[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 10 de setembro de 2015



Ao desafio dos refugiados,
a resposta solidária dos cristãos




A solidariedade não concede alternativa, não tem meio termo. Ou acontece ou, pura e simplesmente, é negada. E, se inequivocamente necessária, acaba por ser negada, tal atitude confunde-se com crime, é aviltante. Esta nossa Europa que, muito mais ao nível da palavra do que através das obras, pretende afirmar-se como o mais culto e civilizado dos continentes, não tem alternativa que não seja a do acolhimento civilizado e culto dos refugiados que, desesperadamente, lhe batem a todas as portas.

De modo algum se apresentando como imposição, tal acolhimento, não constituindo uma imposição, é um postulado cultural e civilizacional, portanto, algo que não carecendo quer de prova quer de demonstração, por isso, se insinua como flagrantemente óbvio....

Nos últimos dias, através de resposta a comentários suscitados pelos meus próprios textos ou em resposta a outros, na minha qualidade de cristão e de católico, recorri a São Mateus, de tão óbvio que se me afigura a articulação de versículos do seu Evangelho com a actualidade da situação que estamos a viver.

Porque gostaria que aquele recurso ficasse mais sistematizado e condensado numa única proposta, passo a formulá-lo. Nos termos da cultura cristã na qual temos sido formatados nos últimos dois mil anos, e, nós, católicos, herdeiros do Novo Testamento, outra atitude não podemos protagonizar que não seja a lembrada pelo Evangelho de Mateus, 25:35,36:

"(...) Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. (...)"

e, logo de seguida, também em Mateus, 25.35,45, é inequívoca a conclusão de Jesus Cristo a partir da parábola:

"(...) Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim (...)"

Se, quotidianamente, na vida prática, não conjugarmos estes explícitos e implícitos princípios e valores, que herdámos como absolutamente estruturantes, então, não passaremos de fariseus encartados. O Papa Francisco tem-no recordado, não tem alertado para outra coisa. A verdade, no entanto, é que parece andarmos algo cegos e surdos.

Neste contexto, a resolução do executivo da Câmara Municipal de Sintra, acerca da concretização de um programa de acolhimento aos refugiados, que já hoje destaquei noutro enquadramento, a todos concede uma oportunidade do exercício da solidariedade. O que não falta é um domínio em que a nossa disponibilidade possa dar a resposta adequada.


 

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