[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 4 de setembro de 2015



E as crianças, Senhores?


“O Ministério Público promoveu a alteração da medida de coação, por considerar que, face à prova reunida desde a última reapreciação, se mostra reforçada a consolidação dos indícios, o que diminui o perigo de perturbação do inquérito”, acrescenta a nota da PGR.

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Venho de explicar o passo que acaba de ser dado ao Pedro Maria, meu neto mais velho que fará onze anos para o mês que vem. Não há muito tempo, certamente movido pela mediatização do processo, aproveitou a oportunidade de um noticiário que ouvíamos durante uma viagem, para fazer uma série de perguntas que, percebemos todos, pais e avós, já andariam a preocupá-lo há algum tempo.

Temos feito o possível por tudo explicar, satisfazendo o direito do garoto a uma informação de acordo com a sua capacidade de percepção. Espanto-me com a pertinência das questões que coloca. A sua noção de Justiça é perfeitamente tocante, poética em toda a sua plenitude. Tentamos que tal noção seja enriquecida e percebida também através do modo como se articulam as diferentes entidades e instâncias envolvidas. Conseguir levar isto a cabo não é mesmo nada, nada fácil...

Haverá imensas famílias a braços com idêntica situação e, sem dúvida, tal como no nosso caso, fazendo votos no sentido de que o processo decorra com a máxima dignidade. Tal desejo radica em todas as razões habitualmente atinentes neste contexto às quais acrescentaria mais uma, qual seja a de muitas das nossas crianças, mais ou menos da idade do Pedro Maria - que é tudo menos precoce e, aliás, normalissimamente dotado - estarem interessadas e atentas. A sua Educação, em relação aos superiores valores das nossas Cultura e Civilização, também passa «por aqui».

Se dificilmente se atingirá a plataforma do impecável, pelo menos que não haja deslizes irrecuperáveis...

 

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