[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 4 de junho de 2008

e quem a vê!...

No último sábado de Maio participei no lançamento do novo projecto da Quintinha Pedagógica de Monserrate, promovido pela Parques de Sintra Monte da Lua, um dia de intervenção do maior alcance cívico, nos domínios da responsabilidade social e ambiental, que se traduziu numa atitude de voluntariado activo de cerca de uma centena e meia de pessoas, crianças, jovens e adultos.

Dividido o grande grupo em equipas de intervenção, lá seguiram estas para os seus destinos. Uma tinha de construir talhões/caminhos e plantação de ervas aromáticas, tarefas afins daquilo que passa a ser designado como Jardim dos Aromas. Outro grupo ficou afecto à construção dos caminhos pedestres, limites e bordaduras. Mais voluntários para a que vai ser conhecida como Mata dos Castanheiros, na limpeza do terreno, corte das acácias, plantação de castanheiros, carvalhos-roble, aveleiras, loureiros e medronheiros.

Tenham ainda em consideração que era imprescindível a instalação de um cercado, delimitando a zona onde vão ficar instalados burros e outros animais. Igualmente se impunha a limpeza e recuperação da linha de água, dela se encarregando uma equipa que também procederia à plantação de salgueiros, freixos, sabugueiros e pilriteiros. Outra gente esteve às voltas com a construção de uma ponte, não sei quantos mais na recuperação do celeiro e outros tantos no arranjo paisagístico do parque das merendas e, em obras de recuperação, um grupo que procedeu ao arranjo e limpeza do tanque.

À cota mais alta, depois de ter enterrado o sapato direito na fresca lama, olhei aqueles dois hectares de dulcíssimo declive, transformado em fervilhante estaleiro. Lá em baixo, do outro lado da estrada, sobre o tranquilo espelho de água, um casal de pato real imperava magnífico, imperturbável, na manhã cinzenta e chuvosa, saudando todo aquele afã de dedicados obreiros.

Quando, no passado Outono, por ali passava nas minhas habituais caminhadas, cheguei a escrever que o cantar das moto serras era melopeia para os meus ouvidos de inveterado melómano. Finalmente, descansava porque assistia às manobras de limpeza e desbaste da floresta que durante dezenas de anos fora criminosamente abandonada. A Parques de Sintra Monte da Lua estava a fazer o que lhe compete. E, agora, mais isto, uma quinta pedagógica, que não podia ter parto mais propício.

Lá fui encontrar os membros do Conselho de Administração, o Professor António Lamas, o Dr. João Lacerda Tavares, o Engº Manuel Baptista, alguns técnicos como a Arq. Luísa Cortesão, o Engº Jaime Ferreira, o Sr. Miguel, Mestre Jardineiro. Fui testemunha deste momento emocionante e muito bonito da vida da empresa, que todos viviam empenhadamente, preparando uma minúscula parcela deste território – a jóia mais preciosa de Sintra que lhes entregámos nas mãos – para ser gozada por milhares de crianças, já a partir deste Verão.

A finalizar, e aproveitando esta deixa, ainda vale a pena chamar a atenção para um conjunto de benfeitorias, já terminadas ou em fase terminal de beneficiação: estufa quente no Parque da Pena, estufa fria no Parque de Monserrate, Casa dos Cantoneiros, Casa da lenha junto à entrada de Santa Eufémia, Casa do Pombal junto à entrada principal do Parque da Pena, cinco caminhos pedestres (entre os quais o de Santa Maria-Castelo), reposição da Cruz Alta, a ETAR de Monserrate e, pois claro, o caso do Chalé da Condessa e envolvente cuja recuperação já está a acontecer.

PSML, quem viu e quem a vê…? Presentemente, com uma média anual de quatro mil visitantes por dia, aquele que já foi ingovernável e vergonhoso sorvedouro de dinheiros públicos, passa a encarar o futuro como empresa de sucesso que até vai apresentar lucros de exploração.

(continua)

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Senhor Cachado,

Sabe que nem tudo o que reluz é ouro.... mas enfim, voce é tão bom observador e se observar bem, vai ver a que custo a PSML, que tão bem voce criticou durante anos, está a fazer estes trabalhos...

Sabia que no tempo do "outro senhor" tambem existiam quintas pedagógicas, englobadas em clonias de férias? Portanto a ideia não é nova, mas nao deixa de ser boa.

Já deve ter reparado que empresa já tem 8 anos de existencia, e que nos primeiros anos, foram criados os manuais de formação dos guias, foram abertos os percursos vitais para que a empresa podesse abrir com os minimos exigiveis ao publico os Parques históricos de Sintra, foi feito todo um trabalho de base para por a empresa de pé, trabalho, sem o qual estes novos senhores, não consiguiriam fazer o deles hoje.

Nao tente passar uma esponja no trabalho que foi bem feito no passado, os tecnicos e o pessoal de campo não o merecem, como sabe os administradores vão e vem, e alguns dos tecnicos e pessoal de campo ficam.

Analise bem todas as questões antes de comentar, não seja tão radical... porque se calhar algumas das suas criticas destrutivas e não construtivas e contribuiram para o desanimo de algumas pessoas que apenas criam trabalhar na altura do outro senhor.

Não basta andar a passear todos os dias de manha, e falar com os chefes, fale tambem com o "pessoal" para perceber o que eles pensam e como funciona verdadeiramente o local, onde voce não trabalham mas passeia, e sobre o qual tão belas criticas produz.

Sintra do avesso disse...

Ao anónimo das 18.27 de 06.06,

Simplesmente a informar que não respondo a anónimos. Acabou-se-me a paciência para gente que não tem a dignidade de subscrever as suas opiniões. Parece que,na blogosfera, a prática do anonimato é aceite. Pois bem, mesmo que assim seja, eu não estou disposto a colaborar.
Passe muito bem.

João Cachado