Desde Outubro que o edifício onde está instalado o Museu de Arte Moderna de Sintra-Colecção Berardo tem estado encerrado para inadiáveis obras de beneficiação geral. Era tempo de as concretizar já que o degradado estado de conservação do antigo Casino assim o exigia. De facto, se as fachadas, mais visíveis, pediam intervenção de limpeza, muito mais grave eram as abundantes infiltrações de águas pluviais, a deficiente climatização, e outros preocupantes factores totalmente incompatíveis com o desempenho daquelas instalações.
Sintra decidiu ter um Museu de Arte Moderna. E decidiu muito bem na medida em que, inquestionavelmente, se colocou num circuito de referência, atraindo um específico tipo de público que não pode ignorar o que aqui se passa. Constitui, portanto, um importante factor de dinamização cultural local, um foco de atenção dos potenciais interessados, de muitos nacionais e estrangeiros.
Um museu, qualquer museu, é um lugar especialíssimo de elevação espiritual, de sofisticação, de cultivo do Belo. As questões de ordem estética afins do usufruto do público - muito para além das obras expostas e dos cuidados de preparação, a montante do espectáculo único que toda a exposição constitui - ficam decisivamente comprometidas se o espaço onde tudo isto acontece não estiver dotado de inequívocas condições de acolhimento.
Há uns anos que se atingira, se não um ponto de ruptura, pelo menos uma situação limite, em que se jogava uma já evidente cartada de dignidade, na compatibilização da necessidade de mostrar com o receio de danificar as obras que, pura e simplesmente, só podem aparecer aos nossos olhos se estiverem asseguradas todas as condições.
Acompanhei as notícias que vieram a público, por altura da renegociação do protocolo entre a Câmara Municipal de Sintra e o Comendador Joe Berardo, documento que, muito avisadamente, compreenderia a concretização das obras que refiro. Também li, a propósito, excertos das intervenções de alguns senhores Vereadores que, tendo sido registadas na Acta da respectiva reunião do executivo, vão ficar para a História como manifesto da preparação cultural de tais intervenientes...
Seja como for, decorreu uma campanha de obras cuja qualidade se espera tivesse sido devidamente controlada, no sentido de que não venham a verificar-se os nefastos efeitos posteriores às primeiras obras de adaptação do edifício, há cerca de dez anos. Houve um inequívoco empenho e investimento por parte da autarquia que não o podia adiar por força do protocolo e pela necessidade de preservar o bem patrimonial que Norte Júnior traçou. Aqui estou a saudá-lo.
O Comendador Berardo, por seu turno, evidencia exuberantemente o interesse na continuidade da parceria. Assinalando esta nova fase de colkaboração, fez implantar duas monumentais peças de escultura de Fernando Botero e Pablo Atchugarry que, enriquecendo o acervo permanente da colecção afecta a Sintra, constituirão mais dois polos de atenção em pleno coração da sede do concelho.
Foi oportunamente inaugurada e ficará patente, até final de Abril, a exposição Arte Latino-americana na Colecção Berardo. Mais uma vez, justo é destacar o incansável labor da directora do Museu, Dra. Maria Nobre Franco e da sua equipa, na montagem de mais esta oferta cultural.
2 comentários:
Caro Dr. Cachado,
Gostaria de saber a que se refere quando fala dos vereadores que se pronunciaram quando o protocolo foi renovado. Se é coisa para a gente rir um bocado, faça o obséquio de clarificar.
Cumprimentos
Artur Sá
Caro Artur Sá,
Para lhe responder de modo minimamente satisfatório, terei que encontrar os meus apontamentos acerca do caso. Acontece que, infelizmente, os terei perdido. À cautela, já pedi um exemplar do Jornal da Região onde me lembro de ter visto uma desenvolvida reportagem acerca da reunião da Câmara durante a qual o assunto foi debatido.
Vai ter a paciência de aguardar. Aproveito a oportunidade para lhe mandar um abraço com os meus agradecimentos pela fidelidade aos meus escritos. E Boas Festas.
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