[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Na Sarrazola e em Odrinhas

Enquanto professor e técnico de Educação, poucas notícias me poderiam ter dado tanta satisfação como a que o JS trouxe a público, relativa ao sucesso da Escola Profissional D. Alda Brandão de Vasconcelos que funciona na Sarrazola, freguesia de Colares, em instalações do Ministério da Agricultura, cedidas em regime de comodato.

Por via de regra, à excepção daqueles casos em que o êxito de outrem é alcançado por meios mais ou menos tortuosos, não há quem não se regozija com os sucessos alheios. Contudo, no caso vertente, como hão-de verificar, muitos são os meus motivos de alegria. Preciso recuar uns bons anos para partilhar convosco uma história cujos contornos espelham o modo como tanta coisa acontece no nosso país.

Em meados da década de 90, no desempenho de funções de Director Pedagógico da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra (EPRPS) participei, com mais colegas professores e a então directora do estabelecimento, numa série de reuniões interministeriais – Educação e Agricultura – visando a instalação de um curso que acabaria por se designar como de Gestão de Espaços Verdes.

Não era para desconfiar

Numa dessas reuniões, a representante do Ministério da Agricultura, em nome do Director-Geral de quem dependia e, portanto, também do próprio Ministro da Agricultura, surpreendeu-nos com a proposta da cedência, a título gratuito, das estupendas instalações da Sarrazola. Ali mesmo, a EPRPS – então a funcionar, a título muito precário, em pleno centro do Cacém – poderia sediar as suas especialidades de recuperação do património edificado e também o novo curso que, naquela altura, perspectivava uma forte vertente de recuperação de jardins históricos.

Parecia um sonho, ouro sobre azul… Mas, nada feito. Na altura, a Presidente da Câmara Municipal de Sintra e, igualmente, Presidente do Conselho de Administração da EPRPS, decidiu não aceitar a oferta. Estou em crer que uma tal decisão, aparentemente tão controversa, já que tudo era altamente favorável, se terá devido à previsibilidade da futura instalação em Odrinhas, em edifício próprio, que veio a acontecer muitos anos depois. De qualquer modo, ocorre-me ter sido invocado o argumento da grande periferia de Colares e as dificuldades de acesso à Sarrazola.

Entretanto, as instalações que eram invejáveis, concebidas para o funcionamento de sofisticado centro de formação, devidamente equipado com as diferentes e habituais componentes, que a Câmara Municipal de Sintra não quis aceitar de mão beijada, foram-se degradando, inapelavelmente sujeitas a várias e sucessivas campanhas de vandalismo.

Até que, na sua edição de 11 de Novembro de 2005, o JS, através de artigos subscritos pelo então director, João Rodil, Graça Pedroso e por mim próprio, recorrendo a fotos bem elucidativas, denunciou o escândalo do abandono da Sarrazola que, cumulativamente, era uma ofensa à memória de um grande benemérito, o Dr. Brandão de Vasconcelos, cujo testamento era inequívoco relativamente às actividades escolares que ali poderiam ser concretizadas, afins dos ofícios relacionados com a realidade agrícola.

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