Padre Alberto Neto,
meu queridíssimo amigo
[publicado no facebook em 12.02.2016]
Faria hoje 85 anos. Raríssimo será o dia que dele não me lembre. Tudo lhe devo. EIs excertos de alguns textos publicados no blogue sintradoavesso - textos dispersos entre muitos outros em que menciono o Pare Alberto - linhas que hoje partilho, agradecendo a Joaninha Constantino aqui ter trazido a memória de quem continua a habitar-nos tão vivamente.
___________________
"(...) Para enquadrar esta memória que me é tão cara, preciso é contar que, até 1970, ano em que terminámos os nossos cursos, nos casámos e radicámos em Sintra - onde a minha mulher tantas raízes familiares tem, desde meados do século dezanove - vivi em Lisboa, na zona de Belém, Freguesia de São Francisco Xavier.
A minha paróquia era a de Santa Maria de Belém, com sede no Mosteiro dos Jerónimos, onde frequentei a catequese, fiz a Comunhão e casei. O prior era, nem mais nem menos, José da Felicidade Alves, o padre que viria a ser suspenso 'a divinis', por SS Paulo VI, por ter tido a coragem de anunciar o Evangelho como é suposto que a Igreja Católica Apostólica Romana o faça, sem temores, ao lado dos pobres e dos desfavorecidos.
Entre os padres da paróquia, seus companheiros, João Resina Rodrigues, engenheiro e professor no Instituto Superior Técnico, António Emílio, capelão da Casa Pia, que viria a ser prior em Colares, e o mais famoso, Alberto Neto, grande pedagogo, meu querido e pessoal amigo, também posteriormente pároco de Belas, todos eles homens envolvidíssimos nas denúncias dos excessos da ditadura de então, na zona onde vivia a mais poderosa legião de notáveis do regime. (...)" [8 de Setembro de 2015]
_________
(...)
Um detalhe mais pessoal. Nessa altura, nos meus treze anos, era o Padre Alberto Neto - sim, esse, o patrono da Escola Secundária de Queluz, meu queridíssimo e saudoso amigo - quem, nos Jerónimos, pertencendo à extraordinária equipa do Prior, o famoso Padre Felicidade, animava os cânticos, com a sua voz bem colocada, firme, poderosa.
Naturalmente, dirijo-me aos Católicos, que conhecem estes versos de cor. Acompanhem-me, nesta 'oração cantada', pelos nossos Papas:
"Onde há caridade e amor, aí habita Deus"
1. Aqui nos reuniu o amor de Cristo:
alegremo-nos e n’ Ele rejubilemos.
Respeitemos amorosamente o nosso Deus
e amemo-nos na lealdade do coração.
2. Assim reunidos uns aos outros,
não nos separemos pela discórdia;
longe de nós dissenções e contendas:
esteja connosco o Senhor, Jesus Cristo.
3. E um dia, com teus santos, nós vejamos,
na glória o teu rosto, ó Cristo Deus!
Nossa dita será essa, imensa e pura
por toda a eternidade sem fim. Amen.
(...)
[14.03.2014]
__________________________________
(...)
Desde jovem adolescente, membro da JEC, na Capela do Rato - que, anos mais tarde, tanto daria que falar - com o meu querido e saudoso Padre Alberto Neto como mentor, logo de imediato aderente do movimento dos designados 'católicos progressistas', na minha paróquia de origem, Santa Maria de Belém, com os Padres Felicidade Alves e Resina Rodrigues, na JUC, na Faculdade, ao lado de todos os intelectuais e académicos que comungavam os mesmos princípios e valores, a minha matriz é esta.
(...) a Capela do Rato, verdadeira Casa de Cultura e de partilha dos grandes valores que todos prezamos, espaço de encontro e de convívio de muitos estudantes, que ali procuravam a âncora espiritual de uma Igreja que, ao tempo, não se demitiu do papel que lhe cabia. Todavia, como sabem, não foi este trabalho de sapa, com centenas e centenas de jovens, durante a década de sessenta, que fez a fama da Capela do Rato e isso sim, a célebre vigília que abalou a ditadura.
______________________________
Um dia, também pelos meus treze anos, quando era meu professor de Religião e Moral no Liceu D. João de Castro, o Pare Alberto apareceu com este hino «debaixo do braço» Era um disco de 33 rotações e já levava consigo o gira-discos. Encantou-nos! Isto tem uma força especial à qual são sensíveis crentes e não crentes.
Naquela altura, em 1960, em que o Francês era a minha segunda língua, o mesmo acontecendo em casa de alguns dos meus colegas da turma, logo cantámos com um entusiasmo contagiante
Não resisto partilhar convosco.
Boa Audição!
https://youtu.be/dQ7vqDKMkjQ [accionar este comando]
_______________
Eis o texto:
Victoire, tu régneras !
Ô Croix tu nous sauveras !
1. Rayonne sur le monde
Qui cherche la Vérité
Ô croix source féconde
D'Amour et de Liberté. (refrain)
2. Redonne la vaillance
Aux pauvres et aux malheureux
C'est toi, notre Espérance,
Qui nous mèneras vers Dieu. (refrain)
3. Rassemble tous nos frères
À l'ombre de tes grands bras.
