[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015




2 de Dezembro de 1923
Nascimento de Maria Callas (m. 1977)




Faria hoje 92 anos. Recordemos a sua passagem por Lisboa onde, no Teatro Nacional de São Carlos, no dia 27 de Março de 1958, veio fazer uma inesquecível Violetta Valéry. Passados 57 anos, ainda sou capaz de lembrar a toilette da mãe para essa récita. Não há muito tempo, a minha irmã Ana Maria a descreveu como só ela sabe fazê-lo...

Ah, meu Deus, que património de memórias relacionadas com São Carlos! Nessa altura, não fui, tinha apenas dez anos. Mas, a partir do início dos anos sessenta, guardo recordações inolvidáveis. Tão impressivas e, em relação aos elencos, de tal qualidade que, hoje em dia, me custa entrar naquela casa. Enfim, se for caso disso, para outra altura ficará alguma escrita a propósito de episódios também com familiares e amigos.
 
Voltemos à Callas em Lisboa. Como poderão verificar através dos avisos que surgem durante o visionamento que vos proponho, trata-se de uma gravação amadora, raríssima, único testemunho audiovisual da Callas interpretando este papel. Como sabem, felizmente, há muitos registos áudio mas, tanto quanto julgo poder confirmar, filme, só este.

A propósito, cumpre lembrar que a RDP produziu uma remasterização digital em 2000, muito cuidada, cuja audição aconselho vivamente. Tenha-se em consideração que, desde a década de 80, o lendário registo de La Traviata com Callas e Kraus realizado em Lisboa é considerado gravação de referência.

Recordemos o elenco: Violetta, Maria Callas; Alfredo, Alfredo Kraus; Germont, Mario Sereni; Annina, Maria Cristina de Castro; Gastone, Piero de Palma; Douphol, Álvaro Malta; d'Obigny, Vito Susca; Grenvil, Alessandro Maddalena; Commissionario, Manuel Leitão. Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Orquestra Sinfónica Nacional sob a direcção de Francco Ghione.

No filme biográfico sobre a Senhora Marquesa de Cadaval, de que sou co-autor, a própria Dona Olga Cadaval dá testemunho da sua interferência para concretização da deslocação da Callas a Lisboa, episódio muito sintomático dos tempos que se viviam. Do filme também constam cenas memoráveis da estada da diva na capital.

Ainda uma nota final a demonstrar o altíssimo nível dos elencos que subiam ao palco de São Carlos, referindo que, em temporadas anteriores ao evento em apreço, o papel de Viloletta tinha sido vivido «só» por Maria Caniglia, Renata Tebaldi e Virginia Zeani!...

Bom visionamento!

 
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Lisboa 1958
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