[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 16 de março de 2009


Luís Pereira Leal,
o senhor da Música

O Dr. Luís Pereira Leal é um grande senhor da música a nível mundial. Não, não é exagero já que corresponde a uma evidência sobejamente conhecida nos meios culturais em geral, algo que, no passado domingo, dia da pública homenagem de que foi alvo, com um belíssimo concerto na sua casa de trabalho, mais uma vez se constatou no Grande Auditório da Avenida de Berna.

Todos os grandes, os maiores nomes da grande ribalta, compositores, maestros, cantores e solistas têm passado por aquela emblemática sala. Sempre pela mão de Luís Pereira Leal, como Daniel Barenboim, Alfred Brendel, Maurizio Pollini, Radu Lupu, Felicity Lott, John Nelson, Menahem Pressler, Jordi Savall, Grigory Sokolov, Maxim Vengerov – ínfimo número de uma série de centenas e centenas de notáveis – ontem deram o seu testemunho de apreço a este excelente homem a quem tanto deve a vida cultural portuguesa.

Para quem desconhece, bom será voltar a referir que a Fundação Gulbenkian é uma das casas de absoluta referência mundial no mundo da grande Música, das que melhor programação apresentam. Quando, entre nós, se fala de excelência, não há dúvida que a Gulbenkian é o grande paradigma. Ali só acedem os melhores dentre os melhores. Ora bem, Luís Pereira Leal, que há mais de quarenta anos trabalhava nos Serviços Musicais da Fundação Calouste Gulbenkian e, há mais de trinta, como seu Director, é o responsável por este palmarés absolutamente ímpar nas lusas paragens.

Nunca me canso de referir que, deslocando-me aos melhores auditórios no estrangeiro e aos famosos festivais de Música em Salzburg, Luzern, Bayreuth, Schleswig-Holstein, por exemplo, jamais terei ouvido recital, concerto de grande intérprete, conjunto orquestral ou coral que, mais tarde ou mais cedo, às vezes antes, não passe pela Gulbenkian.

É com toda a justiça que Luís Pereira Leal vem às páginas do Sintradoavesso. Certamente, trata-se da mais singela das homenagens de quantas lhe estão a prestar, nesta ocasião em que se retira das lides, para uma aposentação que, naturalmente, não se afastará das salas de concerto e das partituras, já que a formação musical, para além da Licenciatura em Ciências Historico-Filosóficas, é matriz desta singular personalidade, de promissor compositor e violoncelista que deixou tais actividades, para se dedicar em exclusivo à Direcçaõ Musical da Gulbenkian, com tanto sucesso.


É conhecida a profundíssima relação com Sintra, em especial com o Festival de Sintra, do qual é Director Musical há vinte e cinco anos. Em reconhecimento dos altos serviços que vem prestando, foi atribuída a Medalha de Ouro do Concelho, a quem também já foi agraciado, entre outras, com a Ordem de Mérito da Áustria, Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França e de Cavaleiro da Ordem da Coroa da Bélgica ou com a Ordem de Cristo.

A Luís Pereira Leal o meu, o nosso mais sincero obrigado, com votos de boa saúde, por muitos anos, em que o seu saber, especial aconselhamento, experiência incomparavelmente rica, constituem bens inapreciáveis de que nós, em Sintra, poderemos continuar a ter o privilégio.


1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro João,

Como sabes, tenho a maior admiração pela obra do Dr. Pereira Leal na Gulbenkian. Como já tive oportunidade de te dizer e mesmo de escrever, nunca estive ao corrente da sua actividade como director musical do festival de Sintra.

Tendo acpmpanhado a polémica da programação do ano passado (que foi muito comentada em determinados círculos de Lisboa), em que o festival de Sintra parecia uma manta de retalhos, seria bom separar o envolvimento do Dr. Pereira Leal. Foi-me possível perceber que ele não teve intervenção naquela coisa que em Sintra designam por «Contrapontos», a qual só serviu para misturar alhos com bugalhos.

O Dr. Pereira Leal merece bem o cuidado desta minha ressalva. Sem esta cautela ainda ficava com a fama de ter feito em 2008 uma programação sem qualquer nexo, quando apenas se responsabilizou pela parte do piano.

Parece-me que fiz o que devia. Perdoarás se já não for considerado oportuno.

Um abraço amigo

José João M. S. Arroz