[sempre de acordo com a antiga ortografia]
terça-feira, 21 de abril de 2009
Bater no ceguinho
Espero bem que não tenham perdido o debate que opunha os cabeça de lista dos vários partidos candidatos às eleições para o Parlamento Europeu, nos Prós e Contras, de ontem à noite na RTP1.
Reportar-me-ei, tão somente, à parte útil do programa que, de algum modo, poderia ter algo a ver com Sintra. A verdade é que, estando destacadamente presentes (mas sem microfone) Edite Estrela e Ana Gomes apontavam uma remota conotação com esta terra – uma porque já foi, a outra porque quer ser – e ambas pelas muito pessoais razões que lhes conhecemos.
Nuno Melo interpelava Vital Moreira quanto à duvidosa lisura do critério que terá levado o Partido Socialista a inscrever Ana Gomes e Elisa Ferreira, como candidatas ao Parlamento Europeu e às autárquicas, a primeira em Sintra, a outra no Porto. Trata-se de uma questão perfeitamente pertinente que, muito naturalmente, também eu próprio já coloquei em textos neste blogue e no Jornal de Sintra.
Mais uma vez, Vital Moreira evidenciou a sua flagrante, confrangedora fraqueza como candidato, incapaz de justificar o que é injustificável, ou seja, aquela farisaica proposta de jogar em dois carrinhos, para optar, consoante os resultados eleitorais assim o determinarem, em Sintra e no Porto ou Estrasburgo. Deveria estar preparado para a questão. Claro que seria colocada.
Enquanto isso, Ana Gomes, sem os propósitos convenientes à dignidade dos cargos para os quais se apresenta a duplo sufrágio, e na tentativa de compensar a indisfarçável, péssima prestação do «seu» cabeça de lista, inquietava-se, articulava umas palavras indistinguíveis e emitia forçados sorrisos, quais esgares, denunciando a incomodidade da situação.
Vital Moreira, para além de não estar preparado, nem para aquela nem para as outras questões, é um fraquíssimo candidato, a prova provada do erro do Secretário Geral do Partido Socialista que nele apostou o que, no meu modesto parecer, não deveria. Vital Moreira foi um autêntico e penoso bombo da festa, atingido por todos os lados, uma coisa penosa, conforme confirmará quem tiver assistido. Não se podia ter batido mais no ceguinho…
Perante tanta fragilidade, todos os outros candidatos estiveram à vontade. Em destaque, à direita, Paulo Rangel, sereno, preparado, eficaz. À esquerda, Miguel Portas, grande senhor da noite, o grande esclarecedor, pertinente, pondo no seu lugar o candidato do PS, sempre que este ultrapassava a fronteira das evidências, escancarando as suas próprias e fatais incoerências e incongruências.
Prevê-se imensa abstenção dos eleitores portugueses e de todos os europeus em geral. Mas, para já, entre nós, espectáculo não falta.
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3 comentários:
Meu caro João Cachado,
Depois sa minha estadia do outro lado do mundo, estive a apreciar os diferentes textos do seu blogue, cuja diversidade de temas e comentários manifestam uma notória independência perante os politiqueiros de aviário da nossa praça, perante muitos dos quais a única vacina é "libertá-los" desta sua ocupação em prol de boas reformas vitalícias.
Como imaginará, o regresso ao meu país - perante notícias, desgovernos e candidaturas - só me causou o natural assombro. Eu que Andei pasmado durante uns tempos (habilidosamente perguntava por notícias sobre Sócrates mas ninguém conhecia...) pelo facto do tal Tratado de Lisboa ser tão desconhecido como Cristiano Ronaldo, e apenas com muito esforço lá me falaram uma ou duas vezes de Figo, esse sim um verdadeiro embaixador do nome de Portugal.
Voltando ao tema desta sua crónica, há qualquer coisa de tenebroso na forma como se pretende ganhar o poder, isto é, concorre-se a duas listas, porque alguma garantirá um futuro. A abnegação e entrega a causas são atiradas para as urtigas, pois primeiro um lugarzito que garanta qualquer coisa.
