Espinho, Estoril e Póvoa de Varzim,
festivais culturais
(com recado a Sintra)
Convém esclarecer que escrevo e dirijo estas linhas a quem considera qualquer Festival de Música como um especial lugar de formação, onde se permanece durante uns dias, em busca de eventos musicais imperdíveis, articulados com outras actividades culturais, obedecendo sempre a uma estrutura em que tanto a matriz definidora dos concertos e recitais programados como a sua lógica interna são indissociáveis.
Escrevo, portanto, para quem considera que o Festival propõe uma ideia geradora de afinidades, em que a música se apresenta como arte catalizadora de uma rede de interesses culturais. É neste sentido que os meus cúmplices, são melómanos, sim senhor, mas, muito mais do que isso, mulheres e homens de cultura, que entendem qualquer artefacto cultural como elemento de um conjunto, tanto mais enriquecedor quanto mais pontes possibilitar para o entendimento de si e do outro.
Os três exemplos em apreço, Espinho, Estoril e Póvoa preenchem todas as condições enunciadas. Difícil será, em função das propostas calendarizadas, optar pelo percurso que mais convenha, de acordo com a disponibilidade de cada um. Como se dá a circunstância de um ou outro artista se apresentar em dois dos festivais, aconselharia que, depois da consulta detalhada dos programas, procurassem não perder:
Espinho - a violoncelista Natalia Gutman, os pianistas Fazil Say, Artur Pizarro e a Elisso Virsaladze;
Estoril - aqui tão perto e, cada ano que passa, sempre mais apetecível - Wiener Mozart Trio, os pianistas Alexander Ghindin e Alberto Nosè, Trio Pangea, Ensemble D. João V, Orphenica Lyra, Quarteto Diotima, para além do concurso, conferências e tertúlias;
Póvoa - Conferência de Ruy Vieira Nery, agrupamentos Doulce Mémoire, Cinquecento, Graindelavoix, Les Witches e Gli Incogniti, os pianistas Andreas Steier, Arcadi Volodos.
Trata-se de festivais a sério, e, tal como o aludido Cistermúsica de Alcobaça, com uma irrepreensível programação, honrando as características que os têm definido ao longo das três décadas de existência de cada um, em que não cabem eventos desgarrados. Depois, os lugares são estupendos, lindos, com belíssimos auditórios, sempre o mar presente, óptima gastronomia. Tenho amigos austríacos e alemães que não perdem esta altura entre nós. Façam como nós, vão também. Vão por mim...
2 comentários:
Meu caro João,
Como sabes, sempre que possível, tenho ido aos três festivais e lá nos temos encontrado com frequência. Concordo totalmente com as tuas chamadas de atenção mas sublinharia o conselho para os interessados de lerem os programas na totalidade.
Aproveito para lembrar que a Ana Rocha, no programa da Antena Dois do sábado passado em conversa com o André Cunha Leal falou sobre o Festival de Sintra, acerca do pouco público que acorreu aos recitais de Fou Tsong e de Burmester. Como houve pouca gente nos do Rosado, Zhu Xiao Mei e Jian Wang, só o Sequeira Costa a que tu, a Ana e eu assistimos no dia 3 teve público a sério. Também referiu o problema do estacionamento em Sintra já que a existência do festival não se compadece com a situação e sugeria que as pessoas andassem a pé. Muito me lembrei eu da tua luta sem resultado a favor da regularização dos parques de estacionamento.
Assim Sintra está condenada a ter um festival cada vez mais despovoado à medida que os outros se vão impondo num terreno que agora lhe escapa em todos os sentidos. É pena. Como tenho lido nalguns comentários aqui no blogue ainda faz muita falta a Marquesa de Cadaval que chamava ignorantes a quem não sabia o que devia fazer.
Pelo mail combinamos as idas a Espinho e à Póvoa. Os bilhetes são baratíssimos e quatro pessoas num automóvel não sai caro. Abraço do
Eduardo
Apenas falo sobre o Festival do Estoril. Como sabe não é só o programa que é muito bom porque os auditórios também são de primeira categoria.
F. Simas
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