[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 18 de maio de 2017



Da ignorância, os resultados
e a mudança que se impõe

[publicado no facebook em 18.05.2017]

Hoje mesmo, em conversa com uma boa amiga, tentávamos encontrar a razão primordial para o descalabro do que tem sido a gestão dos Pelouros da Cultura e da Mobilidade Urbana do actual executivo da Câmara Municipal de Sintra.
As consequências são manifestas. Atente-se, por exemplo, na indigência a que chegou o Festival de Sintra, bem patente no programa da sua 52ª edição em curso. Ou repare-se como estão às moscas os museus municipais. Tenha-se em consideração o caos no trânsito e a incapacidade para instalação dos parques periféricos de estacionamento que transformaram Sintra num destino armadilhado para visitantes.
Não precisámos de dar muito trabalho às meninges para lembrar e coincidir com Cícero que, há cerca de dois mil e duzentos anos, já tinha expressado opinião segundo a qual "a ignorância é a maior enfermidade do género humano"... De facto, nada mais certo. Que lucidez!
Esta gente é muito ignorante. Em Sintra, pelo menos, nestes dois domínios, repito, da Cultura e da Mobilidade, ocupando cargos cruciais que condicionam a qualidade de vida de residentes e forasteiros, esta gente vai acabar o seu mandato deixando situação pior do que quando iniciou o mandato...
Horrível é não ter outra hipótese senão concluir que, afinal, é na sequência de processos perfeitamente democráticos, que tais pessoas alcançaram tais postos. Ou seja, ao exprimirem a sua vontade e delegando a quota-parte de poder que detêm no Estado Democrático de Direito, os eleitores indigita(ra)m perfeitos ignorantes.
A falta de informação, por um lado, a ausência de lucidez por outro, determinam opções perversas. Tal não significa que a Democracia seja um regime perverso mas, isso sim, por parte do eleitor, que pressupõe um bom conhecimento de causa da 'res publica' que lhe é mais próxima.
Postos como estes, de Vereador de um executivo de uma comunidade com as características deste que é o segundo concelho do país, não estão, não têm sido preenchidos por pessoas que dominem as matérias que é suposto. Infelizmente, as consequências não podem ser mais patentes. E isso tem mesmo de mudar.
Oxalá que o próximo acto eleitoral, cuja informal campanha já está em curso, possa fornecer aos eleitores indícios inequívocos acerca dos candidatos, de tal modo que possam votar sem que o resultado se revele perverso. Naturalmente, também neste domínio, se impõe que impere previsibilidade possível.

[Ilustr: Marcus Tullius Cicero, 106-43 ac]

Sem comentários: