Quarenta e três
Aí está, a 43ª edição do Festival de Sintra, que se prolongará até 13 de Julho, marcando o calendário de Verão das iniciativas culturais nesta terra. Antes de mais, em tempo de apertos orçamentais, que por toda a parte se fazem sentir, justo é que deixe uma palavra do maior apreço perante o trabalho desenvolvido pelos Directores Artísticos.
Tanto o Dr. Luís Pereira Leal como o Mestre Vasco Wellenkamp, respectivamente responsáveis pelas vertentes musical e de dança, apresentam propostas de qualidade inegável, apesar da mitigada disponibilidade financeira, o que bem atesta o alto gabarito do contributo de ambos.
E não é fácil, mesmo nada fácil, fazer algo parecido com a quadratura do círculo. Não há quem não goste de ir ver um acontecimento cultural cujo protagonista seja o melhor ou esteja entre os melhores do mundo. Durante muitos anos, o Festival de Sintra foi marcado por tais presenças. E esta edição, mesmo em difíceis condições financeiras, até nos traz gente que tal, casos do pianista Grigory Sokolov, em 11 de Julho, ou o Scapino Ballet Rotterdam, em 20/21 de Junho, para mencionar apenas dois casos.
À partida, aliás, relativamente às edições mais recentes, não descortino o mínimo indício de quebra de qualidade, em qualquer dos eventos, que pudesse suscitar alguma apreensão. Portanto, sem concessões à qualidade, aí está a presente edição daquilo que já classifiquei como o mais sofisticado produto cultural de Sintra, enquanto iniciativa anual.
Se bem que a programação continue a obedecer a um figurino que se sustenta na estrutura em vigor há uns anos a esta parte, certos detalhes oferecem excelente oportunidade para partilhar algumas considerações, cuja pertinência os leitores e, em especial, os habituais frequentadores não deixarão de ajuizar.
Todavia, convém-me que, para um melhor enquadramento das notas que se seguem, cite algumas das palavras iniciais do programa da temporada Gulbenkian de Música 2008-2009:
“(…) cada concerto constitui uma proposta que vale por si mesma e uma experiência estética autónoma (…) uma estratégia de coerência que passa por construir associações temáticas entre concertos isolados, convidando o público a percursos de descoberta que encadeiam vários programas em ciclos que lhes dão sentido (…)”.
Na continuação deste texto, compreenderão porque me socorri desta citação.
(continua)
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