Compreende-se, desta forma, porque não há novos quadros na política:- são sempre os mesmos a rodar e a gerir este triste país e, ao contrário da restante sociedade, não consta que existam políticos desempregados.
Assim chegámos às vésperas do 25 de Abril, cada vez mais denotando que o ganho foi para os políticos, enquanto que a sociedade desespera em cada dia.
É a preversidade de quem vide à custa da democracia. Ai se isto acontecesse no regime anterior...
Com um abraço,
Dr João Cachado, fazendo jus à tal independência de que fala o Sr Castelo e não querendo ser tendenciosa, já que todos os comentadores que habitualmente passam por aqui, conhecem as ideias que perfilho,atrevo-me a manifestar o meu desacordo, perante algumas das acusações patentes no seu comentário,pois me parecem demasiado injustas, quer em relação ao Dr Vital Moreira, quer à ausência de intervenções de quem já foi e de quem é candidato a Sintra;o debate,(por muito gasto que o modelo já esteja) incidia sobre as questões europeias, as quais ficaram muito mal tratadas, face à sofreguidão dos outros intervenientes em atacar o Dr Vital Moreira, em vez de promoverem uma melhor informação das pessoas sobre o tema em causa.Afinal, parecia que a questão da possibilidade de uma elevada abstenção, se revelava de pouca relevância, perante a necessidade de pôr em causa a escolha do Dr Vital Moreira.Quanto ao facto de a Drº Edite Estrela ou a Drª Ana Gomes, terem balbuciado reacções ao que se dizia na mesa, outra hipótese não tinham, já que, apesar de postas em causa, não lhes é permitida a intervenção, pois o guião só previa intervenções do cabeça de lista.Estranho, por exemplo, que não se fale das interrupções desajustadas e extemporâneas da cabeça de lista CDU, que a cada passo,comentava ironicamente, ou fazia comentários paralelos, aos comentários dos outros candidatos.Será que os portugueses que pensavam não ir votar, ficar esclarecidos sobre as posições de todos os candidatos e sobre a solidez das suas posições?Mais uma vez se repetiu o que vem sendo hábito nesta «politicazinha de trazer por casa», não interessam as ideias, a informação do cidadão, interessa sim o ataquezinho mesquinho,a propagação do vazio de propostas efectivas e consistentes.Será mais indesculpável, o facto de se fazer parte de uma lista das europeias e de uma candidatura autárquica, com a garantia de que perante uma vitória na câmara, a ela se dedicará por completo, ou continuar a fazer as duas coisas, ou outras, em acumulação, não cumprindo cabalmente, nenhuma das funções?Será caso virgem do PS?Façamos algum esforço de memória,não é preciso ir muito longe nem sair de Sintra, embora o cargo não fosse o de Presidente da Câmara.Quanto ao desempenho do Dr Vital Moreira, foi o possível, face às questões colocadas e à forma como o debate decorreu.Pessoalmente, penso que o Dr Vital Moreira, é detentor de uma competência inquestionável, talvez mais vocacionado para grandes intervenções de fundo nas áreas em que é indiscutível especialista, mais do que em debates, cujo objectivo primário, parece ter sido, confrontá-lo como candidato escolhido pelo secretário geral do PS e não como conhecedor das matérias em discussão.
Perdoem-me os dois, o Dr e o Sr Castelo, se não soube ser tão imparcial como gostariam;há sempre alguma tendência involuntária e/ou subjectiva, para defender os que nos são mais próximos.Entendam o meu comentário desta forma, no exercício pluralista de opinião, a que estou habituada, neste fórum que o Dr João Cachado continua a propiciar.
Margarida Paulos
Solicito e agradeço a crrecção de «promoverem»,para «promover» e de «ficar»,para ficaram, no meu comentário.
Margarida Paulos
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