[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008


Arqueologia na A16

(continuação)

Uma questão de dignidade


Em princípio, não é nada saudável e poderá considerar-se mesmo prejudicial equacionar processos de intenção seja a quem for. Em princípio, escrevemos nós. Portanto, para que conste e não nos apelidem de militantes da descrença, registe-se que sempre nos animam as melhores intenções e que estas apenas cessam, para dar lugar à dúvida, quando esbarram com indícios comprometedores. Eventualmente, estaremos perante circunstância que tal? Como responder?

Confrontados com uma notícia do jornal Público, do passado domingo, dia 5 de Outubro, ficámos a saber, através do testemunho de um arqueólogo, sob a condição de anonimato – a isto chegámos!... – que alguns técnicos do Igespar estariam a preparar a bizarra (sic) proposta de patrocinar a selagem do local sem a sistemática investigação que se impõe.

Ao referido jornal, o Dr. Cardim também declarou que deve ser consignado um período mais dilatado para a intervenção arqueológica, não avançando já com o aterro “(…) que pode cumprir formalismos administrativos mas não salvaguarda o património (…) para que os vestígios sejam devidamente estudados, sob pena de ocorrer a maior destruição consciente, e superiormente escudada, de património arqueológico, desde sempre, no concelho de Sintra (…)”.

Confessem que, no mínimo, é de ficar de pé atrás. Enfim, é importante acrescentar que a Câmara Municipal de Sintra disporá de toda a informação pertinente, já que o Dr. Cardim Ribeiro, conhecido arqueólogo e Director do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, em devido tempo, subscreveu e entregou à consideração superior o relatório que se impunha produzir, em termos que habilitam os autarcas à melhor decisão.

Quanto à comunidade científica nacional, também estamos em crer que, por um lado, as academias e, por outro, a Associação dos Arqueólogos, não deixarão de espaldar as preocupações de quem, tão justa e dignamente, tem vindo a público denunciar o que não pode nem deve ser calado. Nestes termos, tudo parece apontar no sentido de que a Câmara possa dirimir esta causa, com os melhores argumentos, ao encontro da solução que a todos mais interessa.

Privados e públicos interesses

Na ponta do processo, como concretizador da obra, destaque máximo para a Lusolisboa, empresa do Grupo Aenor, participada pela grande construtora Mota-Engil, cujo Presidente do Conselho de Administração é, nem mais nem menos, que o recém recrutado Dr. Jorge Coelho, conhecido peso pesado do Partido Socialista, ex-ministro das Obras Públicas, que tanta celeuma suscitou com a sua ida para um consórcio da construção civil envolvido em inúmeros negócios com o Estado.

(continua)

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