, uma sua quinquagésima edição, sob os auspícios da tutelar figura da Senhora Marquesa de Cadaval, mesmo com os atrasos aludidos, tem de corresponder ao alto nível em que a fasquia foi colocada nos seus melhores anos. Se assim não acontecesse, estaria em causa o propósito de disponibilizar recursos dignos de Salzburg, que o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra anunciou tão generosamente.
_____________________________________
(1) JS, "Sob a égide da Senhora Marquesa de Cadaval", edição de 13.06.2014;
(2) JS, "Festival de Salzburg, outro planeta", edição de 20.06.2014
(3) JS, "Festival de Sintra, quarenta e nove, cinquenta!!!", edição de 18.07.2014
[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário