Seteais,
o tanque essencial
Julgo ser da maior pertinência discernir que, no meio de todo este lamentável episódio, se evidencia a forma displicente como o Estado, representado por um alto funcionário, trata o melindre da destruição e transformação do tanque de Seteais. Como não concluir que, nos serviços do Estado, precisamente no IGESPAR, onde tal jamais poderia acontecer, há quem revele uma tão discutível noção de intervenção sobre bens patrimoniais classificados?
A questão é tão mais paradoxal e pertinente que põe em causa princípios de actuação que, no âmbito de compromissos internacionais relacionados com a Defesa do Património, Portugal se obrigou a respeitar. Há décadas que as Cartas de Veneza, de Atenas e até mais recentes, estabelecem princípios e valores que não podem ser feridos com a ligeireza que nos foi comunicada pelo tal senhor arquitecto assessor principal.
Ao lutar pela preservação de um bem patrimonial, preciso é não desviar a atenção do essencial. E o essencial, neste caso, tem a ver com princípios afins da ética na salvaguarda do património, relaciona-se com um problema de filosofia de actuação, assume inequívoca vertente de deontologia. Não perceber isto é confundir a árvore com a floresta.
Sem margem para grandes dúvidas, possível é avançar com a ideia de que a destruição do tanque e o inqualificável híbrido travesti resultante naquela casa de máquinas, na aparente singeleza dos seus contornos, é de tal modo paradigmático que, sem o mínimo exagero, configura os parâmetros indispensáveis à sua abordagem como caso de estudo. Qualquer seminário pega nisto...
[sempre de acordo com a antiga ortografia]
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
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