[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016




Dialogues des Carmelites,
Il Combatimento di Tancredi e Clorinda,
Monteverdi, os doges Mocenigo
e a Senhora Marquesa de Cadaval


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Na sequência das referências do Prof. Jose Luis De Moura a "Dialogues des Carmélites" de Francis Poulenc, permitam que transcreva a aoresentação do DVD Arthaus, 2001, n° 4 006680 100043:

"Marthe Keller tutoie Poulenc
Dialogues des Carmélites de Francis Poulenc
Opéra National du Rhin (1999), centenaire de la naissance du compositeur
Mise en scène : Marthe Keller
Réalisation : Don Kent.

Choeurs de l'Opéra National du Rhin,
Orchestre Philharmonique de Strasbourg
Direction : Jan Latham-Koenig.

 Avec Anne-Sophie Schmidt : Blanche de la Force, Nadine Denize : Madame de Croissy (Première Prieure), Valérie Millot : Madame Lidoine (Seconde Prieure) ~ Patricia Petibon : Soeur Constance, Hedwig Fassbender : Mère Marie de l'Incarnation, Michèle Besse : Mère Jeanne de l'Enfant Jésus, Laurence Dale : le Chevalier de la Force, Didier Henry : le Marquis de la Force.

Le Dialogue des Carmélites est à la fois un aboutissement et un condensé de toute l'Histoire de l'Opéra. Poulenc se réfère d'ailleurs expressément à Monteverdi dans sa préface. Mieux, le choix d'un texte de dureté et de lumière (Bernanos), que la musique commente, enrichit, caresse et entrelace sans jamais l'obscurcir, retourne directement aux sources du Combatimento di Tancredi e Clorinda ou du Lamento d'Arianna. (...)".
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Ora bem, fique desde já esclarecido que não venho enquadrar-me no contexto da ópera de Poulenc - que, não deixa de ser curioso para que se perceba o que era o brilho do São Carlos naquelas eras - foi estreada em Lisboa, apenas um ano depois da sua estreia absoluta no La Scalla de Milão e, repare-se, no mesmo ano em que Maria Callas se apresentou em Lisboa em "La Traviata". Enfim, outros tempos...

Adiante! É, portanto, a propósito daquela referência a "Il Combatimento di Tancredi e Clorinda" que gostaria de lembrar uma relação intimíssima entre esta ópera de Claudio Monteverdi e a família da Senhora Marquesa de Cadaval. Não será a primeira vez que escrevo acerca do assunto, aqui mesmo, neste mural do facebook mas, como se propicia, não perderei esta nova oportunidade.

"Il Combatimento di Tancredi e Clorinda" é uma 'cantata dramática' em que o compositor se baseia em texto de Torquato Tasso (1544-95), nomeadamente, 52-68 do canto 12 de "Gerusalemme liberata" [Jerusalem Libertada], obra esta que, além de Monteverdi, também inspirou outros compositores como Lully, Haendel, Geminiani, Jommelli, Haydn, Gluck, Rossini, Brahms e Dvořák, e nas artes plásticas, os pintores Lorenzo Lippi, Poussin, Delacroix, Boucher, Tiepolo, etc.

"Il Combatimento" foi publicada em 1638, quatorze anos depois de ter sido composta para uma representação no palácio de Giorolamo Mocenigo, lugar que Monteverdi descreve na introdução à partitura. E é logo, logo, depois de alguns madrigais cantados, precisamente, à guisa de introdução, que Clorinda aparece, seguida de Tancredi, igualmente armado mas montado num 'Cavallo Mariano'.

E por aqui me detenho porque nada mais cumpre acrescentar acerca da cena em questão que ainda pudesse servir o objectivo desta partilha. Então, o Palazzo Mocenigo e o 'Cavallo Mariano'. O palácio não é grande e não há espaço bastante para sentar uma boa plateia de espectadores, razão pela qual a representação teve de se concretizar no 'piano nobile' [andar nobre], ou seja, no primeiro andar, que também não é maior.

Impossível seria para ali levar um cavalo verdadeiro pelo que um cavalo em madeira parece ter sido a melhor solução, aliás confirmada pela circunstância de as marionetas de tamanho humano terem sido - e ainda permanecerem - um elemento típico do teatro popular italiano. O termo ´mariano', com conatações religiosas, ao culto do mesmo nome, é muito próximo de 'marioneta', cuja origem também parece ser religiosa.

Finalmente, a relação dos Mocenigo com Olda Nicolis di Robillant Álvares Pereira de Melo, a Senhora Marquesa de Cadaval. Ora bem, a família Mocenigo deu «só» 7 Doges à 'Serenissima Repubblica di Venezia', governantes aqueles que são ascendentes directos da célebre mecenas. E, ainda hoje, este mesmo palácio do Grande Canal de Veneza é propriedade dos descendentes da Senhora Marquesa, os seus netos Filipe, Teresa, Maria e Paulo, Condes de Scönborn-Wiesentheid.

Foi ali que Dona Olga recebeu muitos dos seus amigos compositores, como Benjamin Britten ou Igor Sravinsky (que queria morrer na casa da sua amiga que teve um trabalhão para o dissuadir de ideia tão tétrica...) bem como os mais distintos intérpretes como o seu íntimo Arthur Rubinstein e tantos, tantos mais.







 
 
 
 

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