Parques de Sintra Monte da Lua
Na sequência do texto que ontem publiquei, gostaria de todos contemplar com uma verdadeira pérola. O brinde foi-me dirigido na passada terça-feira, como comentário a "Alta Tensão", datado de 18 de Dezembro do ano findo, que também apareceu na última edição do Jornal de Sintra. Trata-se do primeiro parágrafo de uma mensagem assinada por André Fernandes, que passo a transcrever parcialmente:
"(...) e convido-o desde já a deslocar-se a Monte Abraão e ver o excelente trabalho (...) os espaços verdes quase que rivalizam em beleza com alguns dos parques históricos de Sintra, e seguramente que estão mais bem cuidados (...)".
E esta, hem! De semelhante bomba é que ninguém estava à espera! Convencidos estávamos todos da absoluta excepcionalidade de Sintra, da qualidade única dos seus parques históricos, por exemplo, o de Monserrate que, em plena época victoriana, se considerou do melhor do Mundo e, de uma penada, eis que Monte Abraão aparece a reivindicar desconhecidos tesouros.
Pena? Monserrate? Pois, sim senhor, não é que Monte Abraão faça sombra, mas muita atenção! Afinal, num incaracterístico subúrbio de Lisboa, numa freguesia tão jovem quanto os dez anos de Monte Abraão, ficamos a saber que há espaços verdes quase. [certamente terão reparado no cuidado com que o autor, tão modestamente, empregou o advérbio...].
E, finalmente, a partir de agora - sim, só agora, que temos andado todos muito distraídos - também ficámos a saber que Monte Abraão, com toda a sua diversidade sociocultural "(...) faz parte integrante e fundamental do Património da humanidade de Sintra [a humanidade minúscula, é da responsabilidade de André Fernandes, o citado autor de que continuo a socorrer-me] porque Sintra não é só a Paisagem pilhada de acácias (...)".
Não me digam que não estão comovidos com as autênticas pérolas que um blogue vos pode oferecer... Compreenderão, estou certo, não só a pertinência do título desta peça, já que se impunha a chamada de atenção à PSML - não fosse dar-se o caso de, coitados, continuarem a permanecer na ignorância -mas também a necessidade que senti de partilhar convosco este duplo património oculto.
Passo a explicar. Oculto, misturado com outros, ficaria o comentário de André Fernandes, que passou a fazer parte do meu património de curiosidades; também oculto, na penumbra causada pelas sintrenses brumas, ficaria aquele que, por fim, é posto a claro como o tal património quase... É o que pode designar-se uma semana de verdadeiro enriquecimento patrimonial.
2 comentários:
Meu caro João Cachado,
Não leve a mal que desempenhe o papel de advogado do diabo, pois como sabe todos nós temos a visão que o mundo nos dá e, à maneira de cada, as imagens são diferentes.
Inequívocamente, a Junta de Monte Abraão tem feito um trabalho meritório em ajardinamentos que a destaca de muitas outras. A respectiva Presidente e outros membros são credores de apreço.
A intervenção do estimado participante André Fernandes será o seu orgulho, levando-me a admitir que pouco conheça dos Parques de Sintra. Existirão razões que tentarei explicar:
-Embora eu discorde da divisão do concelho, dou-lhe razão porque não tem sido incentivada a ligação entre Monte Abraão e Sintra;
-Nem os residentes nas freguesias da matriz de Sintra se revêem em Monte Abraão (e outras freguesias) nem os das outras se revêem em Sintra;
-Ao invés de se fomentar a unidade entre as freguesias mais afastadas e a Vila, tem sido feito exactamente o contrário (más acessibilidades, complicações burocráticas, ausência de políticas culturais, poucas Assembleias Municipais descentralizadas, etc);
-Pouca divulgação dos direitos de acesso aos nossos Parques: Poucos munícipes sabem que aos Domingos a entrada nos Parques de Sintra é gratuita até às 12-13 horas, podendo visitar o Palácio da Pena, os Capuchos e Monserrate. É um direito quase mantido em segredo e isso não incentiva o conhecimento. Receio que nem o participante André Fernandes saiba;
-Tal como pouca gente sabe da existência do Parque das Merendas-Mata Municipal, ali a 100 metros do Centro Histórico e que quase não é visitado, por falta de indicação apropriada (foi sugerida mas ninguém ligou, como habitualmente);
Isto para dizer que, num concelho com estas dificuldades, quantos não serão os nossos co-munícipes com tendência para sobrevalorizar aquilo de bom que vêem todos os dias, porque desconhecem outras pérolas que obrigam ao abrir das conchas.
Ao André Fernandes - se ler estas minhas palavras - apenas peço que venha até à nossa Serra (de nós todos), visite o Castelo, o Palácio e os Lagos da Pena, vá ver como belo está o Palácio de Monserrate...num domingo de manhã. Além dos sonhos apenas precisa de levar o BI, para comprovar que é residente em Sintra. Nesta Sintra que vai de Cascais a Loures, de Oeiras a S. João das Lampas, onde não há sintrenses mais nem menos, porque fazemos parte de um todo.
Com o abraço fraterno do
SALOIO
Para SALOIO
(Com o meu pedido de desculpa pelo atraso da resposta)
Mais uma vez lhe expresso, em meu nome e no dos participantes deste blogue, o agradecimento que lhe é devido pelos seus esclarecimentos.
E, mais uma vez, estou totalmente de acordo consigo, em particular - e para que dúvidas não subsistam - em relação ao segundo parágrafo do seu comentário supra.
Quem dera que, tanto neste como noutros espaços de debate, todas as intervenções, apesar da discordância de pontos de vista, fossem como a sua, construtiva, dialogante, mesmo acolhedora.
Oxalá que André Fernandes saiba entender a mensagem de Saloio, assim caminhando para uma lucidez que, quase sempre, não é nada fácil de alcançar. Mas uma boa palavra, oportuna, não tem preço e ocupa lugar de primeiro plano, mesmo no despretensioso quadro de um suporte de informal comunicação como é o sintradoavesso.
Um abraço do
João Cachado
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