[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 22 de julho de 2015



Ah, o calendário!...


[facebook, 23.05.2015]

No passado sábado, depois de ter assistido à palestra que Teresa Simões, Subdirectora do Museu arqueológico de São Miguel de Odrinhas, acabara de proferir no MU.SA, encontrei o Vice-Presidente Rui Pereira na esplanada do Casino, que, regressado da Quinta da Piedade, presenciara o concerto do Trio Aeternus, incluído no Festival de Sintra.

Naturalmente, primeiro tema de conversa, a impossibilidade de estar em todos os eventos de interesse e, no meu caso pessoal, nomeadamente, nos de índole musical. Na circunstância em causa, não quis perder a comunicação daquela boa amiga, cuja actividade acompanho há anos, prevendo que teria informação muito interessante a partilhar no âmbito do tema que lhe fora proposto, sobre a sustentabilidade dos Museus, o que, realmente, veio a acontecer.

1.Mas, não há nada como apresentar casos concretos. Primeiramente, no passado fim de semana. No dia 15, Grande Auditório da Gulbenkian, às 19,00, concerto com a Orquestra Gulbenkian, da minha assinatura das 6ª Feira, desta vez o para ouvir o “Concerto para Violoncelo e Orquestra No. 1”, Op. 107 de Dimitri Chostokovitch, por Natalia Gutman e “Concerto para Orquestra” de Béla Bartók, peças dirigidas por Susana Mälki.

Absolutamente imperdível, mesmo depois de, na Terça-feira precedente, na mesma sala já ter assistido à interpretação das três Suites de JS Bach pela mesma grande e mítica violoncelista russa. Saindo às 21.00, e já em stress, consegui chegar ao Palácio da Vila mesmo a tempo do início do evento em que o Duo Frédéric Pelassy / Ghizlane Hamadi se apresentava num recital com peças de Poulenc, Nabil Jall, Ravel e César Franck.

No dia 16, tal como acima vos dei conta, a impossibilidade de ir à Quinta da Piedade devido à coincidência com a referida conferência e, no dia seguinte, enfim, sem problema para assistir, no mesmo local, ao concerto do Quarteto de Moscovo.

2.Em segundo lugar, o fim de semana que ontem começou. No dia 22, as sobreposições eram evidentes. Às 19,00, na Gulbenkian, o habitual concerto da Orquestra Gulbenkian, com o excelente violoncelista Pavel Gomziakov. Perdido, pura e simplesmente perdido porque, às 19,30, no Grémio Literário, o Círculo Richard Wagner, do qual sou membro fundador, promovia um encontro do maior interesse, todo sob a égide de Richard Wagner ontem aniversariante, jantar-convívio para apresentação da nossa marca CRW e palestra do meu querido amigo, o escritor Frederico Lourenço.

Portanto, nem pensar no recital de piano de Anna Pavlova, às 21,30 no Palácio de Queluz. Três eventos coincidentes. Ora bem, tendo em conta o factor da ubiquidade… Hoje, dia 23 de Maio, consigo ir à Quinta da Piedade, às 16,30, assistir ao recital de Jeffrey Swann. Mas, amanhã, dia 24, nem pensar estar no mesmo local e hora para o recital de Anastasyia Naplekova porque não me seria possível chegar à Gulbenkian a tempo de assistir ao concerto do agrupamento Ludovice Ensemble, incluído em outra das minhas assinaturas, i.e., do Ciclo de Música Antiga.

Claro que, se me dou a este trabalho de esmiuçar os meus movimentos de melómano – atenção, só estão referidos fins de semana!... – não é com a intenção de vos demonstrar como estou ocupado, pois isso sabe toda a gente que me segue. Mas tenho um propósito específico, qual seja a de constatar que, infelizmente, o Festival de Sintra anunciou de tal modo tarde o seu calendário de eventos que só muito, muito dificilmente, poderia estar presente em todos como tanto gostaria.

Se o meu fosse caso único, paciência, mal algum viria ao mundo. A verdade, no entanto, é que há muita gente com as mesmas e tão excelentes «limitações»... Se a coisa tivesse corrido diferentemente, haveria margem bastante para fazer alterações como, por exemplo, antecipar os concertos da Gulbenkian para o dia anterior, já que o programa é o mesmo à Quinta e à Sexta-feira.

Dizia-me Rui Pereira, na noite do recital de Nelson Freire, que, por altura do encerramento desta edição do Festival, já estará em condições de anunciar o tema do próximo. Respondi quanto à esperança no dia em que ele possa anunciar não só o tema mas também disponibilizar o programa do ano seguinte, aliás, como acontece em todos os bons festivais.


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