[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 28 de agosto de 2015


Política e valores


Jerónimo de Sousa deu ontem à noite dar uma entrevista à TVI através da qual não deixou por mãos alheias o crédito que tem como político decente, honesto, idealista, representante de um projecto cujo perfil até pode não coincidir totalmente com o meu, mas, tal como não se cansa de afirmar, é de esquerda e patriótico.

Em determinados momentos daquela conversa com Judite de Sousa e jovens universitários - independentemente da concordância ou não com as caract...erísticas do figurino que o «diálogo televisivo» assumiu - senti o homem, o homem que vibrava, emocionado, com a dor sincera de tantos portugueses que, no seu quotidiano, sofrem aquilo que não podem nem deveriam sofrer, em virtude de opções políticas que, para beneficiarem sectores privilegiados, menos consideram, desprezam e sempre prejudicam os mais fragilizados.

Mais uma vez, em período pré-eleitoral, eu preciso de sentir que sincera dimensão de humanidade projecta e partilha o político que, para me representar, pretende colher a quota parte do poder que, enquanto cidadão, em mim reside. Se e quando, também através dos sinais que me chegam pela televisão, eu não sentir e perceber tais pressupostos, estarei então perante um ordinário «produto» que coincide, isso sim, com os estafados modelos de fancaria e traficância, a que estamos habituados no designado arco da governabilidade, ou seja, os de uma classe política impreparada, desqualificada e responsável pela elevadíssima taxa de abstenção a que, desoladamente, nos habituámos.

Jerónimo de Sousa coincide comigo numa série de medidas que considero indispensáveis à gestão política nacional e europeia. Nomeadamente, referiu - e não posso concordar mais - a necessidade de partilhar com os países europeus nas mesmas circunstâncias que o nosso, as medidas tendentes à negociação da dívida, absolutamente insustentável, que tanto está a comprometer o futuro da juventude e das próximas gerações.
 
«Por estas e por outras», embora aqui não venha para exigir seja o que for ao PS, encarecidamente lembro ao socialista e de esquerda que António Costa se afirma, não deixe de considerar que, como ele bem sabe, PCP, BE e Livre, preenchem todas as condições que, 'grosso modo', uma alargada aliança de esquerda pode e deve equacionar, revista ela as mais diversas modalidades que pressupuser, sejam de governo, acordos de incidência parlamentar, o que necessário se revele para assegurar a futura governança do país.

É que, se assim não for, todos arriscamos que, em acelerado fim de esclerótica carreira, este PR ainda acabe por concretizar o sonho, que não tem escondido, de dar posse, para nos legar como podre herança, um governo que conhecemos «de ginjeira», tudo menos preocupado com os valores conjugados por socialistas e sociais-democratas de centro-esquerda que, tão prodigamente, e a seu modo, o comunista Jerónimo de Sousa também ontem continuou a confirmar.
 
Ver mais
 
 
 
A TVI ao pé de si. Sempre.
tviplayer.iol.pt
 
 

Sem comentários: