Em filmagens...
Queiram fazer o favor de considerar a peça seguinte que, tendo sido publicada no Cidade Viva, passo a transcrever, com a devida vénia.
«30/12/2008
NBP decide até Fevereiro local da Cidade da Imagem. Escolhida Sintra como um dos possíveis locais para acolher a Cidade da Imagem, a NBP está a analisar outras soluções.
As próximas semanas serão dedicadas a visitar terrenos em Alcochete e Vila Franca de Xira. Dentro de 15 dias, os responsáveis da NBP esperam ter já visitado outras duas hipóteses que surgiram naqueles dois concelhos, um a Norte de Lisboa e outro na Margem Sul, onde desemboca a Ponte Vasco da Gama.
Apesar de ter anunciado, há pouco mais de um mês, um protocolo de intenções estabelecido com a Câmara de Sintra, para que a Cidade da Imagem - que concentrará num só espaço toda a produção televisiva do grupo Media Capital, em Portugal - se localize em Almargem do Bispo, a empresa garante que ainda nada está decidido.
"O investimento é muito grande, por isso não vamos falar que temos a certeza que é neste ou naquele concelho. O que há em Sintra é um protocolo de intenções que nos permite ir adiantando todo o necessário de candidatar o dossiê a PIN (Projecto de Potencial Interesse Nacional), até porque parte dessa área tem condicionantes [reservas ecológica e agrícola]", disse, ao JN, Bernardo Bairrão, administrador da NBP, que em Janeiro se passará a chamar Plural Entertainment.
O grande investimento daquela infra-estrutura (50 milhões de euros) leva a NBP a equacionar novas localizações: "Alcochete, porque percebemos que nunca há congestionamento na Ponte Vasco da Gama, e Vila Franca de Xira, porque ali que temos a maioria das nossas instalações", disse.
Em cima da mesa estiveram várias hipóteses, circunscritas a poucos concelhos a Norte de Lisboa, tendo em conta alguns dos critérios decisivos: uma área com cerca de 40 hectares, em que o terreno não fosse extremamente plano para não impedir a realização do corte de planos televisivos, que não estivesse a mais de 30 quilómetros de Lisboa e uma boa rede de acessos.
O processo de escolha iniciou-se em Outubro de 2007. Segundo Bernardo Bairrão, a primeira Câmara a ser contactada pela empresa, com vista a se encontrar uma área compatível com a dimensão do projecto, foi a de Vila Franca de Xira, tendo em conta que é naquele concelho que se localiza não só a sede da, ainda, NBP, como parte dos oito estúdios de produção e construção de cenários.
Loures também não ficou de lado, até porque é em Bucelas (Loures) que se encontra outro pólo de produção. Seguiram-se Azambuja, Cartaxo, Alenquer, Cascais, Sintra, Oeiras e Amadora, "todos com condicionantes", frisou.
À última fase chegaram, Sintra e Cascais, cujo terreno situava-se junto ao Autódromo do Estoril. "Não há muitos concelhos que disponibilizem 40 hectares facilmente. Deste conjunto visitado, o Cartaxo tinha o terreno mais interessante que alguma vez vimos. O melhor e que serviria para aplicar o projecto, mas ficava a 50 quilómetros de Lisboa. Com muita pena", admite o gestor. Fonte: NUNO MIGUEL ROPIO - JN»
Se tiverem em consideração o texto que escrevi e publiquei no Sintradoavesso, no passado dia 4 de Dezembro, subordinado ao mesmo assunto, sob o título Mais poeira para os olhos, não poderão deixar de concluir como já então eu estava cheio de razão. Portanto, cada vez mais segura é a minha convicção de que esta coisa da Cinelândia não passa de manobra de diversão do Presidente Seara.
Creio que conhecem a expressão. Quando alguém, quando um grupo de pessoas deixa de encarar e viver a realidade, devolvendo à comunidade uma imagem que não corresponde à verdade da sua vida individual e colectiva, diz-se que passou a andar em filmagens... Perante o desafio real e concreto de realizar obra que perdure, o Presidente Seara decidiu ceder à tentação de brincar à Cinelândia que, ou muito me engano ou tem tantas hipóteses de ver a luz do dia como a famigerada Sintralândia...
Edite Estrela também teve direito à sua brincadeira. No tempo dela, o jogo que estava cheio de cantos de sereia [não se lembram dos 5.000 postos de trabalho?...] chamava-se Sintralândia. Era um parque fantasia cujos mentores também ameaçaram, tão veladamente quanto necessário, que iam para Cascais se Sintra decidisse a estupidez de não agarrar tamanha oportunidade.
Toda esta gente, do PS e do PSD, ao fim e ao cabo da mesma, da mesmíssima medíocre classe política, pensa que temos memória curta. O que nós temos é o rabo muito, muito pelado. Anos e anos de aldrabices, de truques baixos, de manobras dilatórias, de manobras de diversão. Estamos fartos de ver adiar a resolução das coisas concretas, enquanto julgam que nos entretêm com palhaçadas de fantasias e de filmagens.
Todavia, até neste nosso desgraçado país que, num conjunto de vinte e sete, é o terceiro mais corrupto, já começa a ser muito difícil invalidar quarenta ou cinquenta hectares de terrenos incluídos na Reserva Ecológica Nacional, para aí construir uma aberração como a Cinelândia. Mas, a poucos meses de eleições, tal qual como no tempo da anterior Presidente, acenar aos papalvos com uma hipótese como esta, não deixa de colher algum efeito. Quanto mais não seja, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas...
O Cidade Viva está a fazer o que lhe compete, dando voz e espaço noticioso ao assunto da Cinelândia, conforme vão evoluindo os acontecimentos. Esperemos que toda a imprensa regional de Sintra, ao contrário do que até agora aconteceu, siga o exemplo, não cedendo à pueril tentação de, acriticamente, embandeirar em arco, incapaz de distinguir a árvore da floresta.
5 comentários:
E que filme,caro Dr João!Não sei se é uma Tragédia ou uma Tragicomédia, esta em que nos encontramos e na qual, todos nós, sintrenses, involuntariamente, somos protagonistas,sem terem em conta,a nossa opinião ou os contributos que podemos dar a toda esta «mise en scène».Limitamo-nos, assim o pretendem, a ser meros e passivos espectadores, de um triste espetáculo, uma farsa permanente.Assim se manipulam os destinos e a qualidade de vida de mais de 400.000 pessoas...a sensação terrível da impotência e da impunidade, começa a espalhar-se, qual polvo gigante e nós, meio anestesiados pela «tinta»expelida,andamos meio desorientados no mar de lama que nos rodeia.
Nem Maquiavel seria mais eficiente, não acha?Ironia amarga, esta não é , decerto, uma Divina Comédia...
Margarida
Caro Senhor Dr. João Cachado,
Hoje não resisti a mais esta crónica, e que bem enredada ela está e condimentada a rigor.
Terá a gentileza de acreditar que eu acreditei.Acreditei que aquilo da criar em Sintra uma zona hollyoodesca era a sério e até dei mais crédito por ter visto no Jornal de Sintra uma primeira página cheia de orgulho pelo facto(que só para si e em segredo me superar o presidente da edilidade).
Julgava eu que eram favas contadas e agora como é que se vão medalhar mais uns quantos artistas,actores e sabe-se se construtores,na mesma linha com que assistimos ao êxito da Casa das Selecções.
Fico a pensar se aquele actor americano que também parece ser português e há tempos medalhado em Sintra não teria aqui a dimensão adequada ao seu prestígio universal.Lá se terá ido mais um posto de trabalho.
Desculpe o desabafo mas pelos casos aqui referidos parece que já se ultrapassou a época da minhoca, esse anelídeo coleante, passando a viver-se já com peçonhentas cuspideiras.
Faço votos para que este blogue tenha uma longa vida e que o seu responsável tenha os maiores êxitos em 2009 o que, já se sabe, será bom para a nossa terra.
