18 de Março de 1948
Efeméride pessoal
[publicado no facebook em 18.03.2016]
Efeméride pessoal
[publicado no facebook em 18.03.2016]
O melhor é começar por agradecer a todos quantos já me saudaram. Os vossos votos não são gratuitos. Sabem mesmo bem. Muito obrigado.
Partilho esta data aniversária, entre outros que não me dizem tanto, com gente tão ilustre como, Mallarmé, Rimsky Korsakov, Wilfred Owen, John Updike, Friedrich Hebbel, Gian Francesco Malipiero, Luc Besson ou Augusto Abelaira, gente que, diga-se de passagem, continuo «a frequentar» bastante, não pela coincidência mas porque, de facto, me proporcionam momentos muito especiais.
Então - mesmo «a pedido de várias famílias» - vamos pôr em comum uma peça que me diz muito, desde a infância. Trata-se da Suite "Lenda da Cidade Invisível de Kitezh", que ouvi vezes sem conta, não me perguntem porquê, com uma emoção sempre enorme. Esta estupenda obra, uma 'suite' que o compositor propõe a partir de uma sua ópera homónima, baseia-se num conto fantástico do maior interesse cujo acesso vos aconselho empenhadamente.
Muito resumidamente, a história tem a ver com o avanço das hordas de mongóis sobre a cidade de Kitezh, ao encontro de cidadãos indefesos que mais nada podiam fazer senão rezar com toda a Fé. Quando o exército atacou, foi forçado a retirar porque milhares de fontes brotaram da terra, submergindo a cidade transformada em enorme lago. Este enquadramento, ainda se relaciona com uma lenda de Santa Fevronia de Murom, interessantíssimo manifesto de amor eterno.
Naturalmente, tais ingredientes alimentavama a minha delirante imaginação de miúdo ávido de histórias e da música que, tendo-as como inspiração, nelas tão bem se envolvia para meu permanente deleite. Vou nos meus sessenta e oito. Imaginem um menino, «com menos uns anos», deliciado, ouvindo uma obra composta por um senhor que fazia anos no mesmo dia, e aí têm uma cena que, naturalmente, só eu é que não preciso de imaginar...
Sem quaisquer suportes visuais ou audiovisuais, ouvia eu a gravação que havia lá em casa e que, ainda hoje, guardo religiosamente, um dos muitos discos que o meu pai importava directamente dos Estados Unidos, a partir do catálogo Schwann, para si e para alguns amigos. É essa que vos proponho, pela Orquestra Filarmónica de Leninegrado, dirigida por Yevgeny Mravinsky.
Permitam que termine, confessando como, ao lembrar tais momentos, comparo com o que vai acontecendo com os meus netos na sua relação com a Música. O Pedro Maria, de onze anos, toca estupendamente flauta, atentíssimo à pauta, depois de ter estudado horas, e o João, uma surpresa que me enleva no seu canto ingénuo, ainda não tendo quatro... Isto sim, alegra-me e comovo-me imenso.
Agora a peça do Korsakov.
Boa Audição!
https://youtu.be/2MAI2j3MpfI
[ilustrações: a submersa e invisível cidade de Kitezh; o compositor em 1897]
Ver MaisPartilho esta data aniversária, entre outros que não me dizem tanto, com gente tão ilustre como, Mallarmé, Rimsky Korsakov, Wilfred Owen, John Updike, Friedrich Hebbel, Gian Francesco Malipiero, Luc Besson ou Augusto Abelaira, gente que, diga-se de passagem, continuo «a frequentar» bastante, não pela coincidência mas porque, de facto, me proporcionam momentos muito especiais.
Então - mesmo «a pedido de várias famílias» - vamos pôr em comum uma peça que me diz muito, desde a infância. Trata-se da Suite "Lenda da Cidade Invisível de Kitezh", que ouvi vezes sem conta, não me perguntem porquê, com uma emoção sempre enorme. Esta estupenda obra, uma 'suite' que o compositor propõe a partir de uma sua ópera homónima, baseia-se num conto fantástico do maior interesse cujo acesso vos aconselho empenhadamente.
Muito resumidamente, a história tem a ver com o avanço das hordas de mongóis sobre a cidade de Kitezh, ao encontro de cidadãos indefesos que mais nada podiam fazer senão rezar com toda a Fé. Quando o exército atacou, foi forçado a retirar porque milhares de fontes brotaram da terra, submergindo a cidade transformada em enorme lago. Este enquadramento, ainda se relaciona com uma lenda de Santa Fevronia de Murom, interessantíssimo manifesto de amor eterno.
Naturalmente, tais ingredientes alimentavama a minha delirante imaginação de miúdo ávido de histórias e da música que, tendo-as como inspiração, nelas tão bem se envolvia para meu permanente deleite. Vou nos meus sessenta e oito. Imaginem um menino, «com menos uns anos», deliciado, ouvindo uma obra composta por um senhor que fazia anos no mesmo dia, e aí têm uma cena que, naturalmente, só eu é que não preciso de imaginar...
Sem quaisquer suportes visuais ou audiovisuais, ouvia eu a gravação que havia lá em casa e que, ainda hoje, guardo religiosamente, um dos muitos discos que o meu pai importava directamente dos Estados Unidos, a partir do catálogo Schwann, para si e para alguns amigos. É essa que vos proponho, pela Orquestra Filarmónica de Leninegrado, dirigida por Yevgeny Mravinsky.
Permitam que termine, confessando como, ao lembrar tais momentos, comparo com o que vai acontecendo com os meus netos na sua relação com a Música. O Pedro Maria, de onze anos, toca estupendamente flauta, atentíssimo à pauta, depois de ter estudado horas, e o João, uma surpresa que me enleva no seu canto ingénuo, ainda não tendo quatro... Isto sim, alegra-me e comovo-me imenso.
Agora a peça do Korsakov.
Boa Audição!
https://youtu.be/2MAI2j3MpfI
[ilustrações: a submersa e invisível cidade de Kitezh; o compositor em 1897]
Sem comentários:
Enviar um comentário