[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 19 de outubro de 2015



Naufrágio,
baixa literacia
e preocupações de sesquerda...




Mais ou menos terminado o período das lágrimas de crocodilo que, ávida de facturar, a comunicação social propiciou durante uma boa semana - até que, finalmente, para sossego de todas as consciências incomodadas, se demitiu o Comandante do Porto da Figueira da Foz , o bode expiatório mais à mão - já posso colocar as perguntas que me assaltam, desde os primeiros minutos após conhecimento de mais este naufrágio de uma em...barcação de pesca.

Tão lestos a condenar o presumível atraso do socorro, a ninguém terá causado estranheza que aqueles trabalhadores não usassem colete de salvação, aliás, como habitual e invariavelmente acontece em situações análogas?

Não há inspecções aos barcos em faina no sentido de, instantaneamente, verificar se todas as condições de segurança estão sendo respeitadas? Na análise dos sinistros, as companhias de seguro têm em consideração o facto de os trabalhadores não estarem devidamente protegidos? Que responsabilidade é assacada ao armador? E ao mestre de pesca?

Ora bem, hão-de concordar que, também em circunstâncias como a do caso vertente, se pode e deve avaliar até que ponto são baixos os níveis da literacia de um país com um litoral com a dimensão do nosso e actividade piscatória tão significativa e entranhada nas culturas locais.
Se quiséssemos ser ainda mais pertinentes, aos baixíssimos níveis da literacia, ainda teríamos de acrescentar a alta taxa de analfabetismo que, infelizmente para nós, portugueses, não têm comparação em qualquer país da União europeia a vinte e oito!...

Quando, a propósito de um acidente tão lamentável, temos de introduzir elementos de análise como alguns destes a que acabo de aludir, então bem entendemos - se, para tanto estivermos devidamente alerta - a razão que assiste a António Costa quando, queixando-se de que a coligação PSD/CDS não respondeu às questões suscitadas pelo PS, tanto repetiu a importância das medidas relativas à Educação de Adultos.

É que, por esse importantíssimo domínio do Sistema Educativo, passa a possibilidade de um desenvolvimento sustentado na aquisição de competências por parte dos cidadãos mais desguarnecidos e geracionalmente fragilizados, que, por variadíssimas zazões, embora integrados no mundo laboral, não adquiriram aqueles saberes em tempo oportuno e na dimensão adequada, tanto à sua actividade profissional como ao desejável envolvimento na vida cívica.

Pois é, meus caros amigos, só preocupações de esquerda!...


 

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