[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 20 de outubro de 2015



19 de Outubro de 1929
Nascimento de Raul Solnado (m. 2009)

[publicado no facebook em 19.10.2015]

Ao assinalar o seu aniversário, gostaria de reproduzir, ainda que parcialmente, um texto que subscrevi, publicado dois dias depois de nos ter deixado, em 8 de Agosto de 2009. Como verificarão, aproveitei a circunstância para dar a conhecer a sua condição de maçon, de alguém que, por todas as razões e mais esta, continua a ser tão caro.

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Raul Solnado,
obra de humor, para o Amor


 
É coisa nada frequente que um dos mais conhecidos portugueses tenha sido uma excelente pessoa, ao ponto de estar no coração de todos, sem que se lhe aponte algo que desmereça a geral estima e o grande carinho que todos lhe manifestam. A circunstância de ter morrido há apenas dois dias propicia a lembrança.

"(...) é a sua condição de membro da Maçonaria que pretendo evidenciar, ao partilhar convosco considerações tão pertinentes quanto aplicáveis a outros maçons, a maior parte dos quais ilustres mas anónimos. (...) tenho a certeza de que poucos leitores saberiam da sua filiação na Augusta Ordem Maçónica. E, por outro lado, rarissimamente, a morte de alguém, tão querido, tão chegado que mais parece parente muito próximo, terá sido encarada de modo tão desdramatizado, tão natural.

A propósito, aproveitaria o ensejo para lembrar como Wolfgang Amadeus Mozart, em carta datada de 4 de Abril de 1787, partilhava com o pai Leopold o que ambos, católicos fervorosos e igualmente maçons, tinham aprendido na Maçonaria, ou seja, que “(…) a morte é o grande objectivo da nossa vida. (…) familiarizei-me com esta verdadeira e melhor amiga da humanidade, de tal modo que não só a encaro sem terror como inclusive se me revela apaziguadora e reconfortante (…)”
 
De algum modo, foi à luz desta mesma ideia, que também o próprio Raúl Solnado foi preparando a cena. Discretamente. Apercebendo-se do fim, deixou cair, aqui e ali, as palavras indispensáveis ao entendimento da mensagem. Mas não foi preciso chegar a este momento da passagem ao oriente eterno, para perceber como os grandes princípios e valores da Maçonaria – Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a famosa tríade que é matriz dos tempos modernos – nortearam os passos daquele homem.
 
Inteligente, paradigma de bondade, solidariedade, de cidadania activa, de lutador pelos grandes valores da humanidade, Raúl Solnado a todos nos marcou, tornando-nos melhores. Como verdadeiro maçon, ele era a simbólica pedra bruta cujo constante aperfeiçoamento é indispensável à construção do templo individual e colectivo, obra de e pelo Amor.

Gostaria de aproveitar este momento para sublinhar que o objectivo máximo da Maçonaria universal é o conhecimento e, nesse sentido, trabalham em comum os seus membros, para o aperfeiçoamento intelectual e moral da sociedade. Fundamentalmente para acabar com os preconceitos que impedem o diálogo e a harmonia. Entre outras coisas, o maçon é um homem que nasceu livre, precisamente porque, através da Iniciação, morreu para os preconceitos.

Infelizmente, nem sempre é pelas melhores razões que, na maior parte dos casos, a Augusta Ordem Maçónica e certos maçons ocupam espaço nos media. A partir de agora, quando tal voltar a acontecer, lembrem-se de Raúl Solnado. Sempre que vos apontarem um traste que se aproveitou da condição de maçon em proveito próprio, não tomem a árvore pela floresta...


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