[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 28 de abril de 2009


Tratem o lixo



Ainda a propósito do texto O cocó dos lulus, aqui publicado no passado dia 2o, a geral limpeza do burgo causa enorme preocupação. Por exemplo, mesmo no coração da sede do concelho, no conhecido bairro da Estefânea, o que dizer da Correnteza, daquele constante nojo, em especial quando chuvisca o suficiente para deixar a lindíssima mas desleixada calçada perigosamente conspurcada e escorregadia?

Porém, é na gestão dos lixos urbanos, em termos do enquadramento da solução do seu tratamento final, que se coloca a questão de maior acuidade, de verdadeiro escândalo ambiental, em que Sintra aparece com significativa quota parte de responsabilidade, no contexto da perspectiva intermunicipal, que a envolve com Oeiras, Cascais e Mafra.

Por enquanto, segundo o Expresso de 7 de Abril, questionado acerca do assunto “(…) Fernando Seara, de Sintra, endereçou a questão a Lino Ramos, o vereador do CDS com assento na empresa [Tratolixo], que nos reenviou para Seara. (…)” Então, o que acham deste circuito comunicacional? Enfim, como estratégia de limpeza, também não está mal.

Pois é, cocó dos lulus, canil municipal, limpeza urbana na sede do concelho, tratamento final dos lixos, são apenas algumas das vertentes de um mesmo problema, cuja resolução pressupõe a tal análise sistémica – tantas vezes reclamada pelo Senhor Presidente da Câmara – que permitirá a sua resolução integrada e global. Caso contrário, é apenas o que a casa gasta…

(parcialmente publicado no JS em 24.04.09)


2 comentários:

Diogo Palha disse...

Estimado Senhor João Cachado,
Este seu artigo leva-me a dar mais umas achegas para a falta de higiene que nos surge frequentemente.
Talvez seja um disparate meu mas o Delegado de Saúde devia saír do seu gabinete e ir observar um pouco o que o concelho nos oferece. Nem precisava de ir muito longe, podendo ver os contentores junto à Estação de Sintra ou mesmo na Estefânia onde julgo que o Senhor morará.
Ainda ontem tive de ir a Mem Martins e naquela rua principal temos da andar com o máximo cuidado porque corremos o risco de ir para casa com os sapatos infestados. Até me admira que os serviços da Junta de Freguesia de Mem Martins ali a menos de 100 metros não se apercebam que é preciso limpar as ruas até onde há tanto comércio.
Neste concelho parece que vale tudo o que não presta e cada vez se vão esquecendo mais das acções indispensáveis à defesa da saúde pública e salvaguarda dos direitos dos cidadãos.
Receba um abraço fraterno do
Diogo Palha

Sintra do avesso disse...

Meu Caro Engenheiro Diogo Palha,

Ah como eu o compreendo! Na verdade, moro na Estefânia, muito perto do CC Olga Cadaval, numa rua paralela à Correnteza. Como sabe, sendo a Correnteza uma das zonas mais frequentadas pelos forasteiros que chegam a Sintra de comboio, não deixa de ser a conhecida cloaca, invariavelmente suja, uma linda varanda, qual sala de visitas da Vila, que os «responsáveis» (?!) se dão ao luxo de tratar tão mal. Trata-se de plataforma privilegiada com soberbo panorama, num plano superior ao designado Vale da Raposa, que continua sendo cobiçado por tudo quanto é despudorado promotor de centros comerciais disfarçados de parques de estacionamento subterrâneo.

Mas voltemos à sua questão e ao Delegado de Saúde que não pode queixar-se de falta de trabalho. Desconheço que estrutura logística dele depende a qual sustentará a sua acção que, como sabemos, é (deveria ser...) extremamente diversificada. De qualquer modo, tal como o Engº sugere, só lhe faria bem dar umas voltinhas de trabalho. Uma dia por semana, ao contrário do que possa parecer, não equivaleria a vinte por cento de atraso no serviço mas, isso sim, a um acréscimo de consciencialização dos problemas concretos que afligem os munícipes.

Quanto às Juntas de Freguesia e seus presidentes - Claro que não me refiro ao anedótico e bem conhecido caso que já temos aludido neste blogue - como não dispõem de recursos materiais e humanos, dependem totalmente da boa ou má «disposição» do executivo camarário para acudirem às necessidades dos fregueses, mesmo das mais elementares. Não os desculpabilizo, apenas constato. Chego a surpreender-me, quase a comover-me, com a ingénua convicção de alguns quanto à «obra» que vão fazendo.

Enquanto o Estado não lhes conferir o estatuto de verdadeiros gestores da coisa pública que a decisão de proximidade pressuõe; enquanto não dispuserem de verdadeira autonomia administrativa e financeira; enquanto, subsequentemente, não se agruparem para a resolução de problemas comuns, permaneceremos num regime de farsa, fazendo de conta que as actuais Juntas de Freguesia são as entidades autárquicas que é suposto existirem, com o perfil de operacionalidade que as deveria caracterizar e definir...

Mas, santo Deus, onde já vamos nós?
Continue a dar-nos o prazer de o lermos. Para si e para a Sra. D. Júlia, as melhores saudações do

João Cachado