Pela enésima vez, caros leitores, pela enésima vez, volto a um assunto que bem atesta o desleixo que vai por esta Sintra. Trata-se do problema do estacionamento nas imediações do Centro Cultural Olga Cadaval. Não fosse o caso de, não raro, pôr em risco a segurança de pessoas e bens, eu calar-me-ia, tão cansado estou de bater na mesma tecla.
Considero que não devo silenciar, apesar da vergonha que sinto por viver numa comunidade cujos autarcas, de modo tão flagrante, ignoram qualquer sinal de alerta, civilizadamente apresentado, na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos afectados pela incúria de quem deveria acudir, não só à resolução do caso em apreço mas à de tantos outros, igual e inequivocamente, carecendo de intervenção.
Mais uma vez, os factos, relativos a cenas recentes. Só de há quinze dias a esta parte, tivemos três enchentes no Centro. Tais foram os casos dos espectáculos de Herman José, de Rodrigo Leão e, no passado domingo, de manhã, uma louvável iniciativa do Conservatório de Música de Sintra. Naturalmente, como sempre, carros em cima do terreiro, carros por aí fora, à trouxe-mouxe, por tudo quanto for estacionamento ilegal, desde o Bairro das Flores, às traseiras do CCOC, o caos instalado.
No passado domingo, dia de Missa, foi o bom e o bonito. Tudo atravancado. Filas enormes. Gritos e apitos e, que eu tivesse visto, nem um agente de qualquer autoridade. O costume, o costume com que não me conformo nem resigno, apesar de, aparentemente, não causar a mínima preocupação aos designados responsáveis.
Estou cansado de afirmar, de confirmar e de lembrar que há alternativa a este cenário perigoso de terceiro mundo com que, pelos vistos, tão bem convivem os autarcas eleitos que, olimpicamente, deixam correr o tempo sem a devida intervenção.
A escassos três minutos de passo normal, do outro lado da linha do comboio, há um parque de estacionamento, circundando o edifício do Urbanismo, utilizado nas horas laborais dos dias úteis que, escandalosamente, permanece vazio nos períodos em que os eventos no CCOC originam os lamentáveis e evitáveis desacatos que tenho denunciado, quer através de artigos no Jornal de Sintra, quer neste blogue e em cartas à Câmara Municipal de Sintra.
Bem sei que, para aquele espaço, está prevista a construção de um parque de estacionamento. Mas, santo Deus, entretanto, pelo menos desde que o CCOC foi inaugurado, não poderia ter sido aproveitado para o efeito? Com uma iluminação expedita e assegurada a vigilância adequada, não seria possível, agora mesmo, trabalhar ainda nesse sentido?
A minha última directa diligência para o executivo municipal, acerca deste assunto, foi em fins de 2005. Responderam-me em 14 de Março de 2006 que o Senhor Vereador Luís Duque tinha sido incumbido de solucionar a questão em articulação com a Sintraquorum e Emes, acolhendo o meu alvitre.
Enfim, como se prova por esta dilação, o Senhor Vereador Luís Duque não prima pela operacionalidade… Aliás, este senhor tem sido exímio em não dar as respostas que deveria. Este e outros Senhores Vereadores acobertam-se ao capote do Senhor Presidente e, ao longo dos anos, vão-se safando porque, em última instância, quem dá a cara por tudo que acontece é o responsável máximo.
Amanhã continuarei, neste mesmo quadro de institucional desleixo, lembrando mais outro assunto cuja solução foi anunciada para o passado mês de Janeiro, também dependente da actuação do Senhor Vereador Duque.
PS:
Foram anunciadas pelo grupo Espírito Santo, e começaram a concretizar-se, obras de conservação e recuperação de instalações em Seteais. Para o efeito, a empresa proibiu o acesso a todas as pessoas alheias aos trabalhos em curso, mediante aviso colocado em cada um dos portões.
Nem a Câmara Municipal de Sintra, enquanto instância do poder local, nem qualquer entidade dependente do poder central, forneceram a explicação que se impõe, tanto aos sintrenses como aos forasteiros que demandam o local.
É perfeitamente possível conciliar a necessidade de concretização das obras com a continuação das visitas. Parece imperioso que as entidades de direito se pronunciem, acautelando os interesses da comunidade em articulação com os do concessionário.
Nada impede e tudo aconselha que, salvaguardadas as atinentes e indispensáveis normas de segurança, sejam instalados passadiços de acesso, tanto em direcção ao belveder como à zona mais elevada do terreiro, junto ao portão central (normalmente encerrado e que poderia passar a funcionar) onde os professores costumam dirigir-se aos grupos de alunos que acompanham em frequentíssimas visitas de estudo.
Naturalmente, voltarei ao assunto.
2 comentários:
Meu Caro Fernando Castelo,
Acabei de lhe deixar uma mensagem de resposta à sua última. Espero que tenha lido este meu texto e também o PS que acrescentei já depois de ter publicado a mensagem.
O que está a passar-se em Seteais é uma vergonha. Nem o concessionário nem o adjudicatário das obras podem fechar aquele recinto. Pasma-se como a CMS se deixa ludibriar não com as obras mas com as manobras destes habilidosos que tratam o nosso património como se deles fosse.
Enviei um e-mail para o gabinete do Senhor Presidente na esperança de que tome as previdências que se impõem.
Pode o meu amigo, na justa medida das suas possibilidades, promover alguma atitude que contribua para o sucesso dos propósitos que formulei?
Aguardo as suas notícias. Um grande abraço do
João Cachado
Meu estimado João Cachado,
Os últimos tempos têm sido férteis em desilusões, que por bondade não classifico de provocações.
Tenho-me perguntado, algumas vezes, como é possível que assuntos da maior importância nos levem a expô-los ao Senhor Presidente da Câmara e se tranformem, na prática, numa associação de caracteres com linguagem morta.
Não é ele, meu amigo, que não é mau, os outros é que são...como antigamente se dizia de quem nos governava.
Sucede é que as coisas vão andando ao sabor de quem se julga com mando e as respostas que temos são zeros, pior, é a indiferença total para com as consequências e reflexos na comunidade.
Dentro de algum tempo colocarei aqui alguns exemplos, que por ora estou a observar.
De qualquer forma, não descurarei o dever que tenho de também manifestar o meu pesar pelo que está a acontecer.
Um abraço,
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