O fantasma escocês
São tantos os problemas de transporte público na sede do concelho, no acesso a partir da periferia mais próxima ou, por outro lado, no destino a pontos turísticos do maior interesse - como é, por exemplo, total e escandalosamente desprovido, o caso de Monserrate - que não consigo entender o verdadeiro fenómeno que passarei a dar conta.
Aliás, estou certo de que apenas dou voz ao público e comum espanto que decorre da circulação de um transporte urbano, de uns vinte e tal lugares, que, sistematicamente vazio, faz o percurso da estação até à vila, com o intervalo de dez minutos. É o Express Villa [que provinciana cedência a estas designações!] adivinhando-se simpático e cómodo mas que a ninguém serve ou, provavelmente, só umas dezenas de pessoas nos fins de semana. Até já lhe chamam a carreira fantasma.
No mínimo, cabe perguntar que estratégia de transporte subjaz a um tal desperdício? Quem terá sido o iluminado responsável (?!) municipal que negociou este trajecto com o monopolista operador Scotturb que, vá lá saber-se porquê, parece ter força para impor o que lhe apetece e mais convém, ainda que, como no caso vertente, possa ser uma tremenda asneira?
Como é que a comunidade sintrense se permite desperdiçar cinco ou seis mil quilómetros por mês de transporte que, praticamente, ninguém serve quando, outro fosse o cuidado da gestão autárquica, poderia reverter em benefício da população? E já não refiro a conveniência dos forasteiros que demandam estas paragens convencidos de que isto é a mesma coisa do que Cascais...
2 comentários:
Meu caro João Cachado,
O meu amigo carregou no acelerador e vai daí, duas quase seguidas. Desta forma, acaba por não dar tempo aos responsáveis por meditarem nas coisas que fazem.
Ainda por cima a uma sexta-feira, dia pouco usual para se preocuparem...ainda se fosse à segunda, dava-lhes mais dores de cabeça.
Mas enfim, já que aqui colocou este tema, vou deixar algumas coisas curiosas.
Como se lembra, aquele modesto comboiozito que ia até Monserrate e para lá levava umas boas centenas de visitantes teve os dias contados. Consta por aí, como sabe, algumas versões em que não acredito, porque a serem verdade envergonharia alguns autarcas e estamos com gente que gosta de preservar a imagem.
Diziam que o tal comboiozito acabou quase por despacho, depois de uma reclamação qualquer de uma transportadora. Ele até tinha sido autorizado mas o despacho a que muitos se referem desautorizou o anterior despachante.
Esperar-se-ia que a reclamante transportadora, face aos seus pregaminhos, fosse obrigada a garantir esse trajecto de Monserrate, até tendo em vista a história e as maravilhas desse local sintrense. Mas não.
Subitamente, quase a despropósito, a partir de 7 de Novembro apareceu essa tal "Villa Express", que faz um percurso até ao Largo Sousa Brandão e regressa à Estação da CP. São cerca de 5 quilómetros onde quase ninguém reside. As carreiras andam com Zero ou 1 passageiros, dendo merecedores de queijadas todos os que excedem essa utilização.
Mas lá anda, de 10 em 10 minutos.
Perguntar-se-à então:1.- Que súbito desvêlo envolveu a transportadora ou a quem terá satisfeito com este pseudo serviço público? 2.- Quem anda a suportar os custos de tal exploração? Isto tomando por princípio que esta carreira não terá nada a ver com o Protocolo da Sintraline, no qual a Câmara gastou mais de 150 mil euros em 2008, porque se comprometeu desde 2001 a "adquirir mensalmente (...) um valor de bilhetes sintraline".
Ao invés, noutra parte do território sintrense, onde mora gente, a transportadora eliminou diversas circulações alegadamente por fazer cerca de 750 quilómetros por mês com uma taxa de utilização baixa. E nesta situação específica a Câmara Municipal pouco fez para defender os interesses da população.
Espero voltar a falar, sobre o tema, mas a uma segunda-feira.
Correcção, a pedido do autor:
- pergaminho;
- sendo [7 parágrafo].
Muito obrigado
Fernando Castelo
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