15 de Setembro de 1765
250º aniversário de Manuel Maria Babosa du Bocage
Nasceu em 15 de Setembro de 1765 (m. 1805) o autor da interessante fábula sobre o poder, que me parecendo muito a propósito destes dias de vésperas das eleições legislativas, passo a partilhar convosco.
250º aniversário de Manuel Maria Babosa du Bocage
Nasceu em 15 de Setembro de 1765 (m. 1805) o autor da interessante fábula sobre o poder, que me parecendo muito a propósito destes dias de vésperas das eleições legislativas, passo a partilhar convosco.
Com o objectivo de se poderem situar em relação à obra geral do poeta, cumpre esclarecer que este texto é um dos Apólogos ou Fábulas Morais, pertence à Segunda série de fábulas originais, inserindo-se nas Quinze Últimas Fábulas.
["Bocage, Opera Omnia, Vol. IV, Dir. Hernâni Cidade, Prep. texto e Notas de António Salgado Júnior, Livraria Bertrand, SARL ed., Lisboa, 1969]
Fábula sobre o Poder
O Leão e o Porco
O rei dos animais, o rugidor leão,
Com o porco engraçou, não sei por que razão.
Quis empregá-lo bem para tirar-lhe a sorna
(A quem torpe nasceu nenhum enfeite adorna):
Deu-lhe alta dignidade, e rendas competentes,
Poder de despachar os brutos pretendentes,
De reprimir os maus, fazer aos bons justiça,
E assim cuidou vencer-lhe a natural preguiça;
Mas em vão, porque o porco é bom só para assar,
E a sua ocupação dormir, comer, fossar.
Notando-lhe a ignorância, o desmazelo, a incúria,
Soltavam contra ele injúria sobre injúria
Os outros animais, dizendo-lhe com ira:
«Ora o que o berço dá, somente a cova o tira!»
E ele, apenas grunhindo a vilipêndios tais,
Ficava muito enxuto. Atenção nisto, ó pais!
Dos filhos para o génio olhai com madureza;
Não há poder algum que mude a natureza:
Um porco há-de ser porco, inda que o rei dos bichos
O faça cortesão pelos seus vãos caprichos.
___________________________________________
Naturalmente, seria de esperar que as comemorações do jubileu em questão - trata-se «só» de um dos maiores poetas nacionais de todos os tempos - atingissem uma evidente dimensão nacional, com a maior relevância e esplendor. Assim não acontecendo, gostaria de chamar a vossa atenção para o programa que, com o maior gosto, vos apresento.
No ano passado, por esta altura, já vos tinha referido o que agora repito, ou seja, sobre o envolvimento do meu amigo Prof. Daniel Pires, uma grande autoridade portuguesa no que concerne o universo bocagiano e que, como poderão verificar, é a figura de absoluta referência nestas que são as comemorações possíveis.
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Fábula sobre o Poder
O Leão e o Porco
O rei dos animais, o rugidor leão,
Com o porco engraçou, não sei por que razão.
Quis empregá-lo bem para tirar-lhe a sorna
(A quem torpe nasceu nenhum enfeite adorna):
Deu-lhe alta dignidade, e rendas competentes,
Poder de despachar os brutos pretendentes,
De reprimir os maus, fazer aos bons justiça,
E assim cuidou vencer-lhe a natural preguiça;
Mas em vão, porque o porco é bom só para assar,
E a sua ocupação dormir, comer, fossar.
Notando-lhe a ignorância, o desmazelo, a incúria,
Soltavam contra ele injúria sobre injúria
Os outros animais, dizendo-lhe com ira:
«Ora o que o berço dá, somente a cova o tira!»
E ele, apenas grunhindo a vilipêndios tais,
Ficava muito enxuto. Atenção nisto, ó pais!
Dos filhos para o génio olhai com madureza;
Não há poder algum que mude a natureza:
Um porco há-de ser porco, inda que o rei dos bichos
O faça cortesão pelos seus vãos caprichos.
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Naturalmente, seria de esperar que as comemorações do jubileu em questão - trata-se «só» de um dos maiores poetas nacionais de todos os tempos - atingissem uma evidente dimensão nacional, com a maior relevância e esplendor. Assim não acontecendo, gostaria de chamar a vossa atenção para o programa que, com o maior gosto, vos apresento.
No ano passado, por esta altura, já vos tinha referido o que agora repito, ou seja, sobre o envolvimento do meu amigo Prof. Daniel Pires, uma grande autoridade portuguesa no que concerne o universo bocagiano e que, como poderão verificar, é a figura de absoluta referência nestas que são as comemorações possíveis.
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