[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007


O caso do pilar inestético


Há cerca de duas semanas, falava eu com uma técnica da Câmara Municipal de Sintra acerca da necessidade de dotar determinada via com dispositivos dissuasores do estacionamento de viaturas em cima dos passeios. Colocando a possibilidade de aplicar certo modelo de pilares metálicos, fui confrontado com a impossibilidade de concretização devido a questões de segurança.

Pois, muito bem, em caso de incêndio, por exemplo, as viaturas de ataque ao sinistro poderiam ter de recorrer à utilização dos passeios para assegurarem o acesso ao local onde seria preciso actuar. Todavia, a instalação dos pilares em questão impediria tal recurso. Nestes termos, aconselha a prudência que sejam estudados meios de dissuasão que, em situação limite de desastre, não constituam obstáculo.

Seguidamente, ainda com o mesmo propósito, apresentava eu a alternativa dos pilares longitudinais que, normalmente pintados de amarelo, marcam eficaz presença em certas ruas de Sintra. Colocados a estratégica distância uns dos outros, constituem solução muito acessível, se comparada com a dos pilares cilíndricos que, no entanto, são incomparavelmente mais dispendiosos.

De baixa altura, conseguem dissuadir qualquer condutor de veículo ligeiro ao seu assalto mas, por outro lado, são facilmente transponíveis por um carro de bombeiros, cujas características permitem tal manobra, sem afectar qualquer componente mecânica. Aparentemente, ali estava a solução ideal, perfeitamente adequada.

Isso era o que eu julgava. Bem podia eu acrescentar que, inclusive, é algo que tenho visto um pouco por todo o lado, tanto em Portugal como no estrangeiro, que a referida técnica se mostraria irredutível. Mas, então, por que motivo? Tão somente, por uma questão de estética. São feios, percebem? Baratos, praticamente inócuos, eficazes, sim senhor, mas declaradamente feios.

Bem, uma lástima que a senhora alvitrava poder resolver através da instalação de floreiras, cujo volume, tanto quanto sou levado a concluir, não é nada compatível com as invocadas razões de segurança que, lembrem-se, não podem dificultar o recurso às expeditas medidas que mencionei...

Não há dúvida que, sendo caricato, não chega a constituir problema intransponível. Não deixa é de revelar uma atitude técnica que dá que pensar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não parece mas há muita gente com esta mentalidade. Em vez de como técnica, se preocupar com uma solução técnica que não seja totalmente inestética, essa senhora deve ser daquelas burocratas que empatam qualquer projecto com objecções disparatadas. Seria de lhe perguntar qual foi a sua participação no projecto da Av. Heliodoro Salgado...

Parabens pelo seu blogue.

Inácia Duarte

Sintra do avesso disse...

Para Inácia Duarte,

Sinceramente, não sei se a tal técnica da CMS esteve envolvida no processo da Heliodoro Salgado. Não creio.
O episódio de que dei conta, não passa disso mesmo, um mero episódio. Tenho a certeza que um pouco de persuasão levá-la-á a mudar de parecer. Os argumentos da operacionalidade com baixos custos ainda têm muito peso.

As melhoires saudações do

João Cachado

Anónimo disse...

Senhor Dr. João Cachado,


Obrigada pela sua resposta. Ainda a popósito também gostava de perceber como é que os feios pilares amarelos são postos em certos lugares pela própria Câmara e noutros já não. Deixam de ser feios consoante o lugar onde são colocados?

Cumprimentos


Inácia Duarte