Uma «Sinfonia» à esquerda
[publicado no facebook em 10.11.2015]
Já acederam às reacções que vão por essa Europa fora acerca das horas históricas que estamos a viver no Parlamento de São Bento? Pois, ao conhecê-las, cada vez estou mais convencido de que o exemplo português, depois do que se passou e está a passar na Grécia, vai promover um abanão muito significativo no instabilíssimo equilíbrio que se tem vivido nas designadas «instituições europeias».
Há décadas a viver uma vida «economico-financeira de-faz-de-conta-que-está-tudo-bem», acabada imagem de avestruz com a cabeça sob a areia, a Europa - nomeadamente, o eixo Paris-Berlin - está habituada a um 'quero, posso e mando' que, num primeiro andamento, Atenas soube pôr de sobreaviso de maneira magistral.
Depois dos resultados das eleições legislativas em Portugal e do subsequente histórico acordo que, hoje mesmo, a esquerda formal portuguesa assinará, comprometendo-se com um entendimento que parece ter condições para sustentar a legislatura agora iniciada, também começa o segundo dos andamentos do acordo, ou seja, em grego, da «sinfonia» [συμφωνία].
Estou em crer na previsibilidade de uma Europa que poderá começar a tocar uma «sinfonia de esquerda», um grande acordo de esquerda, se souber concentrar alianças e esforços para fazer frente aos «mercados» que, por natureza, são apátridas, imorais, amorais e a assumpção mais radical dos valores que o Papa Francisco não se cansa de lembrar como sendo os da «economia que mata».
O actual governo espanhol já receia o que, por via do «exemplo ao seu lado» poderá bater à porta já nas próximas. eleições. No Reino Unido, o Partido Trabalhista acabou de eleger um líder que saberá aproveitar a onda que começa a subir das costas meridionais. Portugal, a Grécia, a Itália - que só está à espera deste importante empurrão - a Espanha, num próximo futuro, a França que não quererá perder a oportunidade de se posicionar como fortíssimo interlocutor com o centro e norte europeus, a Irlanda, a Islândia, como periféricos a Norte, todos podem constituir um seríssimo dique, para cá do qual se lute pelo enquadramento mais conveniente à renegociação das dívidas respectivas, cada vez mais incomportáveis.
Permitam que cite as palavras que subscrevi num post aqui ontem publicado, subordinado ao título "Histórico":
"(...) Momentos históricos? Sem dúvida alguma e na certeza absoluta de que a ribalta está a abarrotar de quem tudo vai fazer para destruir uma solução com pés para andar e, inclusive, de contribuir para as profundas mudanças no centro-esquerda e na esquerda europeia. Sem essas mudanças político-partidárias não vingará o designado projecto europeu, tão compósito, complexo e desafiante."
Enfim, esta é a minha esperança que se mescla com laivos de convicção. Se nos assistir a lucidez bastante, talvez consigamos dar os certos passos que tantos, tantos, poderão aproveitar, se não como exemplo, pelo menos, como significativos marcos para reflexão.
Estou em crer na previsibilidade de uma Europa que poderá começar a tocar uma «sinfonia de esquerda», um grande acordo de esquerda, se souber concentrar alianças e esforços para fazer frente aos «mercados» que, por natureza, são apátridas, imorais, amorais e a assumpção mais radical dos valores que o Papa Francisco não se cansa de lembrar como sendo os da «economia que mata».
O actual governo espanhol já receia o que, por via do «exemplo ao seu lado» poderá bater à porta já nas próximas. eleições. No Reino Unido, o Partido Trabalhista acabou de eleger um líder que saberá aproveitar a onda que começa a subir das costas meridionais. Portugal, a Grécia, a Itália - que só está à espera deste importante empurrão - a Espanha, num próximo futuro, a França que não quererá perder a oportunidade de se posicionar como fortíssimo interlocutor com o centro e norte europeus, a Irlanda, a Islândia, como periféricos a Norte, todos podem constituir um seríssimo dique, para cá do qual se lute pelo enquadramento mais conveniente à renegociação das dívidas respectivas, cada vez mais incomportáveis.
Permitam que cite as palavras que subscrevi num post aqui ontem publicado, subordinado ao título "Histórico":
"(...) Momentos históricos? Sem dúvida alguma e na certeza absoluta de que a ribalta está a abarrotar de quem tudo vai fazer para destruir uma solução com pés para andar e, inclusive, de contribuir para as profundas mudanças no centro-esquerda e na esquerda europeia. Sem essas mudanças político-partidárias não vingará o designado projecto europeu, tão compósito, complexo e desafiante."
Enfim, esta é a minha esperança que se mescla com laivos de convicção. Se nos assistir a lucidez bastante, talvez consigamos dar os certos passos que tantos, tantos, poderão aproveitar, se não como exemplo, pelo menos, como significativos marcos para reflexão.
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