Par toi, Dieu notre Père
Au Ciel nous accueillera. (refrain)
meu queridíssimo amigo
[publicado no facebook em 12.02.2016]
Faria hoje 85 anos. Raríssimo será o dia que dele não me lembre. Tudo lhe devo. EIs excertos de alguns textos publicados no blogue sintradoavesso - textos dispersos entre muitos outros em que menciono o Pare Alberto - linhas que hoje partilho, agradecendo a Joaninha Constantino aqui ter trazido a memória de quem continua a habitar-nos tão vivamente.
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"(...) Para enquadrar esta memória que me é tão cara, preciso é contar que, até 1970, ano em que terminámos os nossos cursos, nos casámos e radicámos em Sintra - onde a minha mulher tantas raízes familiares tem, desde meados do século dezanove - vivi em Lisboa, na zona de Belém, Freguesia de São Francisco Xavier.
A minha paróquia era a de Santa Maria de Belém, com sede no Mosteiro dos Jerónimos, onde frequentei a catequese, fiz a Comunhão e casei. O prior era, nem mais nem menos, José da Felicidade Alves, o padre que viria a ser suspenso 'a divinis', por SS Paulo VI, por ter tido a coragem de anunciar o Evangelho como é suposto que a Igreja Católica Apostólica Romana o faça, sem temores, ao lado dos pobres e dos desfavorecidos.
Entre os padres da paróquia, seus companheiros, João Resina Rodrigues, engenheiro e professor no Instituto Superior Técnico, António Emílio, capelão da Casa Pia, que viria a ser prior em Colares, e o mais famoso, Alberto Neto, grande pedagogo, meu querido e pessoal amigo, também posteriormente pároco de Belas, todos eles homens envolvidíssimos nas denúncias dos excessos da ditadura de então, na zona onde vivia a mais poderosa legião de notáveis do regime. (...)" [8 de Setembro de 2015]
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(...)
Um detalhe mais pessoal. Nessa altura, nos meus treze anos, era o Padre Alberto Neto - sim, esse, o patrono da Escola Secundária de Queluz, meu queridíssimo e saudoso amigo - quem, nos Jerónimos, pertencendo à extraordinária equipa do Prior, o famoso Padre Felicidade, animava os cânticos, com a sua voz bem colocada, firme, poderosa.
Naturalmente, dirijo-me aos Católicos, que conhecem estes versos de cor. Acompanhem-me, nesta 'oração cantada', pelos nossos Papas:
"Onde há caridade e amor, aí habita Deus"
1. Aqui nos reuniu o amor de Cristo:
alegremo-nos e n’ Ele rejubilemos.
Respeitemos amorosamente o nosso Deus
e amemo-nos na lealdade do coração.
2. Assim reunidos uns aos outros,
não nos separemos pela discórdia;
longe de nós dissenções e contendas:
esteja connosco o Senhor, Jesus Cristo.
3. E um dia, com teus santos, nós vejamos,
na glória o teu rosto, ó Cristo Deus!
Nossa dita será essa, imensa e pura
por toda a eternidade sem fim. Amen.
(...)
[14.03.2014]
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Desde jovem adolescente, membro da JEC, na Capela do Rato - que, anos mais tarde, tanto daria que falar - com o meu querido e saudoso Padre Alberto Neto como mentor, logo de imediato aderente do movimento dos designados 'católicos progressistas', na minha paróquia de origem, Santa Maria de Belém, com os Padres Felicidade Alves e Resina Rodrigues, na JUC, na Faculdade, ao lado de todos os intelectuais e académicos que comungavam os mesmos princípios e valores, a minha matriz é esta.
(...) a Capela do Rato, verdadeira Casa de Cultura e de partilha dos grandes valores que todos prezamos, espaço de encontro e de convívio de muitos estudantes, que ali procuravam a âncora espiritual de uma Igreja que, ao tempo, não se demitiu do papel que lhe cabia. Todavia, como sabem, não foi este trabalho de sapa, com centenas e centenas de jovens, durante a década de sessenta, que fez a fama da Capela do Rato e isso sim, a célebre vigília que abalou a ditadura.
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Um dia, também pelos meus treze anos, quando era meu professor de Religião e Moral no Liceu D. João de Castro, o Pare Alberto apareceu com este hino «debaixo do braço» Era um disco de 33 rotações e já levava consigo o gira-discos. Encantou-nos! Isto tem uma força especial à qual são sensíveis crentes e não crentes.
Naquela altura, em 1960, em que o Francês era a minha segunda língua, o mesmo acontecendo em casa de alguns dos meus colegas da turma, logo cantámos com um entusiasmo contagiante
Não resisto partilhar convosco.
Boa Audição!
https://youtu.be/dQ7vqDKMkjQ [accionar este comando]
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Eis o texto:
Victoire, tu régneras !
Ô Croix tu nous sauveras !
1. Rayonne sur le monde
Qui cherche la Vérité
Ô croix source féconde
D'Amour et de Liberté. (refrain)
2. Redonne la vaillance
Aux pauvres et aux malheureux
C'est toi, notre Espérance,
Qui nous mèneras vers Dieu. (refrain)
3. Rassemble tous nos frères
À l'ombre de tes grands bras.
Par toi, Dieu notre Père
Au Ciel nous accueillera. (refrain)
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