Recuperando uma opinião
[facebook, 23.02.2015]
A propósito desta notícia do Mozarteum segundo a qual a sua produção de "Lucio Silla", levada à cena na Haus für Mozart, em 24 de Janeiro de 2013, durante a edição da Mozartwoche daquele ano, vai ser apresentada no Teatro alla Scala de Milão, gostaria de vos recordar o texto publicado neste meu mural. E, naturalmente, também voltando a chamar a atenção para uma interpretação de referência de Edita Guberova.
________________
Ontem, “Lucio Silla”
[Texto publicado no facebook, a partir de Salzburg, durante a Mozartwoche, em 25 de Janeiro de 2013]
Pois, meus amigos, “Lucio Silla”, a ópera de Mozart que inaugurou a edição de 2013 da Mozartwoche de Salzburg, tem todos os ingredientes para produzir récitas de alto gabarito. A de ontem poderia ter sido memorável não fosse o facto de Rolando Villazón, no protagonista, ainda estar com a voz muito afectada, fruto de anteriores abusos, com os defeitos decorrentes do empenho nas árias «de bravura» e longe da prestação exigida aos tenores que se aventuram nos terrenos mozartianos. Em alguns momentos, chegou a ser penoso ouvi-lo.
Quanto ao soprano Peretyatko, enfim, nada de particularmente entusiástico, mas a revelar-se muito bem nas árias 4. 'Dalla sponda tenebrosa' e 11. 'Ah se il crudel periglio' que exigem grande sofisticação e domínio, muita contenção de todos os recursos vocálicos e expressivos.
Excelente, isso sim, Marianne Crebassa, meio-soprano, no ‘Cecilio’ ainda muito jovem mas a prever voos formidáveis. Também em muito bom nível, os sopranos Inga Kalna e Eva Liebau, respectivamente, em ‘Lucio Cinna’ e Celia.
Marc Minkowski trabalhou a partitura a partir de representações anteriores sob a direcção de Harnoncourt e de Jean-Pierre Ponnelle. Les Musiciens du Louvre, sob a sua direcção, estiveram ao mais alto nível que se lhes reconhece.
A encenação, a cargo de Marshall Pynkoski, tem soluções extremamente eficazes que concorrem para uma assinalável fluidez de todo o espectáculo que, nas suas quase três horas de duração, em três actos, apenas com um intervalo, exigiu um ritmo que se revelou perfeito.
Cenários e figurino de Antoine Fontaine, confirmando como é um grande senhor dos palcos, artista de talento a rodos. Elemento essencial do sucesso, a coreografia, muito eficaz, de Jeannette Lajeunesse Zingg, ela própria integrando um corpo de bailado de alto nível artístico.
Quando regressar a casa, voltarei a partilhar convosco mais algumas impressões sobre este espectáculo. Para já, o que ainda espero, é ter a dita de assistir a uma récita desta produção, mas com um bom tenor mozartiano e em boa forma...
Como sou muito vosso amigo, aqui vos deixo uma interpretação primorosa da ária referida "Dalla sponda tenebrosa" por Edita Gruberova, uma mozartiana irrepreensível.
Boa audição!
http://youtu.be/K3bIrjllFZ8
"DALLA SPONDA TENEBROSA" Edita Gruberova as Giunia (LUCIO SILLA, W.A.Mozart)
Lucio Silla (W.A.Mozart) Giunia - Edita Gruberova Concentus musicus Wien Dir. Nikolaus Harnoncourt 1990
[facebook, 23.02.2015]
A propósito desta notícia do Mozarteum segundo a qual a sua produção de "Lucio Silla", levada à cena na Haus für Mozart, em 24 de Janeiro de 2013, durante a edição da Mozartwoche daquele ano, vai ser apresentada no Teatro alla Scala de Milão, gostaria de vos recordar o texto publicado neste meu mural. E, naturalmente, também voltando a chamar a atenção para uma interpretação de referência de Edita Guberova.
________________
Ontem, “Lucio Silla”
[Texto publicado no facebook, a partir de Salzburg, durante a Mozartwoche, em 25 de Janeiro de 2013]
Pois, meus amigos, “Lucio Silla”, a ópera de Mozart que inaugurou a edição de 2013 da Mozartwoche de Salzburg, tem todos os ingredientes para produzir récitas de alto gabarito. A de ontem poderia ter sido memorável não fosse o facto de Rolando Villazón, no protagonista, ainda estar com a voz muito afectada, fruto de anteriores abusos, com os defeitos decorrentes do empenho nas árias «de bravura» e longe da prestação exigida aos tenores que se aventuram nos terrenos mozartianos. Em alguns momentos, chegou a ser penoso ouvi-lo.
Quanto ao soprano Peretyatko, enfim, nada de particularmente entusiástico, mas a revelar-se muito bem nas árias 4. 'Dalla sponda tenebrosa' e 11. 'Ah se il crudel periglio' que exigem grande sofisticação e domínio, muita contenção de todos os recursos vocálicos e expressivos.
Excelente, isso sim, Marianne Crebassa, meio-soprano, no ‘Cecilio’ ainda muito jovem mas a prever voos formidáveis. Também em muito bom nível, os sopranos Inga Kalna e Eva Liebau, respectivamente, em ‘Lucio Cinna’ e Celia.
Marc Minkowski trabalhou a partitura a partir de representações anteriores sob a direcção de Harnoncourt e de Jean-Pierre Ponnelle. Les Musiciens du Louvre, sob a sua direcção, estiveram ao mais alto nível que se lhes reconhece.
A encenação, a cargo de Marshall Pynkoski, tem soluções extremamente eficazes que concorrem para uma assinalável fluidez de todo o espectáculo que, nas suas quase três horas de duração, em três actos, apenas com um intervalo, exigiu um ritmo que se revelou perfeito.
Cenários e figurino de Antoine Fontaine, confirmando como é um grande senhor dos palcos, artista de talento a rodos. Elemento essencial do sucesso, a coreografia, muito eficaz, de Jeannette Lajeunesse Zingg, ela própria integrando um corpo de bailado de alto nível artístico.
Quando regressar a casa, voltarei a partilhar convosco mais algumas impressões sobre este espectáculo. Para já, o que ainda espero, é ter a dita de assistir a uma récita desta produção, mas com um bom tenor mozartiano e em boa forma...
Como sou muito vosso amigo, aqui vos deixo uma interpretação primorosa da ária referida "Dalla sponda tenebrosa" por Edita Gruberova, uma mozartiana irrepreensível.
Boa audição!
http://youtu.be/K3bIrjllFZ8
"DALLA SPONDA TENEBROSA" Edita Gruberova as Giunia (LUCIO SILLA, W.A.Mozart)
Lucio Silla (W.A.Mozart) Giunia - Edita Gruberova Concentus musicus Wien Dir. Nikolaus Harnoncourt 1990
Sem comentários:
Enviar um comentário