Campismo no Largo Virgílio Horta
[Eis mais um dos comentários de Fernando Castelo que resolvi trazer à primeira página]
"(...) Tenho procurado não atender às surpresas que os políticos reservam a Sintra, talvez até por razões humanitárias.
Ontem, jantando com o nosso comum amigo Eng. Diogo Palha, dizia-me – com a autoridade da sua idade – que o problema de Sintra já não é político mas sim de flatos incontrolados. Entre outras coisas, referia-se à forma como, cheios de gás, alguns políticos cozinham o nome de Sintra temperando-o com o romantismo, ou falando em "especificidades únicas no mundo", levando-nos depois a deglutir a prática de caravanismo selvagem no Centro Histórico.
Aliás, face ao que se vai assistindo, não está posta de parte a hipótese de, um destes dias, o Largo Dr. Virgílio Horta acordar com várias tendas lá montadas, com políticos cordatos a levarem o pequeno-almoço aos campistas.
No meio da nódoa que, internacionalmente, está a ser dada, quer ao prestígio de Sintra quer ao seu Turismo e pretensa Marca, ao menos a Câmara Municipal de Sintra, com mais um empréstimo bancário, poderia adquirir – para ofertar aos caravanistas – uns tantos baldes de alumínio com cordas para retirarem água do canal que por lá corre.
Talvez a moda pegue para envergonhar os milaneses que poderiam fazer campismo na Piazza del Duomo, ou os austríacos que só ganhariam com umas tendas à entrada da Abadia de Melk; um estendal de roupa debaixo dos olhos da Neues Rathaus, em plena Marienplatz seria o orgulho dos muniquenses tal como seria belo um lavar de tachos na Piazza della Libertà em Florença.
Não admirará, pois, que o parque de estacionamento junto à estação da CP também sirva de sanitários públicos, com as virtudes de ser ao livre: só lá faltam uns canteiros com florinhas...
Fernando Castelo, 21.07.09"
2 comentários:
Meu Caro Fernando castelo,
Será que esta «responsável» gente percebe que os seus remoques - em especial no que toca às referências a alguns dos mais sofisticados lugares das cidades italianas, alemãs e austríacas - ainda que finas peças de ironia, se aplicam cá ao burgo de modo inequívoco?
Não sei, Castelo, não sei se percebem. Tão embotados estarão com o lodo em que estão atolados que se lhes deve toldar o entendimento. Ao lerem-no, pensarão que o seu é um exercício de verborreia inconsequente, à laia de impressões trocadas entre dois desmancha prazeres - o meu amigo e eu próprio, pois claro - armados em virtuosos cidadãos que só sabem negativar a obra deles, tão desinteressadamente favorável à maioria ignara e reconhecida...
Não tenha dúvida. Não se iluda.
Um grande abraço do
João Cachado
Meus senhores,
O João Cachado e o Fernando Castelo só não disseram que alguém deve aconselhar os caravanistas a procurar o Rio do Porto para passarem ali a noite. Alguém deve fazer o servicinho sem imaginar os problemas que podem surgir aos visitantes que para ali vão. Cumprimentos amigos
Margarida Alves
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