[sempre de acordo com a antiga ortografia]
segunda-feira, 3 de março de 2008
Tantas vezes vai o cântaro à fonte…
Não têm conta as vezes em que venho alertando, tanto nestas Notas Diárias como no Jornal de Sintra, apenas referindo suportes escritos, para o problema da sobrelotação dos autocarros da Scoturb, empresa concessionária dos transportes públicos que faz o circuito com destino ao Castelo dos Mouros e Palácio da Pena.
Não só na época estival mas também, durante todo o ano, nos fins de semana e feriados, ao passar pela paragem junto à igreja de São Martinho, em pleno centro histórico, rara será a pessoa que assista àquele espectáculo de encher os veículos até mais não poderem, que não se interrogue se os autocarros em questão não estão obrigados ao respeito de uma lotação limitada.
E, na realidade, igualmente se não percebe como é que pessoas civilizadas, na maior parte dos casos turistas estrangeiros, admitem serem transportadas em condições que tais, perfeitamente à trouxe-mouxe. Hoje em dia, aliás, nem assim é permitido transportar gado... Enfim, devem pensar que, num país atrasado e exótico como Portugal, mais ou menos a resvalar para a América latina, o regime vigente é o do até rebentar…
A autoridade, apenas a uns trinta metros, faz vista grossa. Custa a perceber porquê, mas é assim mesmo, toda a gente o sabe, toda a gente o vê. Uma coisa destas, sistematicamente repetida, pondo em risco a vida de dezenas de pessoas, no sinuoso trajecto da Rampa da Pena, não deixa de constituir um perigoso jogo com a sorte. E, um dia, pode dar para azar…
Longe vá o agouro! Todavia, tal qual aqui o trago, este não passa de mais um dos imensos e famigerados casos de cultura de desleixo que, por vezes, têm trágicas consequências. É que, como diz o ditado, tantas vezes vai o cântaro à fonte…
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3 comentários:
Meu caro João Cachado,
Também sinto as suas preocupações, tendo escrito há algum tempo um artigo no Jornal de Sintra, onde abordava os perigos para os passageiros e, também, os que podem decorrer de uma situação de perigo eminente na Pena...com o trânsito engarrafado por grandes veículos de turismo.
É a incapacidade militante de que somos vítimas, ano após ano, responsável por Sintra ser apreciada em termos risonhos - mas jocosos - por muitos que nos visitam, depois de se confrontarem com cenários dignos de um ou outro país Asiático.
Note apenas dois ou três exemplos.
Há uns meses, foi-me garantido que na semana seguinte a frontaria do edifício onde está instalado o Turismo seria limpa, o que permitiria que se lesse a palavra que lá consta. Até agora, nada.
Os turistas que esperam - no local - os autocarros da ScottUrb, são "contemplados" com os famosos "cheiros do lugar", amiúde invocados para inglês ver, provenientes de um contentor Molok e dois outros convencionais, a que se acrescenta, muitas vezes, o lixo colocado no exterior. É uma forma peculiar dos nossos responsáveis receberem bem quem nos visita.
A este propósito, até referiria a form como junto à estação se indica aos nossos amigos visitantes (pois de amigos se trata, senão não nos visitariam) o caminho para o Centro Histórico. Esteve um papel colado num poste e agora é uma placa artesanal, com uma figura a caminhar para a esquerda e a seta para a direita. Ambas as indicações terão sido da autoria de um anónimo, cheio de boa vontade. Apesar de dois artigos no JS, ninguém responsável na Câmara Municipal deu sinais de se ter envergonhado, pelo que não foram tomadas as devidas providências.
E já vai longa a minha participação,
Um abraço,
Fernando Castelo
Fernando Castelo,
Meu Caro amigo,
Pois é. Ninguém responsável age na sequência dos alertas que, ao longo de anos vamos fazendo. Nem o meu amigo nem eu estamos à espera de que nos agradeçam. Justo é, no entanto, que actuem no sentido de remediar as situações que, tanto nós como outros munícipes, apontamos.
Por exemplo, acerca do problema dos contentores junto à igreja de São Martinho, escrevi um artigo no Jornal de Sintra em 1 de Setembro de 2006, subordinado ao título «Cenas de Verão», ilustrado com seis fotografias, duas das quais reproduzindo o escândalo, à porta do Lawrence´s e do referido templo. Na altura, tendo interpelado os funcionários do Turismo quanto ao caso do hotel (que tinha lixo acumulado à porta, em pleno Verão, havia cinco dias) responderam-me, com a maior displicência, que desconheciam a situação...
Como sabe, tenho escrito centenas de artigos no JS, à razão de um por semana, há não sei quantos anos,sem o menor impacto ao nível da autarquia. Pura e simplesmente, estão-se nas tintas para mim e para si.
Consola-me, por outro lado,de vez em quando, ser convidado por professores e alunos de escolas. Já estive na Secundária de Santa Maria. Como sabe, sou professor numa Escola Profissional cujo objectivo fulcral é a defesa do património, onde tenho oportunidade de fazer uma luta constante. Muito recentemente fui à Escola Don Fernando II para falar sobre esta luta de cidadania através das páginas do Jornal. Tenho a certeza de que, para além dessa gente que está instalada nos serviços camarários e que apenas nos considera uns maçadores, há muitos cidadãos nossos cúmplices. Destes, dos mais novos em especial, espero, isso sim, que se nos juntem para não dar tréguas a quem não tem outro remédio senão aturar-nos a todos e agir em consequência.
Diria que água mole... Em Portugal, meu caríssimo Fernando Castelo, a água deve ser mesmo, muito, muito mole e a pedra,duríssima...
Um abraço grande do
João Cachado
(Com o pedido de desculpas pelo atraso)
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