[sempre de acordo com a antiga ortografia]
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Arqueologia na A16
A bem dizer, não deve haver domínio algum da Defesa do Património que, em Sintra, não tenhamos de considerar. Com um património histórico riquíssimo em todos os aspectos, desde as mais remotas épocas até à actualidade, e com tantas frentes de luta em aberto, Sintra nem sequer concede tempo bastante para retemperar forças, depois da denúncia de uma causa e do envolvimento no combate respectivo.
De combate, sim. De constantes desafio e combate falamos. Não tenhamos receio das palavras. Trata-se de lutas em que não há lugar para vacilações, onde gente corajosa e frontal não tem a mínima hipótese de se proteger sob qualquer capa de processo administrativo nem secretária de cómodo gabinete de serviço autárquico ou de Ministério.
Vamos a factos. Desta vez, a comunidade cultural, tanto a nível nacional como local, foi alertada pela comunicação posta a circular na net, subscrita pelo arqueólogo e catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor José d’Encarnação, quanto à possibilidade de trabalhos em curso na A16 poderem destruir vestígios romanos e islâmicos.
A denúncia
Pela indiscutível importância da matéria em apreço, permitimo-nos reproduzir na íntegra, com a devida vénia, a notícia que provocou o natural alvoroço e desassossego em todos quantos nos interessamos e estamos indissociavelmente envolvidos na causa da defesa do património de Sintra (sublinhado nosso):
«Iminente uma destruição em Sintra. Como consequência dos estudos de impacte ambiental prévios à determinação do traçado do IC30, assinalou-se a existência de uma importante estação arqueológica no Telhal, onde, de resto, já haviam sido referenciados vestígios romanos.
São testemunhos tardo-romanos e islâmicos numa área bastante mais vasta do que aquela que inicialmente se supunha, de que parte já foi destruída quando se procedeu à remoção mecânica de uma primeira camada em toda a superfície do terreno: houve sepulturas de época islâmica parcialmente destruídas e crânios cortados.
Contudo, para além dessas sepulturas, há restos de muros (alguns, seguramente, parte integrante de edifícios de grandes dimensões), silos cheios de materiais arqueológicos o que tudo indica estarmos perante um património do maior interesse, que urge preservar. Segundo informações fidedignas, haverá uma indicação oficial para que tudo se aterre com a maior brevidade possível, para que a comunidade arqueológica não desperte e a rodovia possa avançar sem percalços.
Mais uma vez, porém, cremos que essa mesma comunidade estará desperta e fará chegar junto das entidades competentes (nomeadamente, a Câmara Municipal e o IGESPAR) o seu grito de alerta: não pode um património histórico-cultural dessa relevância ficar submetido a mais uma pressa e a mais uma rodovia, cujo traçado poderá ser reestudado, como convém. Não é, aliás, para isso, que se encomendam os préviosestudos de impacte ambiental?
José d’Encarnação»
Perante tal mensagem – que chega através de fonte absolutamente insuspeita – mais se nos radica a convicção de que, de modo algum, nos podemos permitir desguarnecer a guarda. Ora bem, se não nos passa pela cabeça que nem a autarquia nem o Igespar joguem contra os interesses dos munícipes sintrenses e dos cidadãos em geral, então deveremos desconfiar da bondade da actuação da entidade à qual compete concretizar a obra de construção rodoviária em questão?
(continua)
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