[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 27 de setembro de 2015



27 de setembro de 1915
Morte de José Duarte Ramalho Ortigão (n.1836)
 
 
Permitam que articule a efeméride com um dos seus notáveis textos o qual ainda será pretexto para a audição de um excerto de peça musical:
 
"(...) Pobre artista! Pobre rei!" É com estas exclamações que Ramalho Ortigão termina o texto subordinado ao título O Rei D. Fernando II.

Quem ainda não leu aquelas estupendas linhas de "As Farpas" e julga conhecer a grande e a pequena História de Sintra, em especial no que se refere ao legado da Pena, não sabe o que tem andado a perder. Ramalho Ortigão escreveu-as, na sequência da morte do Senhor D. Fernando, a quente, reagindo à hipocrisia de uma data de ignorantes que, ao fim e ao cabo, ainda andam por aí. Ou ainda não terão notado? Verão a razão que me assiste quando as lerem.

Uma das maneiras para melhor comemorar a efeméride, não tenho a mínima dúvida, passa pela leitura de texto tão recomendável, que tanto proveito e gozo estético proporcionará a quem seguir o concelho deste humilde escriba que se atreve, não só ao beija-mão real, mas também à evocação de um escritor maior de oitocentos. Nos dias que correm, passe a presunção, não é façanha menor...

Mas ainda não vos deixo sem outra recomendação que, aliás, é suscitada pela leitura que recomendo:

 "(...) E, instalando-se num fauteuil, ao fundo da sala de música, [D.Fernando] cantou-lhe ao piano, à mais larga expressão elegíaca da sua extensa voz de baixo cantante, A Criação, de Haydn (...)"
Ouçam essa outra obra-prima. Mesmo que já conheçam a oratória "A Criação", não deixem de repetir. Dêem-se ao luxo de participar naquele momento sublime da História da Música que cioincide com a fracção de Tempo em que, no Espaço do caos, a luz se fez.

O grande Haydn, introduzido pelo próprio Mozart na Maçonaria, deixa nesta obra o seu mais alto contributo para o brilhante acervo artístico da Augusta Ordem. Ouçam. Repitam.
"A Criação" de Joseph Haydn, na estupenda leitura de Harnoncourt, com o Concentus Musicus.

Boa audição|
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(*) Ramalho Ortigão, José Duarte, O Rei D. Fernando, in As Farpas, Obras Completas de Ramalho Ortigão, tomo III, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1969
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Joseph Haydn (1732 - 1809) Die Schöpfung, Hob. XXI:2 1. Einleitung - Die Vorstellung des Chaos Dorothea Röschmann, Sopran Werner Güra, Tenor Thomas E....
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