Chove, chove razoavelmente em todo o país e é bom que assim seja. Só quem não tem a mínima ligação ao mundo rural pode regozijar, ao ouvir certos radialistas afirmarem que está mau tempo pela simples razão de estar a chover, de fazer frio ou de o vento soprar mais forte. Para tais emissores e receptores de urbanas mensagens, não convém aquilo que se considera a normal situação de invernia dum clima temperado.
Em Sintra, graças a Deus, também chove. Finalmente! Que falta, por exemplo, estava a fazer às hortaliças. No mercado, os nossos amigos da lavoura vizinha [ainda há, sim senhor...] bem se queixavam. E nós que, há tantos anos, acompanhamos as suas vidas, aqueles de nós que mantemos e sabemos como manter uma saudável relação com a ruralidade circundante, também compreendemos as suas ralações. Interagimos, gostamos de fazer parte da mesma realidade.
Mas tal falta fazia sentir-se noutros domínios igualmente importantes. Ora reparem. Recentemente, tendo andado em busca de musgos tenros, viçosos e frescos, tive grande dificuldade em encontrá-los nos locais onde tal colheita não é prejudicial. Quase ia comprometendo a montagem do presépio... Na realidade, a ausência de chuva e de humidade estava a fazer o seu pernicioso trabalho.
Com pouca água, sem a suficiente humidade, como podia apodrecer tudo quanto depois se revela naqueles fortes odores outonais de que já estávamos ávidos, tão característicos nesta Sintra-Sintra? Entre Oceano e Serra, em resultado deste auspicioso clima, destas indispensáveis chuvas e humidades, aí estão os líquenes, os musgos, os cheiros, a riquíssima paleta cromática, o manancial de satisfação para que apontam permanentes promessas de defesa e recuperação do património natural e edificado.
E onde é que vamos desaguar com esta chuva? Olhem, por mim, sempre à velha luta de que jamais desistirei. Cada vez mais animado, sabendo como sei que há por aí imensos cúmplices, todos comungando a esperança de, mais tarde ou mais cedo, podermos contribuir para cindir este monstruoso e gigantescoi concelho, pelo menos, em duas unidades, de tal modo que se torne operacional a separada gestão de ambas.
Neste penúltimo parágrafo, continuamos a desaguar no muito trabalho por fazer em Colares, São João das Lampas, São Martinho, Santa Maria e São Miguel, São Pedro, Almargem do Bispo que, na sua especificidade, nada tem a ver com o que deverá ser concretizado no triste betão de uma série de desengraçadas mas muito populosas freguesias cuja ligação administrativa a este nuclear concelho, prejudica tudo e todos.
Só corremos o risco de nos aplicarem o epíteto de elitistas militantes. Olhem, paciência. Com tanta ignorância militante por aí à solta, se não corrêssemos este risco é que muito me admiraria...
1 comentário:
Caro Dr Cachado,
Elitista militante? Eu e com muita honra. Acompanho há anos o seu combate a favor da divisão do concelho de Sintra e não posso estar mais de acordo. Está visto que é a solução. Por mais voltas que derem terão que ir dar a essa conclusão. Se não me engano o próprio estudo do Prof. Braga de Macedo sobre o futuro de Sintra a quinze anos vai nesse caminho. Só não percebo como é que não se está a trabalhar com visibilidade na questão.
Aproveito para enviar votos de Boas Festas para si e para todos os que participam neste blogue.
Artur Sá
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