Executivo autárquico de Sintra:
- Promessas e tretas,
- histórias para entreter
e, agora, a realidade
De acordo com o teor de repetidas declarações, a Câmara Municipal de Sintra estava decidida. Mais, estava manifestamente empenhada no prolongamento da linha do eléctrico. A propósito deste projecto, representantes de Alagamares Cultura, Canaferrim - Associação Cívica e Cultural e Associação de Defesa do Património de Sintra, entre os quais me incluí, foram recebidos pelos Senhores Vice-Presidente e Vereador do Pelouro da Mobilidade Urbana da Câmara Municipal de Sintra, em 17 de Junho de 2015, tendo escutado inequívocas e indesmentíveis declarações de intenção naquele sentido.
Segundo nos disseram os autarcas, numa primeira fase, até ao fim do mandato do actual executivo, que ocorrerá já no próximo mês de Setembro, o eléctrico já atravessaria a Av. Heliodoro Salgado, nos seus segmentos rodoviários e pedonal - acabando com aquele nefando sarcófago de uma artéria sem outra que não esta hipótese de requalificação - a caminho da estação terminal da CP.
Posteriormente, estava prevista a ligação à Vila Velha, assim se reconstituindo e repondo um percurso que tinha todas as condições para beneficiar a recuperação da animação turística de locais emblemáticos da Estefânea e do Centro Histórico.
Apenas a 8 meses da conclusão das obras, não havia quem não ansiasse pelo seu início. Até porque, por esta via, também se resolveriam outros problemas, entre os quais, o da regularização do piso entre a rotunda Nunes Carvalho e a Desidério Cambournac...
Dificilmente me lembro de intervenção tão esperada nesta zona do coração do concelho. Estava tudo na calha, umas coisas «a puxar» pelas outras. Por isso se aguardava a urgente montagem do estaleiro. Em princípio de ano, nada poderia ser mais mobilizador para renovação do ânimo.
Mas, infelizmente, nada disto vai acontecer, como já dei a entender através do emprego do pretérito imperfeito e do condicional… Basta ler o texto do comunicado do executivo autárquico para se perceber que nos andaram a entreter com promessas de intervenções para as quais, manifestamente, demonstram a mais evidente incapacidade.
Se bem se recordam, para esta zona da sede do concelho, que tão precárias condições de qualidade de vida apresenta, também o mesmo Senhor Vereador chegou a anunciar um projecto de Animação Cultural, de tal modo ambicioso, que a designação não podia ser mais pomposa, ou seja, nem mais nem menos do que Quarteirão das Artes…
Deixem-me ironizar para não sucumbir de tristeza. É que, parecido com o prometido só mesmo o Museumsquartier [Quarteirão dos Museus] de Viena de Áustria… Afinal, saíu aquela coisa pífia, desconsoladora, de um Musa que, instalado no prestigiado edifício do Casino, teimosa e iremediavelmente, permanece às moscas, porque a competência ali residual, de facto, tão, tão poucochinha, que não chega para fazer a animação que seria possível…
Contudo, além destas histórias de promessas que não eram para cumprir, mas só para entreter e ir preenchendo o tempo, também nos andaram a azucrinar com conversa do teleférico e, ao fim e ao cabo, deixando de concretizar a instalação dos parques periféricos.
Aliás, na tal audiência de Junho de 2015 acIma referida, também nos disseram aqueles autarcas que, em 2016, as coisas estariam tão bem, tão bem encaminhadas que, a partir do IC 19 e da A16, através de placares electónicos, os condutores poderiam escolher quais os parques periféricos onde estacionar…
O calibre das promessas não poderia ter sido mais abrilhantado. Agora, isso sim, praticamente em cima das eleições - que truque mais estafado e pacóvio! - vão cumprir a promessa destas obras, depois de três anos e tal de queixas.
Não vale a pena recuar aos famosos 12 anos porque a miséria daquele pavimento, a fonte cibernética, o horror do segmento pedonal da Heliodoro Salgado, tudo aquilo esteticamente horroroso além de pessimamente concretizado a nível técnico, herdámos nós de outras eras… A asneira grossa vem desse tempo, não há que enganar.
Qual carro-eléctrico, qual carocha!... Com estes senhores, está mais que visto. De eléctrico, nada! Quem sabe? Talvez acabem por ir de carrinho!...
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