Minha Cara Dra. Margarida,
O que, na verdade, mais me afecta é a sensação de perfeita impotência perante malfeitorias tão perversas.
Como a Margarida muito bem sabe, tanto o «pântano» como o «polvo», constituem entidades recorrentes no mundo das mais diferentes máfias. Eu não tenho a mínima dúvida de que, também em Sintra, há uma «máfia» que, ao longo dos anos, tem afinado diferentes mas eficazes tácticas, afins duma estratégia vencedora de conquista do poder.
Que tudo isto aconteça sob os auspícios de um regime dito democrático, não deixando de ser perverso, é algo que nada surpreende. Pensemos na realidade italiana, por exemplo, e teremos o quadro acabado de uma situação que, como é público e notório, bem soubemosa replicar. E com que sucesso...
Entendo as suas referências a Dante e Maquiavel. No entanto, em especial no que ser refere ao segundo, não posso esquecer que, mesmo nas suas máximas mais contundentes, no quadro da educação do Príncipe, ele propunha atitudes caras ao Humanismo.
Eu ousaria afirmar que Maquiavel, perante estes actuais lusos politiqueiros, faria figura de rudimentar aprendiz...
Um abraço do
João cachado
Caro Professor João Cachado,
Volto a intervir neste seu espaço para o felicitar por este seu artigo. Já tinha ouvido falar na intenção da criação deste projecto mas agora com a versão da outra parte, a NBP, que muito bem o senhor publica, se percebe a real intenção da noticia: PROPAGANDA. É por estas e por outras que referi no artigo anterior que não dou importância a politica. Fazer politica para mim, é resolver os problemas das pessoas. Não é criar outros. Na localidade onde resido, Linhó, há varios exemplos de que como os diversos executivos camarários gostam de criar problemas à população. Nada de grave ou insuportavél felizmente, comparado com outras situações que conhecemos, mas explicativo das mentalidades que nem com a cor mudam.
Mas sabe Professor, acho que a culpa maior é nossa. Ainda temos o voto como arma de defesa que não a usamos bem. Também se ignorássemos todas as campanhas eleitorais e comicios, talvez a atitude desses senhores mudasse um pouco. O que é certo é que somos levados na onda, como marionetas numa peça teatral.
Quando falo no plural refiro-me à forma geral como é óbvio.
São as caracteristicas do nosso povo, pacifico e brando que vão permitindo estas coisas dizem uns. Baixo grau cultural e escolar dizem outros.
Há uma lenda do tempo das invasões romanas que conta o seguinte: Após uma batalha perdida e no regresso a Roma o general romano terá dito ao Imperador: "Para lá dos montes herminios há um provo tramado, eles não se governam nem se deixam governar"
Engraçado não acha?
Bem-haja.
José Silva.
Apesar de fora do contexto desta postagem, gostava de poder esclarecer o José Silva, porque me parece falar de coisas que não sabe muito bem. Aliás na postagem anterir tem um discurso e agora aqui faz em completamente diferente.
Falemos então das cedências do autocarro. Como será lógico sendo o autocarro um bem social e para servir as populações, todas devem ter o mesmos direitos, assim não é lógico que se faça uma reserva de um autocarro logo em Setembro/Outubro e até Junho, retirando as hipoteses de outras associações ou clubes o fazerem. Além disso 2 vezes por mês para a equipa sénior e outras 2 para a equipa feminina totaliza os 4 fins de semana que o mês tem, não contando que por vezes fica ao serviço durante todo o fim de semana. Também em nenhuma associação ou escola se programa uma saída com uma semana de antecedência como invoca.Os passeios são programados atempadamente e por norma com alguns meses de antecedência, logo também o pedido do autocarro o será. No nosso caso e por duas vezes que solicitamos o autocarro o mesmo foi pedido com 3 meses de antecedência e já o mesmo se encontrava ocupado.
Espero ter contribuido para a verdade, aparentemente não completa por parte do José Silva.
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