[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Festival do Estoril,
dias de contentamento

Só tenho razões para me congratular em relação àquilo que, há poucas semanas, escrevi acerca da programação do 35º Festival do Estoril. Com uma oferta de eventos absolutamente notável e de grande coerência, difícil tem sido, no meu caso pessoal, acompanhar todos os recitais e concertos uma vez que outras manifestações culturais vão solicitando atenção, obrigando a opções inevitáveis.

Aqui tão perto, o Festival do Estoril é um magnífico exemplo de preocupação de manutenção das características identitárias que, a nível nacional e internacional, o fizeram conhecido e reconhecido ao longo do tempo, preocupação esta que, aliada à preservação da qualidade, não tenho a mínima dúvida em afirmá-lo, são os factores de maior relevância para a aceitação de que goza, nos meios cultural em geral e no musical, em particular.

Aliás, ao escrever estas encomiásticas considerações, depois de ter assistido aos concertos da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras com Rui Lopes como solista em fagote, do Wiener Mozart Trio e dos pianistas Alexander Ghindin e Alberto Nosè, mais não faço do que me inserir na linha de reconhecimento com que, ao mais alto nível, a Comissão Europeia decidiu distinguir as Semanas de Música do Estoril.

De facto, no contexto do Ano Europeu para a Criatividade e Inovação, este festival mereceu o FestLab Pass chamando a atenção para a sua dimensão de laboratório criativo, algo que, afinal, todos os anos se repete através da promoção do talento de novos intérpretes e de novas obras musicais, nos Cursos Internacionais de Música do Estoril, no Concurso de Interpretação do Estoril e no Encontro Nova Geração de Compositores do Mediterrâneo.

Aqui ao lado, tão perto, sob a direcção de Piñeiro Nagy e dos adjuntos Nuno Vieira de Almeida e Nikolay Lalov, o Festival do Estoril é uma autêntica lição. Com recursos limitados, portanto, obrigados a um percurso de grande contenção e equilíbrio e balizados pelos princípios já aludidos, melhora a imagem e o produto cada ano que passa.

PS:

Gostaria de chamar a atenção para o 1º Festival das Artes, promovido em Coimbra pela Fundação Inês de Castro. Desde já vos digo que o considero um verdadeiro paradigma. Aliás, não é caso para admiração já que estão ligadas à proposta pessoas de grande nível.

Quem leu os meus textos acerca da conveniência da subordinação dos eventos a um tema comum, da necessidade de estrutura lógica, coerência interna e identidade dos festivais, percebe como subscrevo totalmente a proposta deste novo acontecimento cultural. Para já, acedam a
www.festivaldasartes.com e não hesitem, vão mesmo a Coimbra. Já sabem, vão por mim